Estudantes que participaram do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no último fim de semana realizaram um protesto pelas ruas de Niterói (RJ), na tarde desta quinta-feira (11/11). Cartazes pintados, indignação e irreverência, narizes de palhaço e muita energia: tudo isso caracterizou o movimento, que ficou conhecido como "Grito dos ENEMganados" e reuniu cerca de 500 alunos de escolas particulares e públicas da cidade.
Os manifestantes afirmam que o Exame foi “uma demonstração de incompetência e descaso com a educação” e responsabilizam o Ministério da Educação e o Governo Federal pelos erros. Eles exigiram a mudança de modelo para uma gestão que funcione ou o retorno para a fórmula antiga, onde cada universidade fazia um vestibular.
A manifestação percorreu as principais ruas do centro, tendo seu ápice em frente ao Terminal de Barcas, onde foram queimadas, em protesto, provas do ENEM. As principais palavras de ordem foram contra o descaso em relação à educação, contra o governo federal e o ministério da educação. Escutava-se: "Sou estudante, eu sou sinistro, se não resolve, derrubamos o ministro" e "Uh! Ahad! Fora o Haddad!".
De acordo com um dos organizadores da passeata, o estudante Matheus Ruas, de 17 anos, a ideia de unificar os vestibulares não deu certo. “Foram mais de R$ 160 milhões gastos nestas provas, para acontecer todos esses erros. E ano passado também houve problemas. Queremos, através dos nossos atos, conscientizar a população de que a educação é muito importante e que não podemos ficar de braços cruzados diante de tudo isso”, assinalou.
A marcha terminou dentro da Universidade Federal Fluminense (UFF), onde os manifestantes foram recebidos pela chefe de gabinete do reitor, Martha de Luca, e pelo assessor do pró-reitor de Assuntos Acadêmicos, Renato Crespo. No encontro, os representantes da instituição assumiram o compromisso de fazer chegar ao MEC as reivindicações feitas pelos candidatos.
De acordo com os organizadores da passeata, o próximo passo é organizar um amplo movimento nacional, já que infelizmente a UNE e a UBES (entidades chapas-brancas do governo) se recusam a encaminhar essa luta.
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Nota da UES: Hoje (12/11) foi divulgada a decisão do TRF da 5ª Região que acatou o recurso do MEC, suspendendo a liminar da juíza federal que havia determinado a interrupção do ENEM 2010. No entanto, tal fato não põe fim a essa grande polêmica, uma vez que se criou um clima de instabilidade, provocando o descrédito do Exame.
Além de toda essa problemática, várias outras críticas são feitas pelo movimento estudantil à utilização do ENEM como forma de ingresso do estudante na Universidade: I) a desconsideração das peculiaridades regionais, porquanto uma prova nacional não dá conta de todas as realidades de um país de dimensões continentais como o Brasil; II) o fim da autonomia de cada Universidade na determinação dos conteúdos que serão exigidos em seus processos seletivos; III) o rebaixamento do nível de estudos no ensino médio, pois o ENEM, a pretexto de ser uma "prova de raciocínio", acaba desvalorizando a construção de um conhecimento mais conceitual e aprofundado sobre as disciplinas; IV) provoca a competição entre candidatos de diferentes regiões do país, as quais possuem índices educacionais diferenciados.
Dessa forma, damos todo o apoio à luta dos "ENEMganados" e esperamos que esse tipo de mobilização avance no sentido de consolidar mecanismos mais consistentes de seleção para a entrada na Universidade Pública.
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