terça-feira, 16 de agosto de 2011

Por Leila Bentes*
MARCHA DAS VADIAS ???
Esta deve ter sido a primeira frase que muitos homens e mulheres devem ter repetido ao ouvirem esse nome e, realmente o nome gera certo “desconforto” para algumas pessoas, pois traz em seu significado uma carga de (pré) conceito muito grande.
E foi com esse nome, “Marcha das Vadias” no inglês “SlutWalk”, que centenas de mulheres saíram às ruas,  no Canadá, para protestar contra a violência sexual.  O nome escolhido surgiu em forma de protesto às declarações machistas de um policial. O mesmo recomendava que, nós mulheres, teríamos que ‘evitar nos vestirmos como vagabundas, para não tornarmos vítimas de ataques sexuais’.A Marcha se apropria do nome “vadia”, que até então possuia um sentido pejorativo, e o (re) significa. “Se ser vadia é ser livre, então somos todas vadias”, diz a frase estampada em todas as marchas no Brasil.
E o que aconteceu no Canadá, de forma pública, acontece freqüentemente nas delegacias e locais de atendimentos as mulheres vítimas de violência sexual. A vítima sempre é questionada sobre suas roupas, suas condutas, seus hábitos e sobre seus parceiros sexuais, ocorrendo à inversão da culpabilidade: de vítima, ela passa a ser a culpada da agressão. A oposição rua X casa ainda é muito forte. Ela delimita lugares, impõem comportamentos – ao homem o público (rua) a mulher o privado (casa) – e quando rompemos com o parâmetro da “normalidade” há sempre uma ponderação nas falas ajustadas de milhares de brasileiros e brasileiras: “ também com aquela bermudinha e andando à noite o que esperava que acontecesse”.
No Brasil, a cidade de São Paulo foi a primeira capital brasileira a organizar a marcha seguida de outras cidades como Rio de Janeiro, Salvador, Brasília, Curitiba, Recife etc.
E agora, no dia 28 de Agosto, será a vez das mulheres de Belém (PA) tomarem as ruas para protestarem, não só contra a violência sexual, mas também contra qualquer tipo de opressão e ataque a dignidade e os direitos das mulheres paraenses.

O Estado do Pará ocupa o quarto lugar na utilização do serviço 180 ( Central de Atendimento à mulher) e é o terceiro Estado em números de queixas de violência cometida contra as mulheres. Temos em nosso Estado um quadro de ineficiência noatendimento às mulheres vítimas de violência. A única Delegacia de Atendimento a Mulher (DEAM), um prédio cedido até hoje pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social, não possui condições de atender às mulheres violentadas[1]. Não existe um atendimento especial às vítimas de violência sexual, confirmando que as políticas só serviram para escamotear uma falsa preocupação governamental em relação às mulheres. Uma recente pesquisa do Observatório Nacional de Implementação da Lei Maria da Penha (OBSERVE) deixa isso muito claro.
Então MARCHEMOS!
“Pela prevenção da violência, por posições igualitárias e incondicionais, pelo direito a voz e ao grito, pelo domínio de nossas vidas, pelo direito de ir e vir com segurança, pelo direito de dizer SIM ou NÃO sem sofrermos qualquer tipo de rotulação, por respeito, não somos mercadorias e nossos corpos não são objeto de prazer e consumo dos homens. Somos contra a lógica da cultura do estupro e contra as piadas que acabam reforçando e naturalizando tal conduta.” (Trecho da Carta Manifesto). Mas marchemos, além disso, por creches, por condições igualitárias de trabalho, por saúde, por prevenção, por respeito, pela não-criminalização do aborto, contra a homofobia e contra a essa sociedade que reproduz todas as formas de opressão feminina.
Nós do Juntas! estaremos na manifestação para denunciar a violência contra as mulheres que acontecem todos os dias. Nas casas, nas ruas e nas escolas e universidades.

Marcha das Vadias Belém.
Quando? Dia 28 de Agosto de 2011
Onde? Saída da escadinha das Docas, às 9h, até a praça da República.
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* Leila Bentes é militante do Juntos!, coordenadora do cursinho Isa Cunha (Rede Emancipa – Belém) e participa da organização da Marcha das Vadias Belém. Twitter: @Leilabentes
# Artigo publicado originalmente no blog do Juntas!

Um comentário:

  1. Bem, eu sou homem e também sou policial, e posso dizer por experiencia própria que tudo que se radicaliza ou generaliza perde-se o foco e o rumo das coisas... Afirmar que as mulheres são discriminadas em todas as Delegacia é uma grande mentira, mesmo porque lá também trabalham mulheres que podem dizê-lo melhor do que eu. Deve-se sempre ter-se provas e dar-se nomes antes de afirmar um padrão, seja do que for, para se corrigir ou para tratar-se de um mal deve-se também saber a causa e a forma de tratamento. Mas cada caso é um caso, e de forma alguma deve-se tratar com desrespeito ou basear-se em coisas que aconteceram no passado ou em outro lugar.

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