quinta-feira, 17 de dezembro de 2015



O Ministério Público Federal (MPF), na manhã de hoje (17), garantiu parecer favorável ao pagamento retroativo da Bolsa Permanência a 326 estudantes da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), contemplados no edital nº 003/2015. De acordo com a decisão, os estudantes deverão receber o pagamento referente a dez meses, e não somente ao mês de dezembro como pretendia a reitoria.

De acordo com direção superior, o pagamento não poderia ser efetuado pela inexistência de fato gerador jurídico que justificasse a “manobra” contábil, fato contestado pelo procurador. Caso o pagamento não tivesse sido efetivado, mais de 1 milhão de reais da verba de assistência estudantil teriam voltado para o Tesouro Nacional e seriam direcionados para pagamento de juros e amortizações da dívida pública, o dito superávit primário. 

Esta grande vitória dos estudantes, reafirma a luta por um perfil democrático de universidade, priorizando políticas que garantam não somente à entrada, mas também a permanência dos estudantes na universidade. O recurso do Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) foi uma, entre as poucas rubricas, que não sofreu cortes pelo governo Dilma, graças a mobilização nacional dos estudantes, buscando emparedar o governo para derrotar o ajuste fiscal em curso.


Apenas uma batalha foi ganha


Precisamos lutar por um modelo de assistência estudantil que se estenda para além das bolsas, com políticas transversais, como o Restaurante Universitário (RU), Casa do Estudante e Creche universitária. 

Infelizmente, a UFOPA segue a passos lentos na execução de tais políticas. Não há como avançar no aspecto qualitativo da universidade se não criarmos condições de manutenção da permanência de estudantes em vulnerabilidade social. 

Por outro lado, precisamos questionar a forma como é gerenciado o recurso da universidade, que em grande medida não prioriza os estudantes. A instituição tem mantido inúmeros imóveis alugados, como o prédio da Casa do Leite (Ideal Indústria e Comércio de refrigerantes e bebidas LTDA), R$ 1.656.000,00/ano, e o Hotel Boulevard R$ 5.371.254,40/ano.

Que venham outras lutas. Parodiando os aguerridos estudantes secundaristas de São Paulo, Pode vim quente que nós tá fervendo!


#RetroativoSim!

#AssistênciaEstudantilNãoÉEsmola!

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015



São Paulo – Além de erradicar a pobreza, mitigar a fome e melhorar serviços de educação e saúde, os estudos do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da ONU procuram também o empoderamento feminino e a igualdade de gênero como forma de desenvolvimento social.
Por Raphael Martins, do Exame
Na edição publicada ontem (14) de “O Trabalho como Motor do Desenvolvimento Humano”, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) traz também o Índice para o Desenvolvimento de Gênero, que elenca indicadores de IDH separados entre homens e mulheres, buscando as lacunas que ainda os distanciam, em especial em educação e renda.
Ao contrário do IDH, o Índice para o Desenvolvimento de Gênero deve ser próximo de zero para ser considerado satisfatório. Entram números de caráter reprodutivo (natalidade na juventude, mortalidade de mães, etc), saúde, capacitação educacional e presença no mercado de trabalho.
Lidera a lista a Eslovênia, com 0,016 de índice, seguido por Suíça, Alemanha,Dinamarca e Áustria.
O Brasil vai mal e é apenas o 97º lugar, com 0,457, dos 155 países com indicadores para pontuar no ranking. Nas últimas colocações estão Chade (0,706), Níger (0,713) e Iémen (0,744).
Veja abaixo a situação do Brasil em comparação com alguns países que compõe o ranking em diferentes categorias.
PNUD: DESIGUALDADE DE GÊNERO, SEGUNDO A ONU
O “IDH DE GÊNERO”
 O Índice para o Desenvolvimento de Gênero deve ser próximo de zero para ser considerado satisfatório. Entram números de saúde, capacitação educacional e presença no mercado de trabalho.
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MATERNIDADE ADOLESCENTE

Índice leva em conta o número de nascimentos por mulher de 15 a 19 anos. Brasil está em 114º lugar de 156 possíveis e tem 70 nascimentos a cada 1.000 mulheres.
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MULHERES NO PARLAMENTO
Esta é a representatividade feminina em alguns países ranqueados pela ONU. O Brasil é apenas o 134º lugar em maior participação feminina no Poder Legislativo. O primeiro lugar fica com Ruanda onde 57,5% das cadeiras são ocupadas por mulheres. Dos países mensurados, Catar e o Reino de Tonga não tem representante feminina.

