quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013


[Luiz Sérgio Henriques]


O exemplo não será de todo adequado, pois gira em torno de personagens da alta cultura, a saber, o romancista russo Alexander Soljenitsin e o filósofo húngaro Georg Lukács. O primeiro, como se sabe, prêmio Nobel de Literatura em 1970, foi um famoso “dissidente” no próprio país – a originária “pátria do socialismo” –, com dimensão simbólica internacional semelhante à do físico Andrei Sakharov. Cabe dizer que, como tantos outros oposicionistas do então bloco socialista do Leste europeu, figuras assim eram vistas como embaraço por boa parte da esquerda ocidental, ao se erguerem internamente contra as estruturas do socialismo realmente existente em nome da democracia e dos direitos humanos.
Georg Lukács, filósofo comunista de cepa irretocável, nunca foi um grande pensador da política: seu leninismo, mesmo em época bastante tardia, levou-o a imaginar um improvável retorno da URSS, já definitivamente enrijecida, aos tempos fervilhantes da revolução e da democracia direta. O filósofo, no entanto, teve a coragem de romper uma barreira espiritual quase intransponível, ao analisar e saudar, na década de 1960, o sopro de renovação trazido pelas narrativas de Soljenitsin, especialmente Um dia na vida de Ivan Denisovitch, Primeiro círculo ePavilhão dos cancerosos. Obras-primas da literatura e denúncias fundamentais do stalinismo.
Talvez sejam exemplos solenes demais para o caso de Yoani Sánchez, uma mulher deste nosso admirável mundo novo das redes sociais, que, tanto quanto se sabe, reporta com vivacidade, em blog, o cotidiano de Cuba, esta outra “pátria socialista”, agora em dimensão mais propriamente latino-americana. Yoani, retratando o dia a dia dos cubanos, ou de uma parte deles, por certo não escreveu nada parecido com a saga do Ivan Denisovitch num gulag soviético, mas, tal como Soljenitsin, é uma dissidente. E tantos anos depois este tipo de personagem ainda é encarado como estorvo ou mesmo como presença a ser rejeitada, no Brasil redemocratizado da Constituição de 1988 e com a presidência legalmente posta nas mãos de um partido de esquerda – de resto, fato inédito e digno de comemoração cívica.
Se Yoani, com o respeito que se deve a quem vive em condições adversas por causa das suas ideias, não é o Soljenitisin daqueles romances mencionados, seus detratores brasileiros ostentam credenciais que merecem também ser examinadas com o mesmo ou até maior rigor. Foram além de vaiar ou se manifestarem dos mais variados meios legítimos contra a presença da cubana, sem lhe ameaçar a integridade física. Fizeram algo muito diferente de, valendo-se dos recursos que a democracia a todos permite, reunirem-se em defesa da causa de Cuba – de uma determinada visão de Cuba – ou de, para dar um exemplo quase automático, protestarem contra o anacrônico bloqueio americano. Foram muito além disso tudo, e cabe examinar brevemente por que foram.
A visão de que o mundo se reparte em mocinhos e bandidos conheceu – exatamente com a consolidação do poder de Stalin, há quase 100 anos! – uma inusitada expansão para as relações interestatais. Várias gerações de comunistas, que no Ocidente e fora do poder, em geral combatiam boas causas em defesa dos subalternos, passaram a entender o mundo como o conflito irreconciliável entre um país que “encarnava” o socialismo e seus oponentes capitalistas ou imperialistas. Na falta de uma articulação democrática interna da pátria socialista, quem dissentia era literal e metaforicamente demonizado: não faltou quem chamasse Trotski, derrotado na luta interna, de “puta do fascismo” (o que, diga-se de passagem, não quer dizer que Trotski fosse garantir sorte melhor aos seus adversários, caso tivesse vencido). Bukharin, artífice de uma relação menos tensa com o imenso mundo camponês às vésperas coletivização forçada, em 1928, apareceria alguns depois, humanamente arrasado, num dos infames processos de Moscou, na época do Grande Terror. Como se sabe, seria eliminado como “inimigo do povo”. E, sem terminar o rol da intolerância, no auge do sectarismo comunista os social-democratas eram, pura e simplesmente, “social-fascistas” – piores até do que os fascistas e os nazistas.
