Por Felipe Bandeira*
Na história, como já afirmara Hegel, existem personagens que aparecem duas vezes. Aferição posteriormente enriquecida por Marx, acrescentando que na primeira vez aparecem como tragédia e na segunda como farsa. Consideramos Getúlio Vargas, ditador do “Estado Novo”, e o Getúlio carismático e prestativo de 1954 - homem disposto a morrer pela Pátria. O Lula líder sindical nos anos 80 e o Lula presidente “conciliador de classes”, agradando aos banqueiros e ludibriando os trabalhadores em 2002. Em circunstâncias similares se seguiu também a figura de Jader Barbalho.
Jader ficou (e é) conhecido em sua carreira política por várias denúncias de corrupção e de ter enriquecido à custa de dinheiro público. Foi vereador, senador, deputado, governador e ministro. É dono de boa parcela dos mais influentes meios de comunicação do estado do Pará, incluindo emissoras de TV e jornais impressos.
A tradição corrupta de nossa política propiciou a Jader terreno fértil para fincar suas raízes, e fazer do Pará um imenso curral eleitoral. Clarificando os fatos, de certo modo não agiu sozinho em sua empreitada, a memória corrupta de gerações também pesou na perpetuação de um infeliz paradigma político apodrecido pela falta de Ética.
Disfarçando-se de cordeiro, Jader vem a cena como protagonista da mais nova trama política do país. Impedido de assumir o cargo de senador da república pela lei do Ficha Limpa, o pobre homem recorreu aos quatro cantos do Brasil por seu “lugar de direito”, o qual - sem falsa modéstia e com uma pitada de arrogância - já esperava ser seu. Por conta do descrédito da decisão do STF, passando por cima da lei Ficha Limpa, hoje muitos paraenses sentem o gosto amargo da farsa da justiça, que com suas próprias mãos estrangula ainda mais o povo cabano.
Em contrapartida a decisão foi recebida com festa pelos seus admiradores, ao som da corja ladrões que há anos se mantém no poder. Os fantasminhas da ALEPA, com Juvenil e CIA estavam presentes para prestigiar tal acontecimento. O ministro Cezar Peluzo também foi importante para o festivo dia do incauto Barbalho. Em dúvida sobre que posicionamento tomar em relação à questão, algumas semanas atrás, o ministro teve a cabeça aberta - como se fora feito a golpes de machado - após uma reunião com a cúpula do PMDB, o que garantiu através do dispositivo do “voto de minerva” que Jader assumisse a cadeira no senado, ocupada até então por Marinor Brito do PSOL.
Jader Barbalho deverá assumir o senado até o dia 21, data em que se realiza a última sessão do órgão. O ano acaba péssimo para todos nós.
________________
* Felipe Bandeira é diretor do DCE-UFOPA e militante do Juntos! Juventude em luta.