Nery Júnio (DCE UFOPA), Israel Dutra (Juntos!), Ib Tapajós (UES) e Jakcson Uchoa (DCE UEPA). Fotografia: Ramon Santos. |
Um momento qualitativamente importante para a formação teórica e política da juventude universitária de Santarém: assim pode ser classificado o Seminário Juventude em luta: uma olhar sobre as lutas da juventude no Brasil e no mundo, promovido pela UES na última sexta-feira (dia 13 de maio), no auditório da UFOPA.
Em sua exposição, o palestrante Israel Dutra (cientista político e editor do jornal Juntos!) analisou o forte protagonismo que os jovens têm assumido nas lutas sociais e políticas em várias partes do mundo. São exemplos desse protagonismo as lutas na Europa, principalmente em países como Grécia e França, contra os planos de austeridade fiscal aplicados pelos governos em decorrência da crise econômica mundial iniciada em 2007. A Inglaterra presenciou também a mobