Por Eduardo Maia*
Vendo tantas coisas acontecendo a nível internacional, principalmente as grandes passeatas que ocorrem na Europa, me vejo sobre tal pergunta: “será que agora nós acordaremos?”, porque vejo que na sociedade muitas pessoas reclamam muito daquilo que acontece, de governos injustos que impõem medidas injustas a um povo que não merece isso, impostos muito altos, reforma da previdência...
Desde a crise de 2008 o mundo vive em alerta, crises que nunca param, quando se soluciona mal uma, começa outra em outro lugar. E, vendo que a economia é globalizada, não se pode cair na ingenuidade de acreditar que uma crise em um país distante não nos afeta; por isso que, quando acontece uma crise, o capital internacional se empenha em resolvê-la, visto que todos são afetados, tamanha é a relação global que se instaura na atual economia.
Hoje a Europa vem passando por uma grave crise, que é um reflexo daquela crise nos EUA e das medidas tomadas pelo governo americano para solucioná-la. Com essa crise, os governos da Europa se vêem forçados a reduzir os custos do Estado, assim sendo, são obrigados a fazer reforma da previdência, aumentar impostos, diminuir as concessões a instituições de ensino, medidas essas que, se repararmos, apenas atingem a grande massa que sustenta o país.
O Brasil tem um histórico de muitas lutas por melhorias sociais, como a luta da “diretas já!”, a coluna Prestes, a cabanagem, onde as pessoas se revoltavam contra o governo e suas medidas opressoras. Entretanto, vemos hoje um povo que já está habituado com aquilo que é posto pelo governo, vemos muitas pessoas que reclamam das coisas, falam muito de corrupção, falam que os políticos não as respeitam, mas que na hora de agir, não fazem nada, nem sequer na hora de dar o seu voto - um grande instrumento de mudança que temos em nossas mãos - não pensam de forma profunda, não refletem sobre as propostas dos candiatos, não param para investigar suas carreiras sociais. Um povo que sabe reclamar mas que vive uma vida sonolenta, do ponto de vista social.
Mas podemos ver que na Europa, o povo tem um histórico muito diferente, as pessoas realmente lutam por aquilo que acreditam, elas sabem que um governo deve velar pelo bem da humanidade, e sempre lutaram por aquilo que acreditavam. Várias revoltas podem ser vistas como fruto dessa forma de pensar, e uma delas está ocorrendo hoje.
É importante ressaltar que nós devemos lutar e agir conforme o que achamos sim, nós não devemos nos resguardar no medo daquilo que os outros acharão de nós, como podemos ver nas atitudes de algumas pessoas.
Outro ponto crucial que devemos reparar é que as pessoas têm de enxergar para além do que a realidade muitas vezes parece ser, devemos reparar que as falas são muito influenciadas pelos pensamentos subjetivos de cada um, daquilo que a pessoa quer, portanto, devemos sempre buscar novas formas de enxergar aquilo que nos é mostrado, nunca confiando em um relato, ou uma só notícia, como muitos fazem, acreditando ingenuamente que as notícias apresentadas pelos grandes meios de comunicação são desprovidas de uma carga subjetiva, não reparando nas relações existentes na sociedade, e tudo aquilo que advêm dessas relações.
Prosseguindo, podemos enxergar que na sociedade onde vivemos, muitas pessoas sofrem com baixos salários, e poucas são consagradas com altos lucros, as grandes empresas são as que detêm os lucros exorbitantes. As pessoas que são as grandes responsáveis por todo um sucesso de trabalho, que são as pessoas que constroem os projetos, de fato, não aqueles que “pensam”, os trabalhadores são mal remunerados, ou pelo menos não ganham aquilo que é justo, de fato.
Isso ocorre porque é inerente ao sistema, pois em um sistema onde se busca o lucro, como o que vivemos hoje, existe uma coisa chamada mais-valia, que é o processo de apropriação de parte do salário que seria dado ao trabalho, por parte do empregador, e é a partir dessa apropriação que podemos colocar o grande lucro de tão poucas pessoas, e também podemos fazer a ligação de um sistema injusto onde seus governos não podem atender a uma grande massa, como é proposto em muitas revoltas, pois em um sistema que visa o lucro sempre será valorizada a figura daquele que lucra, nunca daquele que trabalha arduamente para conseguir aquele injusto salário, e porque está na base central do sistema que poucas pessoas sempre serão beneficiadas, o governo repete aquilo que é colocado pelo sistema ao qual ele está inserido, o benefício a poucos, em detrimento de muitos.