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AS MAIS ESTUDIOSAS
Considerando como formação escolar, ao menos, Ensino Médio, Finlândia, Áustria, Luxemburgo, Canadá e Estônia destacam-se com 100% de atendimento para mulheres com 25 anos ou mais. O Brasil é apenas o 85º lugar no ranking de 155 países, com 54,6% de mulheres neste grupo. Burkina Faso é o lanterna, com impressionantes 0,9% de mulheres que concluíram Ensino Médio.
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O MELHOR DO BRASIL
Não enche os olhos, mas o melhor índice brasileiro é o de percentagem de mulheres no mercado de trabalho. No Brasil, 59,4% das mulheres com 15 anos ou mais está presente na força de trabalho do país. Trata-se do 45º lugar no ranking de 155. Os três melhores são Tanzânia, Ruanda e Moçambique, todos com mais 85% das mulheres em atividade.
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Fonte:http://www.geledes.org.br/brasil-esta-entre-os-60-piores-paises-do-mundo-para-mulheres/#ixzz3uU7ZIbfl 

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

NEM GOLPISMO, NEM AUSTERICÍDIO: A SAÍDA É PELA ESQUERDA!



Por Felipe Bandeira*


Maquiavel nos diz que nunca se deve prosseguir uma crise para escapar de uma guerra. Mesmo porque, completa o autor, dela não se foge, apenas se adia em desvantagem própria. 

O bloco político do governo está fragmentado, padecendo de uma disputa encarniçada entre os grupos que compunham o dito pacto de governabilidade. Esta massa falida, ao deflagrar o “salve-se quem puder” e aprofundar o quadro econômico recessivo, retira direitos e piora de sobremaneira as condições de vida da classe trabalhadora.

As saídas factíveis no curto prazo são difíceis. Por sua vez, o governo segue implementando uma política que representa um verdadeiro “austericídio”, resultando em maior concentração da renda, aumento do desemprego e da pobreza.

A despeito das tensões políticas do último período, pode-se mesmo afirmar que 2015 é em certa medida síntese de um conteúdo político que não somente se distingue, mas que desembaraça as “divergências” construídas pelo reformismo fraco do governismo e a direita clássica. 

O conteúdo econômico da crise

O capital só existe enquanto ciclo. A sua produção e reprodução só é possível quando os mesmos caminhos são percorridos sucessivas vezes. Neste sentido, a crise de 2007/2008 representou um ponto de ruptura. Para corrigir este ponto de coagulação, a fração financeira do capital tem forçado um ajustamento violento no mundo inteiro, a exemplo da Grécia, Portugal, Espanha, e na América Latina, Argentina, Venezuela e o Brasil.

Em particular na América Latina, associado ao ajuste internacional do capital, observa-se um esgotamento de projetos “nacionais”, como o Chavismo na Venezuela, o kirchnerismo na Argentina e o Lulismo no Brasil. Embora seja muito arriscado analisar de forma simplificada esses governos, regionalmente há um traço de esgotamento de governos reformistas, sobretudo no caso brasileiro e argentino, associado a uma reversão rápida de avanços conquistados nos últimos anos. 

O Brasil é um caso emblemático. A maior distribuição da renda, conjugada com a convergência da economia para o rentismo, constituiu a base do pacto social, que em linhas gerais, manteve inalterada os privilégios de castas políticas formadas logo após a abertura democrática. Em termos econômicos, o PT continuou e aprofundou as medidas iniciadas por governos neoliberais como de Itamar Franco e FHC.

O ponto fora da curva foi justamente o avanço qualitativo do perfil do trabalho no Brasil. O aumento dos postos de trabalho formais na primeira década de 2000 representou uma alteração importante no padrão de mão de obra. Segundo Pochmann, dos 21 milhões de postos de trabalhos criados no período, a grande maioria (94,8%) foram com rendimentos de até 1,5 salário mínimo. 

