quarta-feira, 23 de maio de 2012


Por Ib Sales Tapajós e Felipe Bandeira*

No dia 21 de maio de 2012, os estudantes da Universidade Federal do Oeste do Pará, em assembleia lotada, decidiram entrar em greve por tempo indeterminado, aderindo, dessa forma, à paralisação iniciada pelos professores da instituição no dia 17. A assembleia estudantil, convocada pelo DCE-UFOPA, contou com a participação de mais de 250 estudantes da Universidade, que decidiram por esmagadora maioria aderir ao movimento grevista nacional – foram apenas 4 votos contrários e nenhuma abstenção. Já no dia 22, estudantes e professores realizaram o primeiro ato público da greve, em frente ao prédio da Reitoria, no campus Tapajós, demonstrando que esta será uma greve de ocupação dos espaços da Universidade. Uma greve com forte potencial político e reivindicativo.
Além do apoio à pauta legítima de reivindicação dos docentes, que envolve questões salariais e a reestruturação da carreira, os estudantes da UFOPA defenderão, na greve, suas demandas locais perante a Administração Superior da instituição. As deficiências estruturais da Universidade e a falta de planejamento institucional sério, que levam, por exemplo, à utilização de espaços improvisados do Hotel Amazônia Boulevard como salas de aula, serão temas presentes na pauta do movimento estudantil durante a paralisação. Ademais, a luta por políticas consistentes de assistência estudantil será um dos eixos centrais da greve dos estudantes, que até hoje não possuem moradia estudantil, creche universitária nem restaurante universitário. A assistência estudantil na UFOPA se resume hoje às bolsas-permanência que, devido à sua quantidade e valor irrisório, estão longe de resolver as necessidades do corpo discente.
Em assembléia, estudantes da UFOPA entram em greve
Assim sendo, a UFOPA está conectada com o forte movimento grevista nacional de defesa da Universidade pública, que teve início no dia 17 de maio, a partir do chamado do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN). Após apenas uma semana do começo da greve nacional, mais de 40 universidades federais já paralisaram suas atividades. Apesar das especificidades da pauta de cada instituição, um aspecto é marcante em todos os movimentos grevistas: o combate à precarização das condições de ensino nas federais.
A precarização é consequência direta da política de expansão do ensino superior implementada pelo Governo Federal, que aumenta o número de vagas nas universidades sem o devido aporte de recursos para garantir qualidade às vagas criadas. Ao invés de aumentar as verbas destinadas ao ensino público, o governo Dilma realizou dois graves cortes no orçamento da educação nos últimos dois anos: R$ 3 bilhões em 2011 e R$ 1,9 bilhão em 2012. Dinheiro que faz falta no dia-a-dia de estudantes e professores de todo o Brasil.
A greve é uma resposta a essa situação. Apesar de ter se iniciado pelos professores, o apoio e a adesão dos estudantes ao movimento é marcante em todo o Brasil. Em pelo menos 16 universidades já foi aprovada greve estudantil, o que mostra o papel ativo dos estudantes na luta em defesa da educação. Foi assim na Universidade Federal de Rondônia (UNIR), na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), na Universidade Federal de Rio Grande (FURG) e também na UFOPA, em Santarém.
Na UFOPA, exigir o FORA SEIXAS!
A deflagração da greve na Universidade Federal do Oeste do Pará ocorreu num momento crucial da história desta jovem instituição. Juntamente com a eclosão do movimento grevista, vieram à tona, a partir de denúncia feita pelo DCE-UFOPA e pela UES, fortes indícios de corrupção envolvendo a Administração Superior da Universidade. Na denúncia, constam elementos concretos que demonstram o superfaturamento na compra de terrenos e equipamentos de laboratórios, que causaram prejuízos milionários aos cofres públicos.
Tais denúncias são um elemento a mais a demonstrar a falta de legitimidade da Reitoria do Sr José Seixas Lourenço, que nunca foi eleito pela comunidade acadêmica, estando no cargo por indicação unilateral do MEC. Ao invés de determinar a investigação das denúncias e dar as devidas explicações à sociedade, a Reitoria Seixas se limita a tentar desqualificar todos aqueles que fazem coro à denúncia e cobram apuração das irregularidades.
Diante desse cenário, o movimento grevista de estudantes e professores da UFOPA deve eleger, sem vacilação, a campanha pelo FORA SEIXAS como eixo central das mobilizações. Junto a isso, exigir ELEIÇÕES DIRETAS para a Reitoria da Universidade e a homologação do estatuto que foi aprovado no início de abril pelas 3 categorias que compõem a comunidade acadêmica.
Não podemos perder a oportunidade de fazer do movimento grevista um movimento direto de contestação contra essa Reitoria autoritária que não respeita a vontade da comunidade acadêmica e, ainda por cima, está maculada por fortes indícios de corrupção. A greve na UFOPA deve ajudar a construir uma Universidade pública democrática, transparente e participativa, em que estudantes, professores e técnicos tenham o poder de decidir sobre seus próprios destinos. Uma Universidade que ofereça condições dignas de ensino-aprendizagem e políticas consistentes de assistência estudantil ao seu corpo discente.
Claro está que esse projeto de Universidade só pode ser alcançado com a saída de Seixas Lourenço e sua equipe do comando da instituição. Por isso não hesitamos em afirmar: FORA SEIXAS! DEMOCRACIA REAL JÁ NA UFOPA!
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* Ib Sales Tapajós é estudante de Direito da UFOPA e foi coordenador geral da UES na gestão Tecendo o amanhã; Felipe Bandeira é estudante de Economia da UFOPA, diretor do DCE e da UES (Gestão Todas as Vozes). Ambos são militantes do Juntos! Juventude em luta.
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# Confira mais informações sobre o movimento grevista nas universidades federais no site do Juntos! e do ANDES-SN. Acesse também a página do movimento grevista da UFOPA.

2 comentários:

  1. Lugar de bandido é na cadeia!
    SEIXAS deve ser preso junto com seu procurador Bernardino.
    FORA SEIXAS!!!

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  2. Concordo, não que se faça alguma diferença no processo, mas até constitucionalmente é válido o protesto. Sou contra servidor público paralisar seus serviços, como que se na busca por seus direitos se fira o direito dos outros, como se desde a época de Marx não tenhamos outros mecanismos de conquistas e nada no mundo tenha mudado, as lutas continuam e as demandas são legítimas, mas acredito na busca democrática por esses direito e greve não é uma delas, prejudica uma grande parcela da sociedade.

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