quarta-feira, 28 de abril de 2010

" Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo. E examinai, sobretudo, o que parece habitual. Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar". (Bertold Brecht)

terça-feira, 27 de abril de 2010

Leonardo Sakamoto, jornalista e cientista político, postou em seu blog uma coletânea de frases ditas em 2009 consideradas elucidativas dos motivos que fazem o Brasil ser o que é. Vejamos algumas:

“Queremos desmatamento zero… mas a partir de agora.”
Luiz Carlos Heinze, deputado federal (PP-RS), defendendo que se passe uma borracha no passado, através de uma anistia ampla, geral e irrestrita para os crimes ambientais cometidos até agora. Ele considera os alertas sobre o aquecimento global uma paranóia. Provavelmente, tal qual aquela paranóia da qual falava seu partido, a Arena, durante a ditadura: de que o governo matava opositores do regime… E, da mesma forma que os reacionários interpretam a Anistia de 1979, ele quer absolver e ignorar o passado para construir o futuro – como se isso fosse possível.

“Mataram um. Tão matando pouco!”
Carlos Alberto Teixeira, fazendeiro gaúcho, expondo a plenos pulmões todo o seu sentimento de classe e desejo íntimo a manifestantes que protestavam contra o assassinato de um trabalhador rural sem-terra pela força policial do Rio Grande do Sul. A morte ocorreu durante uma truculenta desocupação no município de São Gabriel. Vale lembrar que o governo Yeda Crusius tem sido extremamente violento contra os movimentos sociais, defendendo o direito à propriedade acima do direito à vida. A repercussão negativa fez com que o coronel Lauro Binsfeld, subcomandante-geral da Brigada Militar, fosse afastado por “erro na execução” do planejamento. Deus que me livre e guarde se ele tivesse acertado.

“Podemos até decretar prisão perpétua nesses casos, mas não podemos colocar em risco o direito de propriedade.”
Ronaldo Caiado, deputado federal (DEM-GO), fundador da União Democrática Ruralista (UDR) e líder da bancada ruralista no Congresso Nacional, ao criticar a proposta de emenda à Constituição que possibilitaria confiscar as terras de quem usa trabalho escravo e destiná-las à reforma agrária. No jornal Correio Braziliense de hoje.

“Imagine se todas as famílias que deixaram suas casas resolvessem invadir terrenos. É como justificar que alguem roubou porque tinha fome.”
Mario Hildebrandt, secretário de Assistencia Social de Blumenal (SC), criticando decisão judicial que permitiu a famílias que perderam suas casas com as chuvas em Santa Catarina permanecerem em terrenos da prefeitura até uma solução definitiva.

“Chamar de degradante um estilo de trabalho que é a realidade do Brasil e que nós, produtores, estamos mudando paulatinamente com empreendimentos como o da Saudibras no Tocantins, é um absurdo.”
Obeid Binzagr, proprietário da empresa Saudibras Agropecuária e Empreendimentos e Representações Ltda, que produz pinhão-manso, utilizado para a fabricação de biodisel, ao reclamar da libertação de 280 escravos de sua lavoura no município de Caseara (TO), em declaração no Jornal do Tocantins.

“Essa juventude tem de parar de só ficar pendurada na internet. Tem de assistir mais rádio e televisão.”
Hélio Costa, ministro das Comunicações, publicado na agência Teletime, ao discursar em um congresso de radiodifusão. Ele já “foi” funcionário da Rede Globo. Luciana Gimenez, Gugu e Faustão neles! Uma pergunta: como se “assiste rádio”?

Fonte: http://colunistas.ig.com.br/sakamoto/

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Abaixo uma nota de repúdio contra a prática da homofobia na maior Universidade brasileira - a Universidade de São Paulo - que teve grande repercussão no país, inclusive com uma matéria no Fantástico do último domingo (25/04/10):

A Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), entidade que congrega 237 organizações em todo o Brasil, e que tem como missão a defesa e promoção da cidadania das pessoas LGBT, vem a público REPUDIAR de forma veemente a homofobia pregada pelo jornal dos/das acadêmicos/as da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP), "O Parasita", que ofereceu um convite VIP para uma "festa brega" às pessoas que jogassem fezes em um gay.

A ABGLT pede ao Ministério Público, à administração da USP e às autoridades competentes, que tomem as devidas providências para apurar o caso e identificar os/as responsáveis, os/as quais deverão ser punidos/as exemplarmente.