O hábito de designar religiosamente – no mau sentido da palavra, um sentido que a aproxima do fanatismo e do espírito inquisitorial – um país como a “pátria do socialismo” não se limitou à antiga URSS. O fascínio ideológico podia se deslocar para outros altares, como aconteceu com a China do maoísmo e da revolução cultural e, em momento sucessivo, até mesmo a Albânia do camarada Enver Hodja, tida numa certa época, inclusive por corrente política no Brasil, como o “verdadeiro farol do socialismo”. Paciência, aqui já estamos naquilo que o saudoso Stanislaw Ponte Preta chamava de “o perigoso terreno da galhofa”…
Este tipo de representação do mundo, de matriz stalinista, não é inocente. Quem forma a própria cabeça e a alma neste catecismo elementar incapacita-se, necessariamente, para o exercício da análise crítica, diferenciada. No paraíso que imagina, não consegue supor a existência de pessoas e grupos políticos e sociais que divirjam, que pensem diferente, que tenham outras visões das coisas e do próprio país. No inferno que esquematiza – no caso, a matriz ianque do imperialismo –, não consegue visualizar a rica cultura política fundadora, sua própria origem revolucionária, a dinâmica social e econômica multissecular que atraiu pensadores como Gramsci, bem como a inovação “epocal” representada pelo reformismo rooseveltiano ou pela batalha dos direitos civis de Luther King.
Ao contrário de tudo isso, o mundo, tal como ensinado por Stalin, divide-se em Disneylândias opostas, uma de tipo consumista, outra de tipo ideológica. E ambas falsas e ilusórias, a fanatizar, estreitar e limitar os espíritos. E, também, a limitar o horizonte político e cultural da própria esquerda, que teria a obrigação de defender as liberdades sempre e em toda parte, muito especialmente, como queriam o liberal Voltaire e a revolucionária Rosa, a liberdade de quem pensa de modo diferente.
Yoani, depois de várias tentativas, conseguiu exercer o direito elementar de sair de Cuba e enfim, entre nós, prestar um testemunho subjetivo e, por certo, parcial, sobre as coisas, as pessoas e as instituições que vivencia e com que se defronta e confronta todos os dias. A ilha, por seu turno, não está imobilizada no tempo: tem conhecido ultimamente reformas econômicas que, pelo menos na teoria, privilegiam a iniciativa dos indivíduos e limitam a paralisia asfixiante que parece característica irremovível dos regimes extremamente centralizados e “estatólatras”.
Tudo isso é positivo, mas não basta. Além do dinamismo econômico, a transição cubana, que só os voluntariamente cegos não veem já estar em pleno curso, precisaria assentar numa sociedade civil viva, feita de uma multiplicidade de indivíduos livres e capazes de pensar por si mesmos, como a própria Yoani. E feita também, evidentemente, de um tecido associativo que a resguarde de restaurações mafiosas, tal como a que, aliás, aconteceu na antiga matriz soviética, e dê alento a uma nova esquerda capaz de se movimentar no ambiente liberado das travas do partido-Estado – ambiente que, não tenhamos dúvida, mais cedo ou mais tarde virá.
Ao falar deste tipo de questão, estamos falando também de nós, do tipo de esquerda que temos (pelo menos em parte) e das suas estruturas mentais forjadas, como o enferrujado aço stalinista, no tempo da guerra fria. A propósito, não custa nada tirar da prateleira ou xeretar nos sebos o Ivan Denisovitch e os ensaios lukacsianos que acolheram este Soljenitsin. Podem ser um bom começo de conversa.


