Por Ana Júlia e Bruna Vaz*
O
assédio sexual é uma das grandes aflições que atingem mulheres de todas as
idades, classes e etnias. Tirando nossa liberdade! Seja de ocupar determinados
espaços públicos ou de andar sozinha em determinados horários ou de escolher o
que vestir. Nalia Raza de 17 anos, foi vítima de violência com ácido em
Islamabad, Paquistão em 10 de junho de 2007, ela foi queimada por ter rejeitado
abusos sexuais de seu professor da escola.
O
problema está na própria sociedade demarcada pelo machismo. Os homens acham que
podem fazer o que querem com as mulheres, acham que os corpos delas são
públicos. Na rua, levamos cantadas e isso é tido como natural. Como isso pode
ser natural?! Se vamos à delegacia, ainda perguntam que tipo de roupa você
estava vestindo. Em São Paulo 80 % das mulheres que sofrem assédio preferem não
prestar queixa.
Somos
vítimas da violência verbal cotidianamente, somos oprimidas por velhos costumes
que se rejeitam a ser apagados. Temos que desconstruir o machismo. Temos que
abandonar essa sociedade sexista.
1.1
ASSÉDIO SEXUAL NO TRABALHO
Na maioria das vezes envolve
não apenas a opressão de gênero, mas também a opressão de classe.
O assédio não é apenas o ato
sexual em si. Cantadas rejeitadas, piadinhas e comentários que colocam a vítima
em situação de coação psicológica são enquadradas como assédio sexual.
Uma pesquisa divulgada em
2011 pelo grupo ABC revelou que nos EUA, uma em cada quatro mulheres sofreu
assédio sexual no trabalho. 59% delas não denunciaram o agressor por acreditarem
que a denúncia não surtiria efeito. O assédio não é só machista, é racista
também.
O assédio sexual no trabalho
precisa ser entendido como uma forma de discriminação no emprego, que viola o
direito das trabalhadoras de segurança no trabalho, e igualdade de
oportunidades, pode-se compreender que o combate efetivo ao assédio sexual no
trabalho só é possível por meio da luta pela igualdade entre os sexos.
1.2
ASSÉDIO SEXUAL EM TRANSPORTES PÚBLICOS
Levantar cedo e enfrentar a rotina
do trabalho, após um dia excessivamente cansativo. Nós mulheres ainda temos que
enfrentar a dura rotina do assédio sexual.
Somos vistas como as
culpadas de tal crime, quando na verdade a culpa é do velho tabu criado pelos
homens e pelas mulheres de que nós somos um objeto sexual, como se nossa função
fosse dar prazer ao homem.
Em Brasília foi criado o
vagão rosa, só para mulheres. Isso só aumenta o pensamento de que a mulher é a
culpada pelo comportamento machista dos homens. Como se ser bonita fosse um
crime, a mulher se sente suja. Os abusadores usam da lotação de passageiros em
trens, metrôs e ônibus para tocar nas partes íntimas da mulher, quando isso
ocorre já é considerado abuso. Assédio e
abuso sexual andam juntos, o assédio sexual é como se fosse uma preliminar para
o abuso. As leis tem que ser mais
rigorosas, temos de denunciar esses atos criminosos contra a integridade
feminina, temos de proteger nossos corpos. O TRANSPOTE É PÚBLICO, O CORPO DA
MULHER NÃO!
1.3
ASSÉDIO SEXUAL NO CONVÍVIO FAMILIAR
Somos mulheres herdeiras de uma história
de opressão. Fomos “educadas” em uma sociedade na qual a mulher já nasce
pré-destinada ao casamento, nos transformando em objeto de supremacia
masculina. O patriarcado socializa com os papéis e hierarquia de gêneros que existe
entre homem e mulher. O patriarcado existe há tanto tempo, pois, promove a
sociabilidade entre homem que se tratam como irmãos (fraternidade)
atribuindo-lhes poder. Enquanto isso obriga a mulher a reproduzir e sustentar
materialmente os homens, socializadas entre si como inimigas, servindo aos interesses
dos desejos masculinos.
A mulher é vitima cotidianamente do
assédio sexual, nas ruas, nos transportes públicos, nas escolas, nas
universidades, no trabalho, em casa dentro da sua própria família. A educação
norteadora parte do convívio familiar, onde as mães munidas da falta de
conhecimento e informação, presa na barreira mental construída pelo
patriarcado, onde tem o homem como ser
superior da casa que dita regras, considerado o “rei do lar”, acreditam
veementemente que mulheres são as donas do lar, direcionadas exclusivamente
para cozinha e transmitem essa concepção de mulher para suas filhas.
O combate às opressões de gênero parte
de casa, onde também se torna cenário corriqueiro de casos de assédio sexual
contra mulher. É uma questão gritante, porém silenciada na maioria dos casos,
pois a mulher não tem autonomia para se defender e denunciar, geralmente por
falta de apoio e cumplicidade da mãe, pois para atender e agradar o marido ou
companheiro prefere se opor a filha, do que amparar e ajudar a combater o
machismo enraizado no seio familiar, em muitos casos a própria esposa sofre
essa prática pelo marido, consequência da
recusa , resulta em estupro. Casos como esses ocorrem frequentemente,
tio aliciando sobrinhas, pais com as suas próprias filhas, primos assediando
primas.
Qualquer pessoa, homem ou mulher, pode ser sujeito ativo do crime de assédio sexual, o mesmo ocorrendo em relação ao sujeito passivo. Assim, o fato pode ser praticado entre dois homens, duas mulheres ou um homem e uma mulher. A lei exige, entretanto, uma condição especial dos sujeitos do crime (crime próprio). No caso do autor, deve estar em condição de superioridade hierárquica ou de ascendência em relação à vítima, decorrente do exercício de cargo, emprego ou função (plano vertical, de cima para baixo). A vítima deve encontrar-se em situação de subalternidade em relação ao autor.
Art. 216-A. Constranger alguém com o
intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da
sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de
emprego, cargo ou função.
Pena detenção, de 1 (um) a 2 (dois)
anos.
O feminismo está ainda numa fase muito
incipiente do seu trilho. Contam-se já três gerações de luta feminista,
mas (infelizmente) a Igualdade de Gênero adquire contornos muito tênues nas
sociedades, independentemente do seu nível de desenvolvimento. Em todos os
lugares deste planeta, as mulheres são discriminadas e são-no por serem
simplesmente mulheres! A luta feminista deve, por conseguinte, fazer-se com a
mesma premência e intensidade que outrora até que a última limalha da
segregação seja engolida, terminantemente.
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*Militantes Feministas da Juntas!
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