Tendo em vista que este é o segundo caso noticiado de agressão homofóbica em menos de dois anos ocorrido na USP, entendemos também que cabe à administração da instituição tomar medidas corretivas práticas no sentido de promover a sensibilização do corpo docente e discente, funcionários/ as em relação ao respeito à diversidade humana, inclusive o respeito a lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, conforme deliberado na Conferência Nacional de Educação e na Conferencia Nacional LGBT.

O episódio serve de exemplo para demonstrar que a falta de uma lei federal que criminalize a homofobia gera a violência vivenciada diariamente pela comunidade LGBT. Em vez de terem seus direitos protegidos, as pessoas LGBT são vítimas da impunidade. Basta considerar o que teriam sido as consequências se o objeto da matéria do “Parasita” tivessem sido os negros, por exemplo. Neste caso, as disposições punitivas da lei já estariam sendo cumpridas.

A ABGLT espera que parlamentares federais comprometidos/ as com a paz, com a democracia, com o respeito à diversidade humana e à dignidade das pessoas, façam a sua parte, aprovando o Projeto de Lei da Câmara (PLC) nº 122/2006 que, entre outras formas de discriminação, pune a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero.

Estes são motivos pelos quais a ABGLT está promovendo a 1ª Marcha Nacional contra a Homofobia, que terá sua concentração a partir das 9 horas do dia 19 de maio de 2010, na Esplanada dos Ministérios em Brasília - DF, com a presença de militantes LGBT e aliados/as vindos/as em caravana de todas as 27 unidades de federação.

Pelo respeito à dignidade das pessoas
Pela aprovação do PLC 122/2006
Pela garantia do Estado Laico
Pelo fim do fundamentalismo religioso

Diretoria da ABGLT, 22 de abril de 2010

www.abglt.org. br
Respondendo à pergunta da Aparecida, estudante de Serviço Social da UFPI, trazemos aqui um pouco da história e do presente da nossa entidade, a UES, que representa mais de 10 mil universitários do município de Santarém/PA.

A União dos Estudantes de Ensino Superior de Santarém surgiu no ano de 1998 – em substituição à Federação das Entidades Universitárias (FEU) – como resultado de um processo de organização dos estudantes universitários santarenos em defesa dos seus direitos e interesses. Desde lá, a entidade fez uma trajetória de luta em defesa não somente da classe estudantil, mas da sociedade de modo geral, articulando atividades com vários setores sociais da cidade, como estudantes secundaristas, associações de moradores, sindicatos, movimentos sociais, ambientais, etc.

As bandeiras de luta da UES são várias: defesa dos direitos estudantis, como a meia-entrada em eventos culturais; luta por um transporte público de qualidade em Santarém, contra os aumentos abusivos na tarifa dos ônibus; luta por uma educação pública de qualidade em todos os níveis - o que implica na defesa intransigente do tripé ensino-pesquisa-extensão nas instituições de ensino superior, visando à construção e difusão de um conhecimento crítico e transformador.

Enfim, a UES luta por uma sociedade justa e igualitária, atuando em prol da melhoria da qualidade de vida da população. De modo a concretizar nossos ideais, realizamos diversas atividades e eventos envolvendo o segmento estudantil e a comunidade em geral. Além de ações institucionais – muitas das quais em parceria com o Ministério Público – e das conhecidas e impactantes manifestações de rua, a UES promove atividades culturais, congressos, debates, seminários e outros eventos visando estimular a participação ativa dos estudantes nos movimentos sociais em geral e no movimento estudantil em especial.

Ib Sales Tapajós
Coordenador geral da UES

sexta-feira, 23 de abril de 2010



O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realiza no mês de abril a JORNADA NACIONAL DE LUTA PELA REFORMA AGRÁRIA, que ocorre em memória dos 19 trabalhadores rurais assassinados no Massacre de Eldorado de Carajás, durante operação da Polícia Militar, no município de Eldorado dos Carajás, no Pará, em 1996. O dia 17 de abril, data do massacre que teve repercussão internacional, tornou-se o Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária.

