A Veja, agora com sua mais nova publicação, mostra a juventude que defende os ideais liberais. Reunindo Jovens de da elite carioca, a matéria tenta fazer um contraponto entre os Black blocs e o Partido Novo. O PN é uma organização que, segundo a Veja, emergiu da sinergia da insatisfação da população Brasileira com a velha política.
Brancos, usando roupas de grifes, estudando nos melhores e mais caros colégios e universidades do Rio de Janeiro, os adeptos do Partido Novo defendem a intervenção mínima do Estado na Economia, vangloriam as privatizações - como no caso da Telefonia - rejeitam o radicalismo, e, em alusão aos black blocs, repudiam qualquer forma de violência, como se o Estado não fosse o verdadeiro braço armado contra a sociedade.
De acordo com a publicação, o próximo passo é obter 170 000 assinaturas para referendar a criação do partido. Essas seriam somadas aos mais de 210 000 cadastros já em análise pelos cartórios.
A matéria coloca uma venda no escamoteamento liberal e na própria crise do capitalismo. Resumindo, Estado mínimo para os pobres e maximização dos lucros para os ricos. O capitalismo já mostrou que sem Estado não existe acumulação para os liberais. O Partido Novo é o mais novo engodo da história desse país.
Confira a matéria
O oposto do black bloc
Ainda em gestação, mas com ambições ousadas, o Partido Novo reúne jovens com pensamento liberal
por Felipe Carneiro | 27 de Novembro de 2013
Igor Blumberg, 25 anos, Ana Luiza Amoêdo, 23, e Andrew Hancock, 28: militância ativa
Há alguns meses, o Leblon foi palco de uma sequência de ruidosos
quebra-quebras praticados pelos black blocs, que resultaram em lojas
saqueadas e agências bancárias devastadas. Próximo ao apartamento do
governador Sérgio Cabral, um acampamento foi montado na Rua Aristides
Espínola, onde manifestantes vestidos de preto ocuparam a via pública a
pretexto de exigir a renúncia do político. Coincidentemente, nesse mesmo
pedaço da cidade, delimitado pelo Jardim de Alah e pela Rua Visconde de
Albuquerque, um crescente grupo de jovens se junta em busca de uma
alternativa mais construtiva e civilizada para mudar o rumo da
política nacional pelas vias legais. É em um escritório no Leblon que se
reúnem os integrantes do Partido Novo, um projeto que tem como cláusula
pétrea o empenho de instaurar o ideário liberal nas esferas do
Executivo e do Legislativo. "Não aguentava mais ouvir todo mundo
reclamando, sem fazer nada", diz o engenheiro de computação Igor
Blumberg, 25 anos. "Como todos os partidos daqui são de esquerda ou de
aluguel, o jeito foi criar uma organização a partir do zero."
Em tese, um partido formado em torno de uma sólida doutrina, que rechace
o fisiologismo ou o oportunismo das siglas de aluguel, é,
independentemente da inclinação ideológica, uma iniciativa salutar. Essa
não é, no entanto, a única particularidade que chama atenção na nova
agremiação, gerada num país onde os políticos não gostam de ter seu nome
associado ao liberalismo e no qual iniciativas bem-sucedidas nesse
sentido, como a privatização das telefônicas, costumam ser demonizadas
no debate público. Outro fator de destaque é o engajamento dos jovens
pela causa. Apesar de seu principal mentor ser o engenheiro João
Dionísio Amoêdo, um executivo de 50 anos que atualmente é conselheiro de
um banco e de uma empreiteira, o Partido Novo vem atraindo em larga
escala simpatizantes na faixa entre 25 e 35 anos, uma turma que não se
sente representada por nenhuma das 39 organizações do quadro brasileiro.
"Fico muito entusiasmado quando vejo rostos tão novos nas reuniões.
Nosso projeto é de longo prazo, e são eles que vão levar nossas ideias
ao poder", diz Amoêdo.
Nesse longo caminho com o objetivo de
ocupar cadeiras em assembleias ou funções-chave no Executivo, a ala mais
noviça tem exercido papel fundamental dentro da agremiação. Cabe a ela
divulgar a filosofia liberal nas redes sociais, que vêm se mostrando uma
poderosa fonte de cooptação de simpatizantes. Eles estão sempre em
maioria também nas reuniões semanais realizadas no diretório carioca,
provisoriamente instalado em uma sala na Avenida Afrânio de Melo Franco.
Outro papel destinado aos jovens integrantes do partido é a organização
das palestras mensais, ministradas por economistas adeptos da causa,
mas não necessariamente membros do partido, caso de Elena Landau, ligada
ao PSDB, e Rodrigo Constantino, presidente do Instituto Liberal. Em
determinadas ocasiões, a turma, que está em fase inicial de carreira,
cotiza-se para bancar as despesas com o aluguel do espaço e o transporte
dos convidados. "Já me interessava pela filosofia do liberalismo quando
soube do Partido Novo. Logo procurei me envolver", diz o financista
Andrew Hancock, 28 anos, sempre presente nos encontros.
Como o debate político de alto nível virou uma atividade escassa no
país, a confusão no plano dos conceitos é frequente. Críticos
inflexíveis do Estado intervencionista, os integrantes do Partido Novo
muitas vezes são comparados aos anarquistas. Nada mais equivocado, pois
há um evidente antagonismo com os black blocs, seja no campo das ideias,
seja no modo de agir (veja o quadro). Enquanto o batalhão mascarado
prega a extinção da propriedade privada e se diz anticapitalista xiita,
eles, ao contrário, acreditam que só a total liberdade para acumular
riqueza leva ao desenvolvimento da sociedade. "Defendemos a liberdade,
mas com responsabilidade individual", enfatiza Bernardo Santoro, diretor
do Instituto Liberal. "É o oposto dos preceitos anarquistas ou de
práticas ditatoriais, outra pecha que tentam colar no liberalismo."
O próximo passo é obter 170 000 assinaturas para referendar a criação
do partido. Elas se somariam às 210 000 fichas de cadastro que estão
sendo avaliadas em cartório. Não vai dar tempo para participar da
corrida presidencial do ano que vem. No entanto, seus filiados creem que
a eleição de 2016 contará com representantes do partido. "Tento
contribuir com ideias nas reuniões e já penso em me candidatar a um
cargo daqui a três anos", diz o servidor público Manolo Salazar, 25
anos. Que realmente tenham força para oxigenar a política nacional,
desgastada por práticas nocivas e tristes figuras recidivas. Sem
corrupção e, por favor, sem violência.
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