quarta-feira, 30 de maio de 2012

Por Felipe Bandeira e Ib Tapajós*

Ocorreu nos dias 17, 18 e 19 de maio de 2012, no IESPES, o VI Congresso Universitário de Santarém, que reuniu estudantes de 6 instituições de ensino superior do nosso município. Ao todo, cerca de 1.000 (mil) estudantes participaram desse que é, certamente, o principal evento do movimento estudantil santareno. Sobre o Congresso e a construção da UES enquanto entidade de luta dos universitários santarenos, apresentamos a seguir o nosso balanço e alguns apontamentos para o próximo período.
UES: passado e presente de muitas lutas

A União dos Estudantes de Ensino Superior de Santarém é, sem dúvida, um valioso patrimônio político dos estudantes santarenos. Desde sua fundação, no ano de 1998, nossa entidade vem trilhando um caminho de luta em defesa dos interesses da categoria estudantil e da população do nosso município. Por sua independência e combatividade, a UES se tornou uma grande referência política para o conjunto da sociedade santarena.
O congelamento da meia-passagem no valor de R$ 0,65, alcançado em 2008 após diversas manifestações de rua, é um exemplo vivo de que a organização dos estudantes é o melhor caminho para conseguirmos avanços sociais. Essa conquista é mantida ano após ano, mesmo com a grande pressão dos empresários de ônibus pelo fim do congelamento da meia-passagem. A manutenção do congelamento seria inviável caso não estivéssemos sempre vigilantes e mobilizados para combater os reajustes do transporte coletivo, a exemplo do que ocorreu em 2011, quando a UES organizou 3 atos públicos contra o aumento da tarifa.
Além da questão do transporte público, diversas outras lutas travadas pela UES demonstram ser ela uma entidade necessária. A participação ativa nos principais processos de mobilização nas universidades de Santarém, como a campanha por democracia na UFOPA e a luta dos estudantes da UEPA por melhores condições estruturais no campus de Santarém, mostram que a UES está sempre ao lado dos estudantes, defendendo seus legítimos interesses.
Por outro lado, as lutas da UES não se resumem a pautas corporativas das instituições de ensino superior. A construção do Fórum Social Pan-Amazônico em 2010, a organização do ato mundial contra a usina de Belo Monte, em agosto de 2011, a colaboração ativa com o Movimento dos Trabalhadores de Luta por Moradia (MTLM) e a participação nas várias greves dos trabalhadores da educação da rede pública estadual são exemplos da luta por uma sociedade mais justa e democrática que nossa entidade ajuda construir.
A diretoria Tecendo o Amanhã, que dirigiu a UES de outubro de 2009 a maio de 2012, deu uma importante contribuição ao processo de fortalecimento da entidade e do movimento estudantil santareno. A realização de seminários e debates nas universidades de Santarém ajudou a reforçar entre os estudantes a ideia de que é importante estarmos organizados para lutar por nossos direitos. Uma novidade importante na última gestão foi o aprofundamento do debate sobre a realidade das instituições privadas de ensino – discussão travada especialmente no Seminário realizado pela UES no CEULS/ULBRA em abril de 2010.
De todos, porém, o VI Congresso Universitário de Santarém foi o evento mais importante construído pela diretoria Tecendo o amanhã. Mais de 1200 estudantes se inscreveram para participar do Congresso. Além deles, foram eleitos, em suas respectivas turmas, 100 delegados, sendo que participaram da escolha dos delegados 2135 estudantes, de 6 instituições de ensino – UFOPA, UEPA, IESPES, FIT, ULBRA e UNIP. O Congresso proporcionou 3 dias de ricos debates sobre os rumos da educação superior no Brasil, na Amazônia e em Santarém.
O ponto alto do evento foi a mesa que reuniu Aldo Queiroz (Reitoria da UFOPA), Everaldo Martins Filho (Prefeitura de Santarém), Ib Tapajós (UES) e Márcio Pinto (SINTEPP). Na ocasião, estiveram em confronto basicamente dois projetos políticos: de um lado o projeto daqueles que controlam a máquina pública de forma autocrática e surda aos anseios dos estudantes e da sociedade; e, de outro lado, o projeto dos que lutam coletivamente por transformações sociais a serviço da maioria da população, um projeto que visa a construção de uma nova sociedade, mais justa e democrática.
No final do Congresso, foi eleita uma nova direção da UES: a chapa Todas as Vozes, formada por estudantes das 6 instituições citadas acima, foi aclamada por unanimidade pelos 45 delegados presentes na Plenária Final do Congresso, o que demonstra a grande legitimidade dessa escolha.