Depois de 14 anos, o país ainda não resolveu os problemas dos pobres do campo, que continuam sendo alvo da violência dos fazendeiros e da impunidade da justiça. Segundo dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), foram assassinados 1.546 trabalhadores rurais entre 1985 e 2009. Em 2009, foram 25 mortos pelo latifúndio. Do total de conflitos, só 85 foram julgadas até hoje, tendo sido condenados 71 executores dos crimes e absolvidos 49 e condenados somente 19 mandantes, dos quais nenhum se encontra preso.

Além da denúncia da violência no campo, a Jornada tem como intuito disseminar no país o debate sobre a reforma agrária e pressionar o Governo a implementá-la. Para o MST, se trata de um projeto que tem necessariamente que resolver dois problemas históricos, que emperram as transformações do Brasil: a estrutura agrária injusta concentradora de terra, de riqueza e poder político), e o modelo de desenvolvimento que sempre produziu monocultura para exportação).

"Vamos trazer presente na nossa Jornada que a Reforma Agrária é um projeto de interesse de toda a sociedade, e não apenas uma disputa entre os pobres sem-terra despossuídos e os abastados latifundiários. Se do ponto de vista do desenvolvimento capitalista a Reforma Agrária foi descartada, para nós, Sem Terra, ela continua indispensável", afirma a coordenação do Movimento.

A Jornada deste ano trás como lema: "LUTAR NÃO É CRIME, em contraposição ao processo de criminalização dos movimentos sociais levado a cabo pela elites econômicas, pelos meios de comunicação e pelo próprio poder público no Brasil.

Informações extraídas do site do MST: www.mst.org.br

segunda-feira, 19 de abril de 2010



No período de 20 a 24 de abril na cidade de Belém/PA, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal do Pará realizará o V Congresso Estudantil da UFPA (CONEUFPA). O tema central do evento é Alternativas da Sociedade Brasileira para a construção de um Projeto frente às Crises.
Durante cinco dias, os estudantes da UFPA e de outras instituições discutirão temas como Educação, Meio Ambiente, Amazônia, Juventude, Interiorização, Direitos Humanos, Conjuntura, Universidade, Cultura, Diversidade Sexual, Movimentos Sociais, dentre outros.
O coordenador geral do DCE/UFPA, Anderson Castro, explica que os objetivos do CONEUFPA são potencializar as lutas dos estudantes em prol da educação pública, gratuita, de qualidade e debater formas de lutar por uma sociedade mais justa.
Romulo Serique, diretor de Universidades Públicas da UES e Coordenador do DCE da UFOPA, participará de uma das mesas do evento, que debaterá a Interiorização do Ensino Superior na Amazônia.

Mais informãções: http://dce-ufpa.blogspot.com/

terça-feira, 13 de abril de 2010



O cineasta James Cameron (diretor de Avatar e Titanic) e várias lideranças indígenas numa manifestação ocorrida segunda (12/04) em Brasília contra a construção da Usina de Belo Monte.
Cameron disse estar convencido de que a hidrelétrica de Belo Monte representará um "desastre ecológico" e acrescentou que uma das maiores riquezas do Brasil é justamente "a sabedoria dos povos indígenas na região amazônica".
O famoso cineasta pretende liderar uma campanha mundial contra a construção da UHE de Belo Monte, de modo que essa bandeira ganhará muito mais repercussão internacional.
"Não sou tão bonito nem tenho boa voz para cantar, mas vou usar minha voz e meus filmes para tentar alertar sobre essa obra destruidora de populações indígenas e ribeirinhas", afirmou Camermon.

Mais informações:
http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL1566787-5598,00-JAMES+CAMERON+PEDE+A+LULA+QUE+SEJA+UM+HEROI+E+CANCELE+BELO+MONTE.html
http://subversivas. blogspot. com/

