sexta-feira, 23 de março de 2012

Por Rômulo Serique

Nos últimos dias, os noticiários dos telejornais têm narrado o jogo de interesses que vêm gerando um alvoroço vexatório no Congresso Nacional. Trata-se da pressa do Governo em aprovar a Lei Geral da Copa e a pressão da Bancada Ruralista em garantir a votação do Novo Código Florestal, que gerou um impasse onde ainda não se votou nenhum dos projetos, e ganhou status de novela.
A mídia define este episódio como uma novela devido ao tempo que tem tomado e que se arrasta sem definição, no entanto, aponto outras semelhanças: este tipo de disputa de interesses é bem comum no congresso, sendo episódios de trama bem conhecida, seus personagens são caricatos, e seu final é previsível.
Na trama, temos o interesse no Novo Código Florestal dos grandes latifundiários, que buscam uma legislação que favoreça a devastação ambiental e o agronegócio vinculado ao latifúndio, com o absurdo de garantir a anistia aos desmatadores; bem longe de qualquer modelo de agricultura familiar e produção ecológica que de alguma forma favoreça o pequeno agricultor, como tenta afirmar a retórica dos que defendem o novo código; este setor tem seus interesses expressos na bancada ruralista, personagens da nefasta fisiologia política brasileira.
Há também o interesse da Lei Geral da Copa vindo da FIFA, empreiteiras, especuladores e organismos internacionais, onde temos o governo brasileiro atolado até o pescoço com as exigências destas minorias, passando por cima de trabalhadores em suas moradias, diretos históricos dos estudantes e legislações estaduais, tudo a fim de garantir o espetáculo da copa para que possa ser a catarse da festa de celebração do governo PTista, festa onde o povo, desde já, não está convidado, longe dos palácios e do congresso, mas pagando toda a conta.
Um personagem chave dessa novela é o atual Ministro dos Esportes Aldo Rebelo do PCdoB, que apesar de ter sido ex-presidente da UNE, segue na linha de frente da defesa da posição do governo em deixar o caminho livre pra a exploração que a Copa possibilita, incluindo a negação do direito dos estudantes a meia-entrada. Ele também protagonizou enquanto Deputado Federal a relatoria do projeto do Novo Código Florestal na Câmara; em síntese, o ex-comunista com uma mão segura à picareta e com a outra a motoserra.
Toda essa história é mais um capítulo da velha política ultrapassada. O final previsível dessa história é que, em breve, governo e bancada ruralista devem fechar um grande acordão de conveniências e favorecimentos. Cabe aqui parafrasear Marx, pois a história está se repetindo, na primeira vez foi como tragédia, na segunda como farsa.
Quem pode mudar os rumos dessa história é o movimento de massas dos trabalhadores, e a juventude indignada no Brasil tem o seu papel a cumprir. Seguiremos juntos, firmes nas ruas, construindo uma nova cultura política necessária e visando um outro futuro.
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* Rômulo Serique é diretor de Universidades Públicas da UES e integrante da direção nacional do Juntos!
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