*Júlio Câmara

Cinco anos após ter renunciado pressionado pelas mobilizações populares, Renan Calheiros volta à Presidência do Senado. Desde então, um abaixo-assinado pedindo a renúncia de Renan arrecadou mais de 1 milhão de assinaturas e diversas manifestações estão sendo organizadas para exigir o seu impeachment, já que ele é acusado pela Procuradoria-Geral da República de ter praticado três crimes: peculato, falsidade ideológica e utilização de documento falso.

Na prática, Renan Calheiros roubou dinheiro público: Gastou verba do seu gabinete e apresentou notas fiscais falsas na prestação de contas. E agora substitui José Sarney com o apoio da base do  Governo Federal, em uma votação secreta, que considera importante a aliança com Renan para a aprovação de projetos.


Passeata contra Renan Calheiros em Porto Alegre

O último fim de semana foi de mobilização e ocupação das ruas de mais de 30 cidades do Brasil com gritos de “Ôô Renan, agora eu sei: o teu lugar é na cadeia com o Sarney”.  Em Porto Alegre, com diretórios acadêmicos, DCE’s e movimentos sociais, fomos mais de 300 do Parque da Redenção até a Usina do Gasômetro denunciando Renan com palavras de ordem, músicas e panfletos muito bem recebidos pela população que não vacilou ao manifestar seu apoio.

Em São Paulo, a Avenida Paulista foi ocupada por quase 1.500 pessoas, com representações de DCE’s, Grêmios Estudantis, professores e diversos movimentos sociais, durante algumas horas.

Em Belém, no Pará, o ponto de diálogo com a população para denunciar Calheiros foi a Praça da República diante do monumento que representa o regime democrático e a liberdade. Na cidade, estamos organizando um próximo ato para o dia 10 de março, às 9h, no mesmo lugar.

Na capital do Rio de Janeiro, a caminhada foi na orla de Copacabana com gritos e cartazes exigindo a saída de Renan. Com adesão de banhistas pelo caminho, o ato foi encerrado no Leme.

Além da entrega das 1,6 milhão de assinaturas do abaixo-assinado no próprio Senado, também ocorreram manifestações populares próximas ao Senado.

A eleição de Renan  Calheiros para a Presidência do Senado é um deboche para a população brasileira. Não podemos assistir esse desrespeito pelos noticiários, precisamos ser protagonistas da nossa história. Pelo fim da corrupção nós seguiremos Juntos! nas ruas para fazer ruir os pilares da velha política!

*Júlio Câmara é do Grupo de Trabalho Estadual do Juntos! RS

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013


Foram encaminhadas propostas para resolver o atendimento de rotas de ônibus da UEPA e UFOPA.

Por Felipe Bandeira[1]

Mudam as cores do governo, mas em essência a população padece dos mesmos e velhos problemas. A questão do transporte público está caducando em Santarém e as soluções apresentadas são insuficientes. Isto porque se parte do pressuposto de que este é um gasto por demais oneroso para o município, e melhor mesmo é deixar a iniciativa privada organizar com “bem entender” a oferta do serviço. Para início de conversa, proponho repensarmos os adjetivos. Ruim continua sendo ruim.
Na última quinta-feira (21) ocorreu na SMT (Secretaria Municipal de Transporte) uma reunião onde foi discutido, sobretudo, a precariedade do serviço dos ônibus e a tarifa da passagem estudantil, congelada desde 2008 em 65 centavos.
O debate por parte do poder público girou em torno da “conciliação de classes”, alegando que os estudantes devem ter “maturidade” para entender as dificuldades empresariais frente a uma cidade sucateada em suas vias, e que seria razoável que a tarifa para os estudantes acompanhassem pelo menos o acréscimo da inflação.
Trocando em miúdos, pelo que ficou caracterizado é consenso por parte do poder público o aumento da tarifa estudantil. Enquanto UES e representante da categoria estudantil, defendi a permanência do congelamento. Não se pode livrar o Estado de suas atribuições.
O planejamento para esse setor foi sempre um grande mal entendido, nunca se pensou em resolver problemas, mas sim em empurrá-los com a barriga. Não teremos um transporte público de qualidade se não rompermos com esta lógica. Quem passa na catraca dos ônibus não pode arcar com todos os custos deste serviço.
Neste ano temos uma tremenda batalha: barrar o descongelamento da passagem estudantil! Esta é uma pauta inclusive pedagógica. E temos que nos apropriar cada vez mais deste debate.



