Por Ib
Sales Tapajós e Felipe Bandeira*
No dia 21 de maio de 2012, os estudantes da Universidade Federal do Oeste do Pará, em assembleia lotada, decidiram entrar em greve por tempo indeterminado, aderindo, dessa forma, à paralisação iniciada pelos professores da instituição no dia 17. A assembleia estudantil, convocada pelo DCE-UFOPA, contou com a participação de mais de 250 estudantes da Universidade, que decidiram por esmagadora maioria aderir ao movimento grevista nacional – foram apenas 4 votos contrários e nenhuma abstenção. Já no dia 22, estudantes e professores realizaram o primeiro ato público da greve, em frente ao prédio da Reitoria, no campus Tapajós, demonstrando que esta será uma greve de ocupação dos espaços da Universidade. Uma greve com forte potencial político e reivindicativo.
Além do apoio
à pauta legítima de reivindicação dos docentes, que envolve questões salariais
e a reestruturação da carreira, os estudantes da UFOPA defenderão, na greve,
suas demandas locais perante a Administração Superior da instituição. As
deficiências estruturais da Universidade e a falta de planejamento
institucional sério, que levam, por exemplo, à utilização de espaços
improvisados do Hotel Amazônia Boulevard como salas de aula, serão temas
presentes na pauta do movimento estudantil durante a paralisação. Ademais, a
luta por políticas consistentes de assistência estudantil será um dos eixos centrais
da greve dos estudantes, que até hoje não possuem moradia estudantil, creche
universitária nem restaurante universitário. A assistência estudantil na UFOPA
se resume hoje às bolsas-permanência que, devido à sua quantidade e valor irrisório,
estão longe de resolver as necessidades do corpo discente.
Em assembléia, estudantes da UFOPA entram em greve |
Assim sendo,
a UFOPA está conectada com o forte movimento grevista nacional de defesa da
Universidade pública, que teve início no dia 17 de maio, a partir do chamado do
Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN).
Após apenas uma semana do começo da greve nacional, mais de 40 universidades
federais já paralisaram suas atividades. Apesar das especificidades da pauta de
cada instituição, um aspecto é marcante em todos os movimentos grevistas: o
combate à precarização das condições de ensino nas federais.
A precarização
é consequência direta da política de expansão do ensino superior implementada
pelo Governo Federal, que aumenta o número de vagas nas universidades sem o
devido aporte de recursos para garantir qualidade às vagas criadas. Ao invés de
aumentar as verbas destinadas ao ensino público, o governo Dilma realizou dois
graves cortes no orçamento da educação nos últimos dois anos: R$ 3 bilhões em
2011 e R$ 1,9 bilhão em 2012. Dinheiro que faz falta no dia-a-dia de estudantes
e professores de todo o Brasil.
A greve é uma
resposta a essa situação. Apesar de ter se iniciado pelos professores, o apoio
e a adesão dos estudantes ao movimento é marcante em todo o Brasil. Em pelo
menos 16 universidades já foi aprovada greve estudantil, o que mostra o papel
ativo dos estudantes na luta em defesa da educação. Foi assim na Universidade
Federal de Rondônia (UNIR), na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), na
Universidade Federal de Rio Grande (FURG) e também na UFOPA, em Santarém.
Na UFOPA, exigir o FORA SEIXAS!
A deflagração
da greve na Universidade Federal do Oeste do Pará ocorreu num momento crucial
da história desta jovem instituição. Juntamente com a eclosão do movimento
grevista, vieram à tona, a partir de denúncia feita pelo DCE-UFOPA e pela UES, fortes
indícios de corrupção envolvendo a Administração Superior da Universidade. Na
denúncia, constam elementos concretos que demonstram o superfaturamento na
compra de terrenos e equipamentos de laboratórios, que causaram prejuízos
milionários aos cofres públicos.
Tais
denúncias são um elemento a mais a demonstrar a falta de legitimidade da
Reitoria do Sr José Seixas Lourenço, que nunca foi eleito pela comunidade
acadêmica, estando no cargo por indicação unilateral do MEC. Ao invés de determinar
a investigação das denúncias e dar as devidas explicações à sociedade, a
Reitoria Seixas se limita a tentar desqualificar todos aqueles que fazem coro à
denúncia e cobram apuração das irregularidades.
Diante desse
cenário, o movimento grevista de estudantes e professores da UFOPA deve eleger,
sem vacilação, a campanha pelo FORA SEIXAS como eixo central das mobilizações. Junto
a isso, exigir ELEIÇÕES DIRETAS para a Reitoria da Universidade e a homologação
do estatuto que foi aprovado no início de abril pelas 3 categorias que compõem
a comunidade acadêmica.
Não podemos
perder a oportunidade de fazer do movimento grevista um movimento direto de
contestação contra essa Reitoria autoritária que não respeita a vontade da
comunidade acadêmica e, ainda por cima, está maculada por fortes indícios de
corrupção. A greve na UFOPA deve ajudar a construir uma Universidade pública
democrática, transparente e participativa, em que estudantes, professores e
técnicos tenham o poder de decidir sobre seus próprios destinos. Uma Universidade
que ofereça condições dignas de ensino-aprendizagem e políticas consistentes de
assistência estudantil ao seu corpo discente.
Claro está
que esse projeto de Universidade só pode ser alcançado com a saída de Seixas
Lourenço e sua equipe do comando da instituição. Por isso não hesitamos em afirmar:
FORA SEIXAS! DEMOCRACIA REAL JÁ NA UFOPA!
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* Ib Sales
Tapajós é estudante de Direito da
UFOPA e foi coordenador geral da UES na gestão Tecendo o amanhã; Felipe Bandeira é estudante de
Economia da UFOPA, diretor do DCE e da UES (Gestão Todas as Vozes). Ambos são militantes do Juntos!
Juventude em luta.
-------------------# Confira mais informações sobre o movimento grevista nas universidades federais no site do Juntos! e do ANDES-SN. Acesse também a página do movimento grevista da UFOPA.
Lugar de bandido é na cadeia!
ResponderExcluirSEIXAS deve ser preso junto com seu procurador Bernardino.
FORA SEIXAS!!!
Concordo, não que se faça alguma diferença no processo, mas até constitucionalmente é válido o protesto. Sou contra servidor público paralisar seus serviços, como que se na busca por seus direitos se fira o direito dos outros, como se desde a época de Marx não tenhamos outros mecanismos de conquistas e nada no mundo tenha mudado, as lutas continuam e as demandas são legítimas, mas acredito na busca democrática por esses direito e greve não é uma delas, prejudica uma grande parcela da sociedade.
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