Por Felipe Bandeira*
A aula magna realizada pela UFOPA (Universidade Federal do Oeste do Pará) que ocorreu na última sexta-feira (18) foi marcada pelos protestos dos estudantes. Os acadêmicos criticam a forma como a coordenação da universidade decide, sem o menor diálogo com os estudantes, as questões pertinentes ao novo modelo adotado pela instituição. O manifesto estava cunhado de críticas ao reitor, o Sr. José Seixas Lourenço, “ele aparece de ano em ano na universidade para ministrar a aula magna aos calouros e depois volta para a sua luxuosa mansão em Brasília”, disse um manifestante indignado ao megafone em um círculo de debates que se formou frente ao auditório. Foram feitos cadastros em uma folha de papel A4, no qual todos podiam se inscrever, tendo 3 minutos para exporem suas opiniões e pontos de vista. Participaram da discursão pessoas de ambos os lados da questão.
Um fato que não chegou a ser cogitado diretamente no protesto, mas que já foi constatado na sala de aula, é o despreparo ou falta de planejamento na formulação dos livros dos módulos. Alguns textos são incoerentes, inclusive conceitualmente, e dificultam o andamento das aulas. Os livros já foram utilizados anteriormente, quando a UFOPA ofertou os cursos para o PARFOR (Programa de Formação de Professores da Educação Básica). Desde lá (meados do ano passado) foram alvejadas críticas severas -pelos próprios professores- ao material. Contudo, os textos não foram reformulados e nenhuma vírgula sequer foi acrescentada ou retirada do material.
Outro ponto de crítica pautado pelos manifestantes foi o IDA (Índice de desempenho acadêmico). O IDA é a ferramenta a qual a academia realiza a seleção e projeta os alunos com as médias alcançadas para os institutos (após o 1º ciclo) e as graduações (após o 2º ciclo), configurando assim duas etapas de seleção (período que dura em torno de 1 ano), e funciona como um funil até chegar ao curso pretendido. Os manifestantes questionavam o porquê do aluno que já fez o vestibular (ENEM), ter que ser submetido a dois outros processos de seleção. A coordenação da UFOPA justifica advogando que todos os alunos permaneceriam na instituição e os que não alcançarem a média para o curso pretendido, poderiam refazer os ciclos. Essa fórmula contrapõe o modelo antigo adotado anteriormente pela UFPA, onde em média 1300 pessoas disputavam 40 vagas para o curso de Direito e os que não conseguiam se qualificar ao processo ficavam totalmente desconectados com a instituição e sem a graduação, por exemplo. Dessa forma, o IDA desponta como um item indispensável ao debate entre os acadêmicos da Federal.
A consolidação efetiva da UFOPA, ao que parece, deverá ser regada por críticas e sugestões de todos os acadêmicos que demonstram não estarem infectados com o vírus do comodismo. A luta é constante. A universidade deve ser construída das bases, pelos próprios acadêmicos, só assim poderemos almejar a educação de qualidade que o Brasil anseia faz mais de 500 anos.
Independente de como seja lembrado, se pejorativo ou não, a sexta feira (18) marcou a história da UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ. Não como o dia da “Excelentíssima aula magna”, mas sim, quando os estudantes reunidos na rua discutiram a educação e as políticas públicas. É uma imagem que ficará na memória de muitos. O dia em que ganhou voz os que ansiavam ser ouvidos.
________________________________ * Felipe Bandeira é calouro da UFOPA.
** Artigo originalmente publicado no blog Quarto Poder.
Muito interessanemte esse artigo. Ele serve de contraponto ao "documentário" produzido pela UFOPA, em que há depoimentos de alguns calouros falando bem do ciclo básico (CFI), como se isso fosse a opinião de todos os calouros.
ResponderExcluirComo bem falou o Felipe, a UFOPA deve ser marcada por críticas e sugestões, caso contrário, nunca avançaremos.
Calouros e veteranos, uni-vos!
Ei seu felipe, não ocorreu a aula magna, pois vcs impediram.
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