Em relação a alguns encaminhamentos da reuião, alguns pontos devem ser esclarecidos e demonstra uma vitória para o movimento estudantil.

UEPA
A universidade Estadual do Pará é um caso emblemático em nossa cidade. Possui toda a estrutura para a oferta do serviço (parada de ônibus, sinalização, faixa de pedestre) e, no entanto, não há nenhuma rota de transporte coletivo que contemple os estudantes desta instituição.
Neste sentido, ficou encaminhado um estudo e análise do local por parte da SMT, e no máximo daqui um mês, ou seja, 21 de março, a secretaria irá efetuar, se preciso, licitação para uma nova rota de ônibus que atenda o local, ou repensar as rotas já existentes para passar em frente ao campus.

UFOPA
No caso da UFOPA, os problemas levantados foram as rotas de ônibus para o campus da Marechal Rondon - que se assemelha com o problema da UEPA (parada de ônibus, boa trafegabilidade das ruas) -  e no entanto, nenhuma linha atende a universidade.
Foi encaminhado uma revisão das rotas que já passavam por lá em anos anteriores, e no máximo em 2 semanas, ou seja, dia 7 de março, o problema estará sanado.
Sobre o campus Tapajós, a SMT irá notificar as empresas para cumprirem seus itinerários, e efetuar a fiscalização no local.     

Vamos ficar atentos com os prazos!

[1] Coordenador Geral da UES, estudante de Ciências  Econômicas – UFOPA e militante Juntos! Juventude em Luta!

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Por Ronilson Santos*
Imagem meramente ilustrativa. Foto reprodução
Prezados,
Pedimos a compreensão de todos, pois neste final de semana este blog estará passando por algumas mudanças, visando melhorar o layout, deixá-lo mais fácil de navegar e integrá-lo às redes sociais. No entanto, isto não afetará a navegação, e o blog continuará no ar.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013


Está marcado para o dia 14 de março de 2013 as eleições para a nova gestão do DCE – UFOPA 2013/2014.
O Diretório Central dos Estudantes (DCE) é uma entidade fundamental para organização estudantil, e ao longo dos anos vem travando intensas lutas na defesa dos direitos destes.  
Os interessados em participar das chapas devem se inscrever das 08h do dia 18 de fevereiro, até às 20h do dia 20 de fevereiro de 2013.
Para mais informações segue abaixo o Edital de convocação e o regimento eleitoral.


Edital de Convocação


Regimento Eleitoral

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013


Após vários ataques durante o ano de 2012, indígenas têm terra demarcada no município de Iguatemi, Mato Grosso do Sul 
Um estudo sobre a demarcação das terras dos indígenas Guarani-Kaiowá foi publicado no Diário Oficial da União de 8 de janeiro.A publicação representa um avanço após duros ataques e ameaças sofridos pelos indígenas no Mato Grosso do Sul, durante o ano passado e mesmo antes.
A identificação e delimitação da área é um passo importante para que os Guarani-Kaiowá tomem posse da área e se desenvolvam física e culturalmente. A área que pertencia aos ancestrais dos Guarani e Kaiowá é banhada por rios, fator fundamental para a sobrevivência, já que a pesca é das principais atividades indígenas. O estudo feito pela antropóloga Alexandra Barbosa da Silva se baseou em vários documentos e contou com a ajuda de equipe técnica para demarcar o território.
A causa do direito desses indígenas foi acolhida por boa parte da sociedade brasileira, o que criou 'a maior família das redes sociais', uma vez que internautas acrescentaram o sobrenome Guarani-Kaiowá em seus perfis do facebook.Movimentos sociais e a sociedade civil organizada promoveram ainda diversas passeatas e debates em apoio aos indígenas.
Leia abaixo trecho do estudo publicado no DOU redigido por Alexandra Barbosa da Silva:

