segunda-feira, 14 de março de 2016

Por Felipe Bandeira[i]

Manifestantes dão uma pausa as intensas mobilizações e tomam  champanhe Chandon!

Há certa confusão nos ciclos de esquerda, que acabam por diluir as diversas experiências de lutas sociais numa sucessão de fatos contingentes, como se esses constituíssem pura causalidade histórica, abstraindo as estruturas unificadoras, desconsiderando a forma e conteúdo dos processos sociais.

Esta visão da realidade, distorcida ao meu ver, tende a desconsiderar diferenças de fundos nos diversos protestos de rua do último período. Isto ocorre, primeiramente, ao se desconsiderar o caráter de classe das mobilizações, como se o ponto de unidade consistisse unicamente no esfacelamento do governo Dilma, no Fora PT. Ora, toda a casta política que se insurgi não represente alternativa alguma a classe trabalhadora e a grande parte do povo brasileiro. Os discursos inflamados contra a corrupção, em favor da “moralidade” soam no mínimo descarados - quando partem desses setores.

Pensar na diversidade sem considerar a unidade, nos leva a desconsiderar, por exemplo, o imobilismo do programa levado às ruas nos protestos de ontem (13/03). Não se discuti avanços sociais, distribuição de renda, reforma agrária, urbana, tributária etc. etc. Este conteúdo foi dissimulado, e em seu lugar foi posto uma agenda conservadora, sem envergadura para enfrentar os verdadeiros problemas do país. 

É cada vez mais imprescindível a superação deste modelo apodrecido. Isto, por sua vez, não é uma tarefa simples, pois a superação é um momento de síntese, de amalgama. Para concretizar qualquer síntese é necessário a mediação de diversos processos, que, neste caso, passa pelo fortalecimento de um bloco político com capacidade de organização dos trabalhadores, se diferenciando da celeuma em que afundaram PT, PSDB, PMDB e toda casta política construída ao longo dos últimos 30 anos. 
Um quadro reacionário: manifestantes exibem cartazes pedindo intervenção militar. 

O ato de ontem (13/03), bem como os acontecimentos das últimas semanas, vem reforçando um processo de polarização social que coloca em evidência o esgotamento do governo do PT. Já no início desta semana, o líder do PMDB no senado, Eunício Oliveira, afirmou que não se discuti o rompimento com um governo que não existe mais, dando ênfase ao esfacelamento da base governista não só no Congresso Nacional, mas também no senado. Antecedendo as manifestações, o PMDB realizou sua convenção nacional (12/03) sinalizando ruptura com o governo federal e apoio ao impeachment de Dilma.

Estas manobras mostram que além do esfacelamento da base social, também no plano das velhas ratazanas, estão ruindo as condições de sustentação de Dilma no governo. Ao longo dos anos, a base de governabilidade constituía um processo contraditório, a medida que o reformismo fraco do PT não conseguiu avançar, cedendo ao fisiologismo que insuflava a promíscua dos acordões, tornando cada vez mais esclerosada a base de sustentação dos governos petistas. 

Agora parece claro que a burguesia busca outra identidade. As manifestações neste 13 de março, trouxeram um forte elemento desagregador, não por seu caráter crítico, mas por demarcar um acirramento da luta de classes. Esta polarização social, exige uma contraofensiva de diversos setores dos movimentos sociais. Este esforço perpassa pela necessidade de superação dos equívocos do PT.

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[i] Coordenador Geral da UES e militante do movimento Juntos!

sexta-feira, 11 de março de 2016

Por Felipe Bandeira[i]


Na nossa formação social e política, transgredir certos limites da estrutura de poder, só é possível se mediado por um forte processo de mobilização social. Todos os outros caminhos, quando não foram completamente tragados pelo mais abjeto colaboracionismo de classe, foram brutalmente reprimidos e criminalizados.

O emaranhado da classe burguesa no Brasil, por conseguinte, se aproveitou de certa dispersão das massas, da pouca envergadura política das organizações trabalhistas para imprimir a ferro e fogo, traços patrimonialistas e atrasados típicos do capitalismo nos países subdesenvolvidos.

Foi a partir daí que se retirou o eixo da luta de classes do horizonte dos trabalhadores e em seu lugar foi improvisado a ideia rasa do colaboracionismo - da governabilidade -, diluindo numa mesma categoria, “o bem geral”, as inúmeras divergências estruturais. 

É a este processo mediado que se prende os atuais capítulos da operação-Lava Jato. A promiscuidade política, o toma-lá-da-cá e o balcão de negócio não são exclusivos de governos A ou B. Este método, na verdade, consiste na estrutura que se reproduz o modus operadis do Estado de Direito capitalista. A própria adesão a este método, por parte do Partido dos Trabalhadores, demonstra que não se rompeu com velhas práticas políticas, inviabilizando avançar até mesmo em pautas do reformismo mais tênue.

Por outro lado, o que se observa é um processo de contrarreforma organizado pelo governo federal, combinado com um processo de retirada de direitos do Congresso Nacional. Entre esses campos, não existe alternativa alguma. Ao invés disso, se aprofundou uma falsa polarização em torno do PSDB e PT. Ambas as “alternativas” impõe um grande e taxativo ajuste fiscal como saída à crise, penalizando a maioria da população brasileira. 

