terça-feira, 12 de junho de 2012



No dia 14/05, o DCE da UFOPA e a UES apresentaram uma representação ao Ministério Público Federal, solicitando investigação de irregularidades verificadas nas contas da Universidade Federal do Oeste do Pará. Em resposta, o Reitor pro tempore José Seixas Lourenço e outros representantes da Administração da UFOPA emitiram “notas de esclarecimento” no site oficial da instituição e concederam entrevistas aos meios de comunicação locais contestando as afirmações contidas na representação. Sobre tais declarações, apresentamos a seguir alguns comentários:
1)     Em entrevista coletiva do dia 22/05, Seixas Lourenço afirmou estar “de portas abertas” para esclarecer todas as denúncias. Todavia, apesar de convidado, não compareceu à Audiência Pública realizada no dia 01/06 na Câmara Municipal de Santarém, e sequer enviou representante. Mais uma vez, o reitor se recusou a dialogar com a comunidade acadêmica e a sociedade, e deixou sem esclarecimento as denúncias que foram reiteradas na Audiência Pública pelo DCE e pela UES. Qual será o motivo de Seixas não se explicar em público? O que tem ele a esconder?
2)     Na mesma entrevista do dia 22, Seixas afirmou que as denúncias contra a Reitoria se devem a meros “interesses político-partidários” e que seu dever é prestar contas aos órgãos oficiais, como a Controladoria Geral da União (CGU) e o Ministério da Educação (MEC). Em ambas as afirmações, o Reitor pro tempore desconsidera a comunidade acadêmica, pois: a) ignora que as críticas à Reitoria decorrem não de interesses partidários, e sim da insatisfação presente nas 3 categorias devido à política antidemocrática da gestão pro tempore, que, por exemplo, se recusa a homologar o estatuto aprovado democraticamente por delegados das 3 categorias no Congresso Estatuinte; b) o dever da Reitoria é prestar contas tanto aos órgãos governamentais quanto à comunidade acadêmica e à sociedade. E até hoje não houve um evento público em que o senhor Reitor mostrou como está sendo gasto o dinheiro público que o Governo Federal coloca à disposição da UFOPA.
3)     Em suas várias notas, a Reitoria não contestou os números apresentados pelo DCE e pela UES ao MPF, que demonstram o SUPERFATURAMENTO nas contas da UFOPA. As “respostas” da Administração Superior foram afirmações evasivas, tentando tirar o foco da situação. No caso dos equipamentos de laboratório, a Reitoria tentou repassar a culpa do superfaturamento unicamente à empresa que ganhou a licitação, quando, na realidade, a gestão da Universidade deve ser responsabilizada pelo fato de que tais produtos foram comprados em preço que ultrapassa em R$ 1,8 milhão o valor de mercado.
4)     No que tange à compra dos terrenos, mais uma vez a Reitoria tenta mudar o foco da questão, afirmando que o preço dos três imóveis foi indicado pela Superintendência de Patrimônio da União (SPU), com aval do MEC. Ora, isso não explica, por exemplo, a discrepância de mais de R$ 900 mil entre o valor dado pela UFOPA na compra do terreno na Rua 24 de Outubro e o valor pelo qual a Prefeitura de Santarém havia desapropriado esse mesmo terreno. A SPU e o MEC não estão imunes a erros. E, se constatado pela Reitoria que os preços indicados por esses órgãos não são razoáveis, um bom administrador teria se recusado a adquirir a área nesses moldes, em respeito ao dinheiro público, que foi, obviamente, mal empregado. Todavia, muita coisa leva a crer que a compra superfaturada dos terrenos não foi mero “descuido” da Reitoria, pois não se trata de um fato isolado. Os indícios de irregularidade na Universidade são vários e já estão sendo investigados pelo MPF e pela Polícia Federal – outro forte indício que sequer foi mencionado nas notas da Reitoria é a reforma do prédio da Pró-Reitoria de Ensino (PROEN), que custou R$ 350 mil, valor que notoriamente não corresponde ao que foi feito no local.
5)     Em entrevista coletiva no dia 01/06, os pró-reitores Aldo Queiroz e José Antônio Aquino afirmaram que as denúncias de corrupção têm como objetivo “denegrir” a imagem da Universidade e “desestabilizar” uma instituição que tem papel importante para o desenvolvimento da região. Ora, o movimento estudantil não tem motivo algum para se opor ao avanço da UFOPA. Muito pelo contrário: todas as críticas e denúncias são pautadas na defesa de uma Universidade pública, democrática e transparente, ideal sistematicamente negado pela Administração Superior. O desperdício de dinheiro público, verificado na compra de equipamentos e terrenos, é um fator que só prejudica o desenvolvimento da nossa Universidade.
6)     Parece haver, entre os integrantes da Reitoria Seixas, uma dificuldade de diferenciar o que é interesse da Universidade e o que é interesse dos gestores. Isso fica claro quando o Reitor e alguns pró-reitores utilizam o site oficial da UFOPA para disseminar suas concepções políticas e pessoais, inclusive atacando setores da comunidade acadêmica, movimentos sociais e parlamentares. Isso representa uma notória violação dos princípios constitucionais da moralidade e impessoalidade, que regem a atuação da Administração Pública no Brasil.
7)     Somos profundamente favoráveis ao desenvolvimento educacional e científico da UFOPA, de modo que nossa Universidade ajude a promover avanços sociais em Santarém e no oeste do Pará. No entanto, não iremos admitir que os atuais GESTORES da UFOPA, que não foram eleitos pela comunidade acadêmica, continuem utilizando indevidamente o DINHEIRO PÚBLICO.
8)     Acreditamos que o Senhor Seixas Lourenço não reúne condições morais e políticas para continuar no comando da UFOPA. Seixas não tem legitimidade política na Universidade: não foi eleito, não dialoga com as representações das 3 categorias e administra de forma autocrática e obscura a instituição, como se esta fosse uma propriedade particular sua. Ademais, os fortes indícios de corrupção na Reitoria Seixas mancham enormemente a imagem da UFOPA perante a sociedade. A permanência do Senhor Bernardino Ribeiro (que foi condenado pela Justiça a 06 anos de prisão e 05 de afastamento de funções públicas) no cargo de procurador da UFOPA também demonstra o descrédito da atual Administração, do ponto de vista ético e moral.
9)     Por fim, salientamos que o momento atual demanda muita mobilização da comunidade acadêmica e da sociedade. Estudantes, professores e técnicos da UFOPA estão em GREVE por tempo indeterminado. Além das pautas nacionais dos 3 segmentos, o movimento grevista na UFOPA apresenta também PAUTAS LOCAIS, como o combate ao assédio moral praticado contra servidores da instituição, a flexibilização da jornada de trabalho dos técnicos (30 horas semanais), a implementação de políticas de assistência estudantil, a apuração das denúncias de corrupção, a homologação do estatuto aprovado no Congresso Estatuinte e a realização de ELEIÇÕES DIRETAS para a Reitoria. Convocamos toda a sociedade da região, especialmente os movimentos sociais organizados, para travar conosco essa luta em defesa de uma Universidade pública de qualidade, democrática e transparente. JUNTOS SOMOS FORTES!
Assinam:
DIRETÓRIO CENTRAL DOS ESTUDANTES DA UFOPA – DCE/UFOPA
UNIÃO DOS ESTUDANTES DE ENSINO SUPERIOR DE SANTARÉM - UES


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