"Tendo por base estudos de natureza etnohistórica, antropológica, documental escrita, ambiental, cartográfica e fundiária, reunidos por equipe técnica qualificada, autorizados por Portarias da Presidência da FUNAI, em conformidade com o disposto no Decreto 1775/96, conclui-se que a terra indígena ora delimitada consiste numa superfície aproximada de 41.571 hectares e perímetro aproximado de 100 Km (como representado em mapa e memorial descritivo, que seguem abaixo), situando-se no município de Iguatemi. A TI Iguatemipegua I é de ocupação tradicional das famílias kaiowa dos tekoha Pyelito e Mbarakay, apresentando as condições ambientais necessárias à realização das atividades dessas mesmas famílias e tendo importância crucial do ponto de vista de seu bem estar e de suas necessidades de reprodução física e cultural, segundo seus usos costumes e tradições, correspondendo, portanto, ao disposto no artigo 231 da Constituição Federal vigente".

Texto originalmente publicado em http://carosamigos.terra.com.br

domingo, 30 de dezembro de 2012



A luta pela qualidade do serviço de transporte público em Santarém não é apenas - e somente - fruto de uma pauta específica de exigência dos direitos de categorias. Esta perpassa a percepção de uma sociedade cada vez mais democrática, capaz de articular a sociedade civil na participação do planejamento das políticas públicas, diluindo o burocratismo que hoje emperra e torna cada vez mais ineficiente, não somente o serviço de transporte coletivo, como uma extensa lista dos serviços públicos.
Neste sentido, a UES (União dos Estudantes de Ensino Superior de Santarém) convoca toda a categoria estudantil e sociedade santarena a cerrar fileiras na luta em defesa da permanência do congelamento a meia-entrada estudantil  em sessenta e cinco centavos nos ônibus.

Longe de ser um presente do poder público municipal, o congelamento foi um direito conquista nas ruas. O reajuste tarifário à passagem dos estudantes propostos pelo SETRANS vai de contramão não somente a vitória em prol de um transporte coletivo que atenda as demandas sociais da nossa cidade, como representa um arrocho na renda das famílias que dependem do transporte coletivo e que depositam na educação de seus filhos a perspectiva de um futuro melhor.
Em relação a um posicionamento que beneficie a ampla maioria fica evidente a omissão do poder público municipal, que é quem define o valor da tarifa. Nosso recado deve ser claro. Nenhum recuo em nossos direitos. Não ao aumento da tarifa estudantil!
No mundo inteiro a juventude se levanta e toma as ruas exigindo seus direitos. São novos tempos. Nosso atraso, quase secular, mostra a imprescindível necessidade de nos organizarmos e darmos um basta nessa política mesquinha, que faz do poder público um balcão de negócios.
Neste início de 2013, temos uma grande batalha a enfrentar. Não ao descongelamento da passagem estudantil! Esta representa nossa força para enfrentar a gelatinosa política de favorecimentos. Vamos todos à luta rumo a um 2013 digno de nosso esforço na construção de uma sociedade cada vez menos desigual.
 

# COMARTILHE ESSA IDEIA!
MAIS INFORMAÇÕES: UESTUDANTE.BLOGSPOT.COM
9174-4744 – Felipe Bandeira – coordenador geral da UES – gestão Todas as Vozes!
felipebandeirastm@gmail.com

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012


Por Felipe Bandeira[i]
A carteira de identidade estudantil de 2013 da UES lança a campanha sobre a conquista do congelamento da passagem estudantil. Uma pauta histórica no movimento estudantil santareno, que  em 2008, através de várias lutas e forte mobilização conseguiu a conquista do congelamento em 65 centavos.
modelo carteira UES 2013

