Por Berkson Araújo, Renan Dias e Daniel Ribeiro
A luta por um transporte público de qualidade na capital do Piauí tem origem nas famosas manifestações dos indignados de setembro de 2011. Naquela oportunidade o movimento reuniu mais de 30 mil pessoas, parando a cidade de Teresina e conseguindo barrar o aumento da tarifa proposta pelo prefeito Elmano Férrer (PTB) e o SETUT (sindicato patronal dos empresários do transporte urbano). No início desse ano, porém, a população teve uma surpresa logo no primeiro dia do ano. Aproveitando-se do período de férias, o prefeito assinou o decreto que aumentou a tarifa do transporte urbano em 10,5%. Além disso, com o intuito de evitar grandes contestações da população, criou um sistema de integração entre os ônibus que é um verdadeiro engodo, pois o usuário não tem gratuidade na segunda condução e se limita apenas a alguns poucos pontos da cidade.
No entanto, a despeito da manobra feita pelo prefeito, a população teresinense, sobretudo a juventude, voltou às ruas contestando a medida do prefeito. Impulsionado pelo Fórum Estadual em Defesa do Transporte Público, o movimento chegou ao seu décimo primeiro dia de manifestação diária, tendo sofrido nas últimas duas semanas forte repressão policial – que teve repercussão internacional – e constante desgaste da prefeitura e do governo estadual. Estes, até o momento, não sinalizaram disposição para negociar as pautas com o Fórum. Pelo contrário, através da mídia local ficou-se sabendo que o prefeito estaria disposto a receber, numa mesa de negociação, setores governistas que não representam, de fato, a mobilização.
Ainda sobre a forte repressão policial, que diminuiu nos últimos dias devido à grande repercussão no Brasil e no mundo, os manifestantes ainda sentem as conseqüências do massacre sofrido na sua rotina, além do fato de estarem impedidos judicialmente de participarem de qualquer ato político, o que é um sério desrespeito à liberdade de expressão, a maioria deles relatam problemas psicológicos, tais como insônia, transtornos de ansiedade e depressão.
Neste sentido o Fórum deliberou colocar a anistia a estes lutadores como mais de uma de suas pautas. Para marcar o início desta luta, no ato dessa segunda, 16 de janeiro, os manifestantes rebatizaram a Av. Frei Serafim – onde as mobilizações acontecem diariamente desde dois de fevereiro – para Av. dos Indignados, em homenagem ao movimento contra o aumento da tarifa em Teresina. Renomearam também algumas das ruas transversais à avenida com o nome dos presos políticos, relembrando suas arbitrárias prisões.
Porém, mesmo com esses desafios que se apresentam, o movimento consegue a cada dia agregar mais apoio ao seu redor. Sinal disso é o apoio que a Oposição de Esquerda da UNE deu ao movimento. Com uma proposta de articulação a nível nacional com a pauta do aumento de tarifas do transporte público, uma campanha nacional de arrecadação de verbas para financiamento do movimento e plenária específica no Fórum Social Mundial, que ocorrerá neste mês, o movimento contra o aumento tende a crescer e se nacionalizar no próximo período.
A perspectiva se torna ainda melhor devido à proximidade da volta das férias, que irá massificar os protestos. O crescente apoio popular dado às manifestações motiva os companheir@s que saem diariamente às ruas. A unidade dos vários setores e entidades que constroem a mobilização também garante a força do movimento.
A resistência em Teresina continua! Agora também pela anistia dos presos políticos e com a certeza de que o movimento não dará ao prefeito outra opção que não seja a revogação do aumento.
Pela revogação do aumento da passagem;
Pela integração total das linhas de ônibus sem limite de tempo;
Pela municipalização do transporte público;
Pelo passe livre para estudantes e trabalhadores/as desempregados/as
Pela a anistia dos presos políticos.
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# Texto publicado originalmente no site do Juntos! Juventude em luta.
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