sábado, 10 de abril de 2010

A amazônia nem possui planaltos para que se queira instalar usinas, vocês que dizem proteger pessoas pensam somente em suas próprias vidas urbanas e esquecem, principalmente, que os ribeirinhos e indígenas também são seres humanos de direitos declarados mundialmente. E se os urbanóides sempre viveram sob o conforto(luxos provisórios) resultante da exploração de muitos povos - sacrificando a própria vida de populações desprezadas e arrancadas a fórceps de seus lares, lares que os pertenceu por gerações, terras que os viram nascer e crescer e os alimentou - então por quê não se colocam no lugar dessas pessoas e deixam de olhar seus próprios umbigos. Aliás o próprio ministro de minas e energia declarou que a usina só produzirá mil MW na maior parte do ano, pois, se não sabem, a região amazônica tem seca também, seus rios baixam em determinada período, os tão propagados 11,2 mil MW NÃO SERÃO PRODUZIDOS. Trata-se de uma destruição floretal desnecessária. E não pense que a energia será assegurada pelo governo, pois a meta deles é de 4,5 mil MW.Essa usina não vai para hospital nenhum e sequer para suas casas metropolitanas, aconselho os cidadãos - que dizem que essa energia (para consumo industrial) é para eles - a comprarem placas de energia solar, pois não prejudica o meio ambiente, não desapropria nenhuma família e sol tem de sobra, ainda mais depois que destruiram parte da camada de ozônio.

OPINIÃO EXPRESSA POR UMA MATOGROSSENSE DE NASCIMENTO, MAS AMAZÔNIDA DE VIVÊNCIA E CORAÇÃO E LUTA, QUE VIU DE PERTO A REALIDADE DO DESMATAMENTO DESENFREADO DO MATOGROSSO EM PROL DE HECTARES DE SOJA PARA EXPORTAÇÃO!

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Universidade:Unir o verso à cidade,
na adversidade, diversidade de opiniões.
Fazer do verso utilidade, versatilidade,
intensidade de emoções.
E se quiser ver a cidade,da veracidade,
unir o verso à razão.
No universo da verdade,a universal idade,
da universalidade: sim e não.
E em meio à tal felicidade,da infeliz cidade,
unir o verso à paixão.
Sentir do verso a saudade,na universidade,
ser o reverso da ilusão…

Jota Ninos, jornalista santareno

Envie seus textos para o blog da UES.
Email: ibtapajos@hotmail.com ou uestudante@gmail.com
Que me perdoem os ávidos telespectadores do Big Brother Brasil (BBB), produzido e organizado pela nossa distinta Rede Globo, mas conseguimos chegar ao fundo do poço. A décima (está indo longe) edição do BBB é uma síntese do que há de pior na TV brasileira. Chega a ser difícil encontrar as palavras adequadas para qualificar tamanho atentado à nossa modesta inteligência.

Dizem que Roma, um dos maiores impérios que o mundo conheceu, teve seu fim marcado pela depravação dos valores morais do seu povo, principalmente pela banalização do sexo. O BBB 10 é a pura e suprema banalização do sexo. Impossível assistir a este programa ao lado dos filhos. Gays, lésbicas, heteros... todos na mesma casa, a casa dos “heróis”, como são chamados por Pedro Bial. Não tenho nada contra gays, acho que cada um faz da vida o que quer, mas sou contra safadeza ao vivo na TV, seja entre homossexuais ou heterosexuais. O BBB 10 é a realidade em busca do IBOPE.
(...)
Pergunto-me, por exemplo, como um jornalista, documentarista e escritor como Pedro Bial que, faça-se justiça, cobriu a Queda do Muro de Berlim, se submete a ser apresentador de um programa desse nível. Eu gostaria de perguntar se ele não pensa que esse programa é a morte da cultura, de valores e princípios, da moral, da ética e da dignidade.

Outro dia, durante o intervalo de uma programação da Globo, um outro repórter acéfalo do BBB disse que, para ganhar o prêmio de um milhão e meio de reais, um Big Brother tem um caminho árduo pela frente, chamando-os de heróis. Caminho árduo? Heróis? São esses nossos exemplos de heróis?

Caminho árduo para mim é aquele percorrido por milhões de brasileiros, profissionais da saúde, professores da rede pública (aliás, todos os professores), carteiros, lixeiros e tantos outros trabalhadores incansáveis que, diariamente, passam horas exercendo suas funções com dedicação, competência e amor e quase sempre são mal remunerados..

Heróis são milhares de brasileiros que sequer tem um prato de comida por dia e um colchão decente para dormir, e conseguem sobreviver a isso todo santo dia. Heróis são crianças e adultos que lutam contra doenças complicadíssimas porque não tiveram chance de ter uma vida mais saudável e digna.
(...)
Veja o que está por de tra$$$$$$$$$$$$$$$$ do BBB: José Neumani da Rádio Jovem Pan, fez um cálculo de que se vinte e nove milhões de pessoas ligarem a cada paredão, com o custo da ligação a trinta centavos, a Rede Globo e a Telefônica arrecadam oito milhões e setecentos mil reais. Eu vou repetir: oito milhões e setecentos mil reais a cada paredão.