Ao contrário do que se mostra na realidade do povo brasileiro, temos o povo europeu, que por muitos é visto como exemplo, tanto no que diz respeito a suas potências, suas economias, seu IDH (índice de desenvolvimento humano), e exemplos disso não são poucos. Mais próximo de nós, podemos ver que a cidade de Belém e Manaus, em um período histórico, sofreram grande influência francesa na arquitetura, a moda, a forma de falar, período esse que ficou conhecido como a “Belle Epóque”, e podemos ver isso se concretizar em grandes marcos, como o Teatro da Paz em Belém, e o Teatro Amazonas em Manaus.
Será que dessa vez os europeus também serão tomados como exemplo? Espero sinceramente que sim, pois é a partir dessas lutas contra os governos que nós mesmos estaremos presentes em suas decisões, é só mostrando a eles que estamos de olho, de fato, que nós conseguiremos que eles trabalhem em prol do bem comum.
Vendo toda essa situação, por que será que os grandes meios de comunicação não falam nada sobre isso? Porque não interessa a eles mostrar algo que os ameace, eles apóiam os governos. Mas será que não é justo colocar uma bela luta que está sendo travada na Europa? Uma possível vitória do povo está acontecendo na Europa. Assim sendo, olhemos para o continente que durante séculos nos espelhamos, e tomemos como lição, mas dessa vez em pontos certos, não simplórios, como sempre foi feito. Olhemos para a França não mais como um centro da moda, olhemos para a Inglaterra não mais como centro da etiqueta e dos bons modos, olhemos para lá como um centro de lutas sociais! Onde o povo sabe que o governo está ali para servi-los, e que portanto não devem abaixar a cabeça para aqueles que aparentemente estão no poder, afinal de contas, eles devem prestar contas para nós de seus serviços, eles trabalham para garantir o nosso bem, e se isso não ocorre, é sinal de que talvez alguma coisa esteja errada.
Então olhemos mais para o que ocorre ao nosso redor, desconfiemos mais daquilo que nos for repassado, façamos nossas próprias falas, não repitamos aquilo que nos foi passado, acreditando cegamente em verdades mentirosas, e lutemos por aquilo que pensamos e acreditamos que seja o melhor mesmo, assim estaremos fazendo um futuro melhor para nós mesmos, assim como para toda uma geração que nos sucederá.
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Eduardo Maia é acadêmico de Direito da UFOPA.
Vendo tantas coisas acontecendo a nível internacional, principalmente as grandes passeatas que ocorrem na Europa, me vejo sobre tal pergunta: “será que agora nós acordaremos?”, porque vejo que na sociedade muitas pessoas reclamam muito daquilo que acontece, de governos injustos que impõem medidas injustas a um povo que não merece isso, impostos muito altos, reforma da previdência...
Desde a crise de 2008 o mundo vive em alerta, crises que nunca param, quando se soluciona mal uma, começa outra em outro lugar. E, vendo que a economia é globalizada, não se pode cair na ingenuidade de acreditar que uma crise em um país distante não nos afeta; por isso que, quando acontece uma crise, o capital internacional se empenha em resolvê-la, visto que todos são afetados, tamanha é a relação global que se instaura na atual economia.
Hoje a Europa vem passando por uma grave crise, que é um reflexo daquela crise nos EUA e das medidas tomadas pelo governo americano para solucioná-la. Com essa crise, os governos da Europa se vêem forçados a reduzir os custos do Estado, assim sendo, são obrigados a fazer reforma da previdência, aumentar impostos, diminuir as concessões a instituições de ensino, medidas essas que, se repararmos, apenas atingem a grande massa que sustenta o país.
O Brasil tem um histórico de muitas lutas por melhorias sociais, como a luta da “diretas já!”, a coluna Prestes, a cabanagem, onde as pessoas se revoltavam contra o governo e suas medidas opressoras. Entretanto, vemos hoje um povo que já está habituado com aquilo que é posto pelo governo, vemos muitas pessoas que reclamam das coisas, falam muito de corrupção, falam que os políticos não as respeitam, mas que na hora de agir, não fazem nada, nem sequer na hora de dar o seu voto - um grande instrumento de mudança que temos em nossas mãos - não pensam de forma profunda, não refletem sobre as propostas dos candiatos, não param para investigar suas carreiras sociais. Um povo que sabe reclamar mas que vive uma vida sonolenta, do ponto de vista social.
Mas podemos ver que na Europa, o povo tem um histórico muito diferente, as pessoas realmente lutam por aquilo que acreditam, elas sabem que um governo deve velar pelo bem da humanidade, e sempre lutaram por aquilo que acreditavam. Várias revoltas podem ser vistas como fruto dessa forma de pensar, e uma delas está ocorrendo hoje.