Esta maior formalização dos postos de trabalho, associado ao ciclo das commodities, sustentaram o ciclo de expansão do mercado interno no último período, consolidando o PT como uma potência eleitoral, principalmente nos setores que constituíam a base da pirâmide social. 

Este quadro, entretanto, começou a ruir por uma combinação de fatores internos e externos que pressionaram os rumos da política econômica, provocando conflitos distributivos cada vez maiores, degradando as contas nacionais em detrimento da um sistema de especulação de capitais. 

Divergências da esquerda

Muitas tradições dentro da esquerda convergem no sentido de anular o papel das massas e salientar as figuras centrais, tornando os processos sociais um fato mítico e heroico, ao mesmo tempo, que individualizado e romântico. 

O culto aos heróis atenua em certo sentido o conteúdo de classe. Precisamos compreender, como ressalta Florestan Fernandes, os processos políticos como fenômeno sociológico de classe. 

A dimensão da luta de classes está associada ao caráter objetivo do desenvolvimento do capitalismo. O quanto se avança e o quanto se retrocede não pode ser resultado única e exclusivamente de ações individuais.

Posto neste sentido, o processo histórico recente deixou claro que o raio de transformação dos governos petista é muito pequeno, esgotando-se pouco mais de uma década depois da subida de Lula na rampa do Palácio do Planalto. Observamos o PT se afastar das tarefas históricas impostas por sua base social. Por outro lado, setores mais conservadores do país assumiram postos estratégicos dentro do governo.

Mesmo as situações reacionárias, como o pretenso golpe do impeachment não se produz por encomenda, como setores governistas propagandeiam. Esse processo implícito ou explícito se relaciona em cadeia. A incapacidade dos governos petista em atinar e avançar com reformas estruturais, como a agrária e a urbana, garantiu conteúdo político aos golpistas.

Não há saídas factíveis com nenhum dos blocos constituídos. A firmeza da ação revolucionária, mesmo dentro da ordem, depende de formas de solidariedade de classe, de capacidade de mobilização e organização para levar até o fim as transformações necessárias. Precisamos nos aproximar do conteúdo político que deu forma as mobilizações de junho no Brasil em 2013.

O Impeachment é a saída?

Sabemos que muitos setores do governo e oposição se servem de todas as formas da legalidade, facilmente mobilizando grandes aparatos jurídicos em benefício próprio. Esses setores têm patrocinado à mão armada seus interesses vitais. Enquanto campos da esquerda optaram por opções táticas defensivas - muitas vezes blindando o governo - os setores burgueses avançaram em nível financeiro, estatal e militar, aperfeiçoando seu grande aparato de repressão.

De concessão em concessão, a colaboração entre classes do PT foi deixando passar retiradas de direitos, enfraquecendo a capacidade de mobilização de sindicatos e movimentos sociais.

Entretanto, junho de 2013 representou uma ruptura desta tendência. Um conjunto de forças sociais se colocaram a favor de um novo bloco político. Embora as massas mobilizadas apresentassem múltiplas pautas e linhas, existia um elemento que os unificava, a indignação generalizada contra o modelo político.

Para seguir o legado de junho, precisamos nos descolar das pautas orquestradas pela direita clássica. Obviamente o impeachment é uma destas e não atenderá as exigências dos avanços sociais, mas sim, aprofundará o quadro caótico de retirada de direitos. Michel Temer, Eduardo Cunha, Renan Calheiros, todos na linha sucessória de Dilma, caso ocorra o impeachment, estão sendo investigados por corrupção ativa e lavagem de dinheiro, além de representarem o setor mais conservador da política brasileira.

Não há como aceitar o golpismo da direita, muito menos o austericídio de Dilma. A saída vai além dos limites da massa falida que disputam o poder. O conteúdo e a forma desta alternativa é o que estamos a disputar nas ruas.

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* É coordenador Geral da UES, estudante de Ciências Econômicas UFOPA e militante do movimento de juventude Junto! 
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