Já imaginaram quanto poderia ser feito com essa quantia se fosse dedicada a programas de inclusão social, moradia, alimentação, ensino e saúde de muitos brasileiros?(Poderia ser feito mais de 520 casas populares; ou comprar mais de 5.000 computadores)

Essas palavras não são de revolta ou protesto, mas de vergonha e indignação, por ver tamanha aberração ter milhões de telespectadores.

Em vez de assistir ao BBB, que tal ler um livro, um poema de Mário Quintana ou de Neruda ou qualquer outra coisa..., ir ao cinema..., estudar... , ouvir boa música..., cuidar das flores e jardins... telefonar para um amigo... , visitar os avós... , pescar..., brincar com as crianças... , namorar... ou simplesmente dormir. Assistir ao BBB é ajudar a Globo a ganhar rios de dinheiro e destruir o que ainda resta dos valores sobre os quais foi construído nossa sociedade.

Luiz Fernando Veríssimo (texto extraído de http://bulanabula.blogspot.com/2010/03/cronica-de-luiz-fernando-verissimo.html)

terça-feira, 6 de abril de 2010

Por Ib Sales Tapajós*
Vivemos no Brasil uma crescente expansão de instituições privadas de ensino superior (IPES), processo que se consolidou a partir da década de 90 e que continua caminhando a passos largos. De acordo com o Censo do Ministério da Educação de 2007, houve um aumento de 300% no número dessas instituições entre 1991 e 2006, ao passo que, nesse mesmo período, as universidades públicas cresceram apenas 11%.
Tais números são reflexos do novo papel atribuído ao Estado brasileiro pela política neoliberal dos últimos governos: um Estado mínimo, que outorga à iniciativa privada a responsabilidade pela prestação de serviços essenciais como educação, saúde e previdência social. Daí o Brasil ser hoje o país com maior índice de privatização da educação superior da América Latina e um dos cinco de maior privatização a nível mundial, considerados o número de instituições e o percentual de matrículas – aproximadamente 75% dos estudantes universitários brasileiros estão matriculados em instituições particulares.
É importante salientar que essa acelerada expansão do ensino privado acontece sem a necessária regulamentação pelo poder público. A maioria das IPES não obedece ao tripé universitário do ensino, pesquisa e extensão, sendo apenas instituições de ensino. Não há uma lei que controle efetivamente o aumento no valor das mensalidades, que, via de regra, ocorre todo ano em percentuais bastante elevados.
A União dos Estudantes de Ensino Superior de Santarém (UES) realizou, nos dias 17 e 18 de março de 2010, um Seminário no Centro Universitário Luterano de Santarém (CEULS/ULBRA), que trouxe à tona várias discussões relevantes acerca do ensino superior privado. Dentre elas destacou-se a questão dos direitos estudantis nas IPES.
Nesse sentido, foi colocada à discussão a cobrança de taxas pelo fornecimento de documentos relacionados à situação do estudante na instituição, como declarações de matrícula, históricos acadêmicos e o diploma de conclusão de curso. Além do pagamento das caras mensalidades, o acadêmico se vê obrigado a arcar com quantias consideráveis por documentos que são seus de direito, mas que as IPES só entregam mediante contraprestação monetária. Uma simples declaração de matrícula custa, em média, R$ 10,00. A taxa de diploma – documento comprobatório da conclusão bem sucedida de um curso superior – custa cerca de R$ 50,00. O resultado desse alto custo financeiro do ensino prestado por instituições privadas são as altas taxas de evasão, que atingem no Brasil o patamar de 50%.
Ocorre, porém, que a cobrança de taxas pelo fornecimento de documentos, além de abusiva, contraria a própria Constituição Federal, que dispõe, em seu art. 5º, inciso XXXIV: “São a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a obtenção de certidões em repartições públicas, para a defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal”.
Apesar de a Lei se referir a “repartições públicas”, o entendimento consolidado no meio jurídico é de que a regra se impõe a toda e qualquer instituição prestadora de serviço público. Ora, a educação é direito de todos e dever do Estado. É um serviço público que o Estado permite seja prestado pelo setor privado, através do atendimento de algumas condições, que estão estampadas na Constituição e na legislação pertinente. Desse modo, a vedação do art. 5º, XXXIV, alcança também as IPES.
Por outro lado, há que se ressaltar que o fornecimento de diplomas, históricos e declarações são despesas ordinárias da instituição de ensino, já sendo cobertas pelo valor das mensalidades. Portanto, a cobrança de taxas por esses documentos é inconstitucional. Esse é o entendimento que tem prevalecido nos tribunais brasileiros.
Outra questão polêmica que surgiu no evento realizado pela UES foi a situação dos acadêmicos bolsistas do Programa Universidade para Todos (PROUNI). Foi levantado o caso do próprio CEULS/ULBRA, onde os titulares de bolsas integrais do PROUNI não têm a possibilidade de acesso a bolsas de pesquisa e extensão. Tida como discriminatória por tais estudantes, a medida foi justificada pela Direção com o argumento de que a ULBRA não paga bolsa em dinheiro para nenhum estudante, apenas concede descontos ou isenções na mensalidade de discentes que tenham alguma bolsa de pesquisa ou extensão na instituição.
Tal justificativa não nos parece razoável, tendo em vista que o custo das vagas do PROUNI não é arcado pela instituição de ensino, e sim pelo Governo Federal, através de isenções fiscais. A própria lei que rege o Programa – Lei nº 11.096/2005 - veda esse tipo de restrição em seu art. 4º, ao dispor que “Todos os alunos da instituição, inclusive os beneficiários do PROUNI, estarão igualmente regidos pelas mesmas normas e regulamentos internos da instituição”.
O impedimento de acesso de bolsistas do PROUNI a bolsas de extensão e pesquisa compromete a formação de qualidade desses acadêmicos, que depende fundamentalmente dessas duas atividades. Logo, a restrição não é compatível com o alegado objetivo de democratização da Universidade propagado pelo Governo Federal.
Esses dois exemplos de violação aos direitos estudantis praticados pelas direções de instituições particulares demonstram a necessidade urgente de organização dos acadêmicos. A construção de entidades estudantis representativas, especialmente Centros Acadêmicos, deve ser levada a sério no intuito de garantir o respeito a direitos já previstos nas leis brasileiras, bem como para conquistar novos direitos. Dentre estes, destaca-se a necessidade de uma lei que regule efetivamente o reajuste de mensalidades, coibindo os aumentos abusivos comumente praticados pelas instituições de ensino.
Dessa forma, a organização estudantil é fundamental não apenas para a preservação e conquista de direitos, mas também, e acima de tudo, para garantir uma verdadeira democratização do ensino superior no Brasil. Esse é o nosso grande desafio.
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* Ib Sales Tapajós é coordenador geral da União dos Estudantes de Ensino Superior de Santarém (UES)