Os principais desafios do próximo período

A diretoria Todas as Vozes tem pela frente a importante missão de seguir construindo as lutas dentro e fora das universidades de Santarém. O reconhecimento do balanço positivo da UES acumulado nos últimos anos não anula o fato de que muito ainda deve ser feito para fortalecer o movimento estudantil em nosso município. Ainda são poucas as entidades estudantis ativas nas instituições de ensino superior, especialmente nas particulares. É missão da nova diretoria estimular a organização dos estudantes em Centros, Diretórios Acadêmicos e DCE´s.
A organização estudantil nas instituições privadas serve, por exemplo, para combater os reajustes abusivos no preço das mensalidades, que todo ano são decretados de modo unilateral pelas direções, prejudicando e até mesmo comprometendo a conclusão dos cursos por muitos estudantes. É também através da organização e mobilização que os estudantes das particulares podem mudar o cenário de precarização das suas condições de ensino-aprendizagem, a exemplo do que ocorre atualmente na UNIP, que possui salas de aula com mais de 100 alunos.
Nas Universidades públicas, a luta estudantil precisa avançar, pois os ataques dos governos e das reitorias não param. O contingenciamento das verbas destinadas à UEPA pelo governo Jatene (PSDB) vem trazendo sérios prejuízos ao corpo estudantil. No campus de Santarém, falta até mesmo dinheiro para comprar simples luvas para uso nos laboratórios. O governo Dilma (PT), por sua vez, tem dado continuidade à política de expansão precarizada do ensino superior, que levou à deflagração do movimento grevista das Universidades Federais neste mês de maio. A UFOPA sente na pele as consequências de tais políticas tanto no que diz respeito às  condições estruturais quanto no que se refere ao modelo acadêmico “frankstein” de ciclos incentivado pelo REUNI e adotado pela Reitoria pro tempore do Sr Seixas Lourenço.
É provavelmente na UFOPA que o movimento estudantil santareno terá seus maiores desafios no próximo período. Tais desafios giram em torno do combate a uma Reitoria autoritária e marcada por sérios indícios de corrupção. A UES deve, juntamente com o DCE e todos os estudantes da UFOPA, batalhar dia após dia por uma gestão democrática e transparente, que atenda as demandas estudantis. Está claro que tal gestão só é possível com a saída de Seixas Lourenço e sua equipe do comando da instituição. Com a força e união dos estudantes, é possível que a queda de Seixas seja mais uma importante conquista a entrar para a história do movimento estudantil santareno.
A UES somos nós, nossa força e nossa voz!

Diante dos imensos desafios que o movimento estudantil santareno tem pela frente, uma coisa é certa: a UES precisa manter sua tradição democrática, independente e de luta. A democracia precisa ser reafirmada com a realização de eventos, seminários, plenárias, assembleias, congressos para debater política com toda a base estudantil. Somente com o amplo envolvimento dos universitários do nosso município nas atividades da entidade é que será possível construir um movimento forte e capaz de alcançar vitórias em benefício dos estudantes e da sociedade.
Nossa independência deve ser reafirmada perante os governos, as reitorias e direções das instituições de ensino superior. O diálogo com tais poderes, via de regra, é importante, desde que não se perca de vista a centralidade da mobilização permanente dos estudantes na luta por uma educação de qualidade e por uma sociedade mais justa. Nós, estudantes, precisamos ser protagonistas da nossa própria história.
Com todas as vozes atuantes e organizadas, devemos seguir tecendo um novo amanhã. Se o presente é de luta, o futuro nos pertence!
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 * Felipe Bandeira é coordenador geral da UES, integrante da gestão Todas as Vozes; Ib Tapajós foi coordenador geral da UES na gestão Tecendo o Amanhã. Ambos são militantes do Juntos! Juventude em Luta.

2 comentários:

  1. GOSTARIA DE SABER SE POSSO PEDIR A ALGUEM PARA QUE PEGASSE MEU CERTIFICADO DO CONGRESSO POIS O HORARIO ATE AS 13.00 ESTOU NO TRABALHO E NAO PARA EU IR.
    ASS: GEISA OLIVEIRA CARVALHO

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