segunda-feira, 28 de março de 2011

Por Felipe Bandeira*
Quando penso nas discussões sobre educação, logo me vem à cabeça a imagem de um equilibrista em cima de uma linha tênue. Nas mãos segura uma vareta que sustém vários pratos rodopiantes. O equilibrista se sustenta como pode, suportando o devaneio das forças que o puxam para baixo. Uma imagem típica de circo.
No nosso circo educacional, as políticas públicas e a própria estrutura metodológica do ensino desequilibram ainda mais o acrobata exausto. Dentre elas destaca-se o corte de 50 bilhões de reais das despesas públicas. A medida, implementada já pelo governo Dilma, prevê que pelo menos R$ 1 bilhão deverá vir do orçamento destinado ao Ministério da Educação.
As atitudes nocivas ao padrão de qualidade que queremos construir para nossas escolas e universidades fazem parte de uma estimativa obscura que nos atormenta há séculos. O panorama histórico é bastante claro. As políticas praticadas durante a ditadura militar sufocaram nossos potenciais criativos; o modelo desenvolvimentista, as agrovilas, os mega projetos se mostraram insuficientes em atender as aspirações da população e devastaram nosso potencial biológico e econômico, desrespeitando os povos que já viviam na região.
Esses projetos almejavam priorizar banqueiros e empresários internacionais e surgiram como indicadores pulsantes da relevância que a Amazônia representou - e representa - para os políticos remanescentes desse período, que infelizmente infestam Brasília. Para eles, pouco importa se o pobre, o caboclo, o amazônida está tendo acesso à educação de qualidade. O que importa são os montantes de dinheiro que acumulam logrando o cidadão. Há muito tempo que a educação, saúde, infraestrutura, enfim, os serviços públicos estão sucateados e inoperantes. A educação é apenas uma das faces amostra que de tão violentada, mal consegue se reerguer.
A UFOPA, criada a partir da fusão de duas universidades (UFPA e UFRA), herdou essa problemática e, ao que parece, os encaminhamentos não têm articulações satisfatórias. É visível o estado deplorável do modelo acadêmico anterior que articulava metodologia e conceitos defasados. A Universidade ainda não conseguiu extinguir o modelo de formação exclusivamente mercadológica direcionada na “fabricação enlatada” de contingentes profissionais apáticos aos latentes problemas sociais.
Em visível atitude de intolerância, a coordenação da UFOPA tapa os ouvidos às críticas e opiniões que divergem das suas, criando uma falsa homogeneidade nas ações da instituição, mascaradas pela repressão aos pensamentos contrários. Na UFOPA não existe contraponto, o que existe é um discurso seguido de um ponto final, entorpecido aos argumentos contrários.
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* Felipe Bandeira é acadêmico 2011 da UFOPA.
** Artigo publicado originalmente no blog Debate na Web.

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