quinta-feira, 1 de abril de 2010

A UES iniciou a realização do I Circuito Universitário de Seminários e Debates, com um Seminário no Auditório Central do CEULS/ULBRA que teve como tema "A Universidade e seu papel na sociedade contemporânea", nos dias 17 e 18 de março de 2010 - primeiro módulo do Circuito, que abrangerá eventos em cada instituição de ensino superior de Santarém, nos anos de 2010 e 2011.



O objetivo do I Circuito de Seminários e Debates é reunir a comunidade acadêmica santarena para debater vários temas pertinentes ao ensino superior no Brasil e em Santarém, de modo a elaborar propostas para uma educação universitária de qualidade, que forme sujeitos capazes de contribuir para a resolução dos grandes problemas nacionais.


Rogério Guimarães, do Diretório Central dos Estudantes da UNAMA, falou sobra o movimento estudantil nas universidades particulares brasileiras, enfocando as grandes bandeiras de luta dos estudantes dessas instituições, como o congelamento do preço das mensalidades e o fim da cobrança de taxas abusivas.


No debate sobre A Gestão Democrática da Universidade, participaram Iarani Galúcio (assistente social), Ildo Schlender (Diretor do CEULS/ULBRA), Rogério (DCE/UNAMA) e Antônio Neto (mestrando na Universidade Bolivariana da Venezuela). Nessa mesa, foi discutida a necessidade de participação da comunidade acadêmica na definição dos rumos do ensino superior, bem como os mecanismos que garantem essa participação.
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