Em relação à Lula, e seu possível envolvimento nos escândalos da Lava Jato, o mínimo que se pode dizer é que a burguesia nutre uma grande ingratidão por este. Ao participar do “banquete burguês” e aderir as medidas neoliberais, Lula fez um grande favor a burguesia vira-lata brasileira, ao dá continuidade as medidas iniciadas por FHC, como a reforma da previdência, a manutenção de elevados superávits primários, o apoio ao latifúndio e o avanço da fronteira agrícola, bem como o processo autoritário e violento de construção de hidrelétricas na Amazônia, como Belo Monte, e mais recentemente, as do Complexo Tapajós.

Agora, Lula e o PT se veem “escorraçados” da festa. Esta ingratidão, ao qual Lula e o PT com razão se indignam, é a prova que os laços criados com essa tal burguesia eram frágeis. Isso vem de longe. Num país de raízes patrimonialistas, sempre se preferiu puro sangue do que a “nobreza togada”. 

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[i] Coordenador Geral da UES e militante do Movimento de Juventude Juntos!

terça-feira, 8 de março de 2016




Portos no Maicá: Desenvolvimento pra quem?

A construção de portos no lago do Maicá, mais um dos "grandes projetos de desenvolvimento" em Santarém, trará muito mais impactos negativos do que quaisquer benefícios que a população possa vir a ter. O ecossistema do lago do Maicá é de uma riqueza sem fim, que fortalece um ciclo de economia de subsistência com grande potencial de desenvolvimento. 
No entanto, esse tipo de desenvolvimento não é interessante para o governo e as grandes empreiteiras que o financiam; dessa forma, na visão deles, se o lago do Maicá não gera renda em grandes e seletivas proporções, ele não tem porque ser preservado. 

O 8 de março também é Dia Internacional da Mulher e, ao contrário do que a mídia coloca, o que queremos não são flores e chocolate, o que queremos é respeito, direitos garantidos, reconhecimento enquanto lutadoras capazes de mudar o cenário de caos que o nosso país está imerso e essa realidade de exploração do nosso povo e nosso ambiente. 
É por isso que queremos convidar a todas e todos para se somarem conosco nessa luta, nossa Amazônia já sangra com tantos projetos desenvolvimentistas. 

É hora de mais uma vez nos unirmos: Mulheres indígenas, trabalhadoras rurais, mulheres negras, mães, mulheres trabalhadoras e jovens mulheres, e dizermos BASTA pra mais essa imposição: NÃO AOS PORTOS NO MAICÁ! 
Concentração: STTR Santarém- BR 163 próximo ao trevo da Moaçara
Horário: 16H
Por  Felipe Bandeira* e Charlison Correa**




A União dos Estudantes de Ensino Superior de Santarém (UES), entidade enraizada na luta por mais direitos dos estudantes e dos povos da Amazônia, é uma entidade SEM financiamento de partidos ou governos, travando lutas históricas no movimento estudantil, como a conquista do passe estudantil, que garante o valor da passagem do estudante em um terço do valor do passe inteiro, ESCLARECE a toda base estudantil santarena, sobre a recente polêmica criadas em torno do aumento no valor da carteira de dez para doze reais, vaiculada por um blog sensacionalista.

Primeiramente, é importante descaracterizar a informação sorrateira de tal blog, afirmando ser este aumento um ato de fisiologismo. Ora, historicamente a UES vem combatendo as máfias de carteirinhas instaladas em Santarém (UMES e AES), que assalariam suas diretorias e fazem da entidade uma verdadeira empresa.

A UES, ao contrário, não assalaria NENHUM diretor da entidade, tão puco faz dos cargos que tais diretores ocupam, carreira profissional. Entendemos que a participação dos diretores/as está condicionada a mobilização estudantil por mais direitos.

Tanto a TRANSPARÊNCIA NAS CONTAS, quanto a ELEIÇÃO DOS MEMBROS da diretoria, é um compromisso que assumimos com nossa base. No entanto, as entidades secundaristas (UMES e AES), mantém em “caixa preta” tais informações, como se o sigilo das mesmas não se configurasse um ato criminoso, pois já existem várias denuncias de uso indevido dos recursos destas. Nós da UES, tornamos acessível a todos os estudantes as informações referentes às nossas contas, disponível tanto em nossa sede, quanto no nosso blog (uesantarem.blogspot.com).

Esclarecidos esses pontos, informamos que o valor de R$12,00 foi discutido na diretoria, por termos um grande aumento nas nossas despesas fixas, sobretudo, no que se refere aos cartões com chip e material de impressão. 

O ano de 2016 começou com o dólar batendo recordes de alta, passando dos 4 reais, devido a crise econômica que afeta a economia brasileira e do mundo inteiro. Com a alta do dólar, os preços de produtos importados e também os nacionais tornam-se mais caros. No sistema de bilhetagem eletrônica de Santarém são usados os cartões tipo Mifare, cartões esses importados e adquirido a preço de dólar, encarecendo, desta forma, a prestação de tais serviços.

Em 2015, permanecemos com o preço da carteira em R$ 10 reais, mantida por quase 5 anos nesse valor.

Este ano, porém, pelos motivos já citados, não foi possível manter o preço do ano anterior, sendo reajustado para o valor de R$ 12 reais (20%), sendo que a alta de todos os nossos custos passaram dos 40%. 

Sem mais, reafirmamos nosso compromisso em manter erguida as bandeiras de luta do movimentos estudantil, não recuando um único passo na defesa dos direitos estudantis e dos povos da Amazônia!

Avante!
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* Coordenador Geral da UES; **Tesoureiro UES. 
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