Sempre firme em defesa de um transporte público acessível, barato e eficiente em nossa cidade, a UES foi uma das grandes protagonistas na conquista ao congelamento de passagem estudantil. No entanto, este direito está sob ameaça e vem sofrendo intensos ataques.
Em matéria divulgada no jornal O Estado do Tapajós (edição de 14 de dezembro), afirma que o sindicato de transporte coletivo (SETRANS) ingressou na justiça pleiteando o descongelamento da passagem estudantil. O sindicato alega prejuízos de mais de 4,5 milhões de reais aos empresários por conta do “apadrinhamento” irresponsável que a prefeitura garantiu aos estudantes desde 2008. Em argumentações sustentadas em equívocos, os empresários tentam a todo custo empurrar goela abaixo um reajuste tarifário a população que na prática não acompanhará nenhuma melhora na qualidade do serviço. E aí estudante, você vai deixar isso acontecer?!
A principal característica do serviço ofertado em Santarém são as precárias condições deste - neste ponto em especial, a matéria não dedicou nenhuma linha. Não são poucas as reclamações de estudantes que são diariamente prejudicados pela ineficiência do transporte coletivo.
Hoje o usuário de ônibus arca com grande parte dos custos do serviço, deixando descoberta a responsabilidade do Estado, ao passo que aumenta o ranço empresarial por estimáveis lucros. Santarém é uma cidade em visível expansão urbana, e o transporte público não acompanha esse processo, colocando como pano de fundo a verdadeira necessidade de locomoção da população. Existem vários bairros – principalmente os periféricos - que não são assistidos com linhas de ônibus, e quando o são, o serviço é executado aos trancos e barrancos.
O presidente do sindicato, Washington do Vale, na mesma matéria, afirma que a tarifa cheia esta muito defasada e que cidades de médio porte como Santarém estão praticando tarifas entre R$ 2,50 e R$ 2,75. Uma descabível comparação, haja vista a renda da população santarena não suportaria tal reajuste. Cabe lembrar que quem é usuário de ônibus, como os estudantes, chegam a utilizar do serviço cerca de 4 vezes ao dia. O custo diário é de R$ 2,60, no mês R$ 52,00, sendo em média 2 a 3 estudantes por  família. Neste caso o valor saltaria para R$156,00, considerando a hipótese apenas de locomoção de casa para a escola/universidade e vice versa. Logo se percebe que este reajuste é incompatível com a renda do trabalhador de Santarém.
Neste fim de ano, os estudantes devem ficar atentos. Nosso recado é claro, Nenhum recuo em nossos direitos. NÃO a proposta de descongelamento da passagem estudantil! Vamos juntos cerrar fileiras nessa luta!




[i] Coordenador geral da UES, estudante de ciências econômicas – UFOPA, militantes Juntos! Juventude em Luta!

domingo, 16 de dezembro de 2012


Por Felipe Bandeira[i]
Não deixa de ser fato menos questionável a naturalização de ações arbitrárias do poder público em Santarém, como o recente caso de devastação de aproximadamente 190 hectares às margens do lago do Juá. Esta não é uma ação isolada, e vem conectada com forte processo de integração marginal da região ao capital nacional e internacional, essencialmente pautando o uso irracional dos recursos naturais, negligenciando os impactos sociais em detrimento da engorda das poupanças de grandes companhias nacionais e multinacionais como CARGILL, ALCOA, MRN, VALE, Buriti e outras. Este breve artigo tem como objetivo colaborar nas discussões acerca dos recentes casos de desrespeito à população santarena, enfatizando a importância da mobilização social como estratégia de contraponto ao ideário único do desenvolvimento a todo custo.
Os contornos gerais desse processo impactam profundamente a vida de cada cidadão. Quem não lembra das comunidades que permaneceram décadas sem energia elétrica, tendo o céu rasgado pelo “linhão” que passavam indiferentes por cima destas rumo aos projetos de extração mineral no sudeste do Estado.
As políticas públicas para a região, desde a década de 1960, trazem consigo a insígnia da modernização e do desenvolvimento como estratégia para respaldar empreendimentos ambiental e socialmente prejudiciais à Amazônia. Durante a ditadura militar, este processo ascendeu ao seu ápice, marcando profundamente a estrutura econômica e política da região.
Um papel importante de contraponto à reprodução deste modelo coube aos movimentos sociais organizados - como as Comunidades Eclesiais de Base - que empunharam a bandeira de luta a favor de justiça social, garantindo vitórias importantes, fortalecendo um projeto alternativo de sociedade. Neste sentido, a participação social nos conflitos, longe dos determinismos catastróficos que impregnam uma única via para a Amazônia, impõe a força política destes, mostrando a complexidade e especificidade dos conflitos.
A divisão social do trabalho coloca a Amazônia como base econômica primária, caracterizando a região como uma fronteira a ser conquistada. Na década de 1970 esse foi um discurso muito forte, caracterizando a região como um espaço vazio e pouco explorado. Por este motivo o governo implantou os planos de integração, agindo principalmente na aberturas de rodovias como a Transamazônica e a BR 163. Também foram incorporados a ação estatal incentivos fiscais, primeiramente para pequenos produtores, afim de trazer mão de obra para a região. Posteriormente, esses migrantes, grande parte nordestinos, foram integres a própria sorte, abandonados e sem nenhuma perspectiva de orientação, haja vista as dificuldades para produzir e comercializar seus produtos.
Traçadas novas metas, o Estado passou a induzir enormes vultos financeiros aos grandes projetos agrominerais como o poloamazônia com a justificativa de consolidar núcleos de desenvolvimento, caracterizado o efeito arrasto, quando os investimentos privados são impulsionados pelo Estado.
A partir da década de 1990, Santarém integra-se a fronteira do agronegócio com o plantio das primeiras safras de soja. Em 2002, com a implantação da Cargill houve um vertiginoso crescimento da produção de grãos. Os conflitos ganharam tônica com a acentuada valorização do mercado de terras, seguido da expulsão dos pequenos agricultores por conta dos conflitos rurais de grilagem e a conivência dos órgãos púbicos. Um exemplo emblemático é o caso do INCRA, que a partir de 2004 passa a ser superintendência regional se desmembrando da superintendência do Pará (SR-01), por conta de inúmeros casos de corrupção.
O Estado desempenha um importante papel, que longe de ser um instrumento unívoco de ação de determinado grupo, também não deixa de ser um agente que impulsiona a dominação econômica de grupos favorecidos, no entanto, esse aspecto também depende da luta política, dentro da própria institucionalização do Estado. O grau de desenvolvimento das lutas políticas e mobilização social, neste sentido, são relevantes como possibilidades de modificação da ordem. Traça-se desta forma a importância da luta política de correlação de forças dentro e fora do próprio Estado.
A estratégia de luta para a Amazônia deve ser a luta contra as grandes empresas, contra os projetos hidrelétricos, contra os grandes empreendimentos imobiliários que vão de encontro ao interesses da população. A consciência deve ser nossa principal arma, seguida de uma forte mobilização social, que reivindique para si a responsabilidade de pensarmos o caminho Amazônico do desenvolvimento.
O que aconteceu na área próxima ao Juá recentemente mostra que os movimentos sociais devem estar mobilizados para acompanhar o tempo dos mercados. Não foram poucos os que se assustaram com a velocidade imprimida na devastação daquela área. Agora a guerra deve correr a passos lentos na justiça, mesmo assim, a pressão social organizada e a luta política são essenciais para o fortalecimento da pauta do Juá.
Como já afirmei no inicio deste texto, não se trata de um caso avulso, o quadro de dominação se expande por todo o país e se apresenta de maneira muito específica na nossa região, no entanto, o poder de organização acompanha o poder de proposição e a responsabilidade de luta e transformação. Daí a importância dos sindicatos, associações de moradores, cooperativas, enfim, instituições que representem o avanço histórico da organização popular.
O sujeito coletivo não pode perder-se em reivindicações vazias e pessoais. Um momento importante da luta política é a “catarse” que marca a passagem do momento puramente egoísta para o da consciência coletiva. Esta deve ser a ponta de lança nos enfrentamentos.
Não se pode negar que os desafios são enormes ao passo que fica mais evidente a quem esta posta estas tarefas. Não se trata de uma ação de dezenas, pois enquanto não nos tornarmos milhares, estaremos em desvantagens contra os, que a custa de nossa desmobilização, nos saqueiam e violentam nossas gerações.


[i] Coordenador Geral da UES, estudante de Economia – UFOPA, militante Juntos! Juventude em Luta!

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012


Por Felipe Bandeira[i]
Os visíveis problemas sociais e ambientais da Amazônia - herança de um atraso secular atrelado ao passado colonial, assinalam um processo de intolerância e violência na região. Os erros antigos são profundamente consonantes com os atrasos atuais, caracterizando a esclerose coercitiva do poder público frente às demandas do capital financeiro, especulativo e imobiliário. Aliás, este tipo de relação, além institucionalizar a corrupção, acentua o lastro social da miséria no município.
Aos que apregoam que esses investimentos serão a vanguarda para o desenvolvimento da Amazônia, e que com essas iniciativas virão também mais oportunidade de emprego, não sabem que é de projetos como este que se fundam os bolsões de miséria nas periferias da nossa Santarém.
 Em 2002 quando foi instalado o porto graneleiro da Cargill - atropelando todas as legislações ambientais – não foram poucos políticos e jornalistas reacionários que abusavam da retórica do desenvolvimento como estratégia de dominação das representações simbólicas do conflito. No entanto, este dito desenvolvimento nunca chegou, e pelo contrário, o que se observa é o vertiginoso inchaço das periferias, decorrente do aumento da fronteira agrícola da soja na região, que desde 2002, contribui para expulsão de pequenos agricultores de suas terras.
O mesmo pode ser analisado com a implantação de grandes projetos como o Grande Carajás na região sudeste do Estado, que trabalha na perspectiva de extração dos minérios utilizando exaustivamente os recursos ambientais, degradando o meio ambiente, sem planejamento social que considere os povos da região. No Oeste do Pará, em Juruti e Oriximiná, também acontece um processo parecido, com a extração mineral da bauxita pela ALCOA e Mineração Rio do Norte, respectivamente.
A devastação da área do Juá, às margens da Avenida Fernando Guilhon para implantação de um bairro, é um exemplo cadente desta lógica de marginalização da população menos abastarda. Em 2009, quando um grupo de trabalhadores sem moradia, ocuparam aquela área, não tardou para a prefeita Maria do Carmo, mandar expulsar a bala homens, mulheres e crianças que ocupavam a área e lutavam por um pedaço de terra onde pudessem morar. Pouco tempo depois do acontecido, a Secretaria municipal de meio ambiente (SEMMA) liberou a licença de devastação as empresas SISA e Buriti, que na prática constituiu a certidão de óbito da área próxima ao lago do Juá.
Para piorar, a raposa cuidava das galinhas. O atual secretário municipal de meio ambiente, Marcelo Corrêa é membro da família - dita “proprietária” – das terras. Marcelo Corrêa, que nas atribuições de suas competências como administrador público, fez valer a máxima, “aos amigos as benesses da lei, aos inimigos a lei”.
A área devastada no Juá é de aproximadamente 190 hectares. O custo ambiental e social do empreendimento é repartido com toda a sociedade santarena, enquanto os lucros são severamente acumulados por pequenos grupos de privilegiados que se utilizam de articulações políticas para executar seus projetos. De acordo com a legislação, a licença ambiental para construção de uma obra desta envergadura é alçada do governo do Estado, no entanto, as dúvidas sobre o licenciamento pairam soltas e sem respostas, sendo questionadas, inclusive, pelo secretário Estadual de Meio ambiente, José Alberto da Silva Colares.   
Na última quarta feira (12/12) o Ministério Público Estadual ingressou com uma ação civil pública, solicitando a paralisação imediata das obras no local.
Esperamos que desta vez justiça seja feita.



[i] Coordenador geral da União dos Estudantes de Ensino superior de Santarém (UES) e militante do coletivo Juntos! Juventude em luta!
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