É importante ressaltar que nós devemos lutar e agir conforme o que achamos sim, nós não devemos nos resguardar no medo daquilo que os outros acharão de nós, como podemos ver nas atitudes de algumas pessoas.
Outro ponto crucial que devemos reparar é que as pessoas têm de enxergar para além do que a realidade muitas vezes parece ser, devemos reparar que as falas são muito influenciadas pelos pensamentos subjetivos de cada um, daquilo que a pessoa quer, portanto, devemos sempre buscar novas formas de enxergar aquilo que nos é mostrado, nunca confiando em um relato, ou uma só notícia, como muitos fazem, acreditando ingenuamente que as notícias apresentadas pelos grandes meios de comunicação são desprovidas de uma carga subjetiva, não reparando nas relações existentes na sociedade, e tudo aquilo que advêm dessas relações.
Prosseguindo, podemos enxergar que na sociedade onde vivemos, muitas pessoas sofrem com baixos salários, e poucas são consagradas com altos lucros, as grandes empresas são as que detêm os lucros exorbitantes. As pessoas que são as grandes responsáveis por todo um sucesso de trabalho, que são as pessoas que constroem os projetos, de fato, não aqueles que “pensam”, os trabalhadores são mal remunerados, ou pelo menos não ganham aquilo que é justo, de fato.
Isso ocorre porque é inerente ao sistema, pois em um sistema onde se busca o lucro, como o que vivemos hoje, existe uma coisa chamada mais-valia, que é o processo de apropriação de parte do salário que seria dado ao trabalho, por parte do empregador, e é a partir dessa apropriação que podemos colocar o grande lucro de tão poucas pessoas, e também podemos fazer a ligação de um sistema injusto onde seus governos não podem atender a uma grande massa, como é proposto em muitas revoltas, pois em um sistema que visa o lucro sempre será valorizada a figura daquele que lucra, nunca daquele que trabalha arduamente para conseguir aquele injusto salário, e porque está na base central do sistema que poucas pessoas sempre serão beneficiadas, o governo repete aquilo que é colocado pelo sistema ao qual ele está inserido, o benefício a poucos, em detrimento de muitos.
Ao contrário do que se mostra na realidade do povo brasileiro, temos o povo europeu, que por muitos é visto como exemplo, tanto no que diz respeito a suas potências, suas economias, seu IDH (índice de desenvolvimento humano), e exemplos disso não são poucos. Mais próximo de nós, podemos ver que a cidade de Belém e Manaus, em um período histórico, sofreram grande influência francesa na arquitetura, a moda, a forma de falar, período esse que ficou conhecido como a “Belle Epóque”, e podemos ver isso se concretizar em grandes marcos, como o Teatro da Paz em Belém, e o Teatro Amazonas em Manaus.
Será que dessa vez os europeus também serão tomados como exemplo? Espero sinceramente que sim, pois é a partir dessas lutas contra os governos que nós mesmos estaremos presentes em suas decisões, é só mostrando a eles que estamos de olho, de fato, que nós conseguiremos que eles trabalhem em prol do bem comum.
Vendo toda essa situação, por que será que os grandes meios de comunicação não falam nada sobre isso? Porque não interessa a eles mostrar algo que os ameace, eles apóiam os governos. Mas será que não é justo colocar uma bela luta que está sendo travada na Europa? Uma possível vitória do povo está acontecendo na Europa. Assim sendo, olhemos para o continente que durante séculos nos espelhamos, e tomemos como lição, mas dessa vez em pontos certos, não simplórios, como sempre foi feito. Olhemos para a França não mais como um centro da moda, olhemos para a Inglaterra não mais como centro da etiqueta e dos bons modos, olhemos para lá como um centro de lutas sociais! Onde o povo sabe que o governo está ali para servi-los, e que portanto não devem abaixar a cabeça para aqueles que aparentemente estão no poder, afinal de contas, eles devem prestar contas para nós de seus serviços, eles trabalham para garantir o nosso bem, e se isso não ocorre, é sinal de que talvez alguma coisa esteja errada.
Então olhemos mais para o que ocorre ao nosso redor, desconfiemos mais daquilo que nos for repassado, façamos nossas próprias falas, não repitamos aquilo que nos foi passado, acreditando cegamente em verdades mentirosas, e lutemos por aquilo que pensamos e acreditamos que seja o melhor mesmo, assim estaremos fazendo um futuro melhor para nós mesmos, assim como para toda uma geração que nos sucederá.
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Eduardo Maia é acadêmico de Direito da UFOPA.
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