segunda-feira, 28 de maio de 2012


Por Paula Kaufmann e Carolina Ucha*

Um quadro no Fantástico de 20/05 com a apresentadora Xuxa Meneghel chamou muito a atenção de toda a população. Foi neste quadro em que Xuxa revelou ter sido abusada sexualmente diversas vezes durante a sua infância. O depoimento da Xuxa foi muito forte e expôs aquele que é um dos grandes problemas quando se discute casos de estupro: a culpabilização da vítima. A apresentadora mostrou que pessoas que são abusadas sexualmente tendem a achar que a culpa da violência é delas, e não de quem as abusou, deixou claro que até os dias de hoje tende a achar que a culpa foi dela, mas não consegue saber o motivo ao certo.
A culpabilização da vítima é resultado de uma cultura machista que acha que é preciso ensinar a mulher a não ser estuprada, ao invés de ensinar o homem a não estuprar. É muito comum ouvirmos a historia de alguma mulher que foi abusada sexualmente e alguém dizer: “Mas ela pediu pra ser estuprada, olha a roupa que ela estava vestindo” ou “quem mandou andar sozinha naquela rua tão escura?” infelizmente nós vivemos em uma sociedade que trata a mulher que foi abusada como suspeita ou culpada do que aconteceu.
Em 2011, o agente policial Michel Sanguinetti durante uma discussão sobre a segurança em uma universidade de Toronto fez a seguinte afirmação: “Vocês sabem, eu acho que nós estamos fazendo rodeios aqui. Disseram-me que eu não deveria dizer isso, mas as mulheres devem evitar se vestir como vadias, para não se tornarem vítimas de ataques sexuais”. Dessa maneira, nasceu um movimento de protestos internacional, a Marcha das Vadias, dizendo a todo o mundo: não me ensine como me vestir, ensine aos homens como não estuprar.
Reconhecido como um movimento que se coloca a frente na luta do combate à violência contra a mulher contra a culpabilização da vítima, a Marcha das Vadias ganhou novas edições este ano que ocuparam as ruas com milhares de pessoas neste fim de semana por todo Brasil. Vamos continuar lutando pela autonomia da mulher e contra a violência!
“Preste atenção: o corpo é meu e a minha roupa não é problema seu!”
* Paula Kaufmann e Carolina Ucha são estudantes de Ciências Sociais da USP e militantes do Juntos! Juventude em luta. Texto extraído do site do Juntos!

# Leia também: “Burro” e feminista, melhor que “inteligente” e machista.

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