Por Felipe Bandeira*
De Fato a imprensa enriquece com a desinformação, pois esta é antes de tudo moeda de troca e de favores políticos. O que garante hoje a sobrevivência dos grandes meios de comunicação é a censura.
Raymundo Faoro, grande jurista e cientista político brasileiro, refletindo e folheando algumas páginas dos jornais de maior envergadura no Brasil de 1970, constatou: “Eles querem um país de 20 milhões de habitantes e uma democracia sem povo”. Desde então, quatro décadas se passaram e a frase continua pertinente. Na grande mídia impera o consenso, por repressão ao descenso. Uma espécie de “censura moderninha”.
As capas e matérias são quase sempre as mesmas apesar de tantas vias. Na imprensa – salvo raras minorias – estabelece-se uma pretensa homogeneidade em defesa dos interesses dos donos dos jornais. E estes aumentam seus lucros à medida que emburrecem a população. Antigamente, como afirma Emir Sader, os jornalistas enfrentavam verdadeiras maratonas para dar a notícia em primeira mão. Hoje, quando se tem a notícia, logo vem o receio em publicá-la, afinal se ninguém ainda o fez, é porque existe alguma coisa que o povo, de fato não deve saber.
Pelo que estabelece a Constituição Federal, a comunicação social deve promover a educação e difusão de informações e debates acerca dos processos de formação cidadã. No entanto, o que se observa são monopólios que em nada atendem as exigências constitucionais. Se se exige que cumpram a lei, logo espraguejam aos quatro cantos do Brasil que estão sofrendo censura, e continuam se mantendo confortáveis em suas postos e renovando concessões.
Recentemente, nos noticiários de TV, assistimos a criminalização do movimento grevista da PM na Bahia. A categoria que lutava por salários e condições de trabalho mais dignas foi rechaçada intensamente. Os editoriais não estavam abertos a um posicionamento crítico, e logo apelaram ao velho moralismo taxando as mobilizações de delituosa. O mesmo aconteceu em Pinheirinho, no estado de São Paulo, onde estereotiparam os moradores como arruaceiros, e em Santarém na mobilização dos trabalhadores por moradia em 2011, que ocuparam certa área do bairro do Maracanã
A imprensa segue criteriosa na escolha das notícias, e na forma como as veicula. As discriminações não se direcionam a qualquer brasileiro. Mas sim, aos miseráveis, aos subordinados à ordem econômica, aos que rejeitam o trabalho mal remunerado, aos que não tem o que comer, onde morar, que por conta disso, estão mais propícios as “insurreições da ordem”.
A mídia está em crise. E esta é tão ruim, que ela mesma não se reconhece em crise. Não informa, e o que passa pela malha fina dos donos dos jornais, apenas descontrói processos importantes na sociedade. Os que fogem a este padrão, simplesmente são esmagados por concorrentes. Afinal, quando os convém não medem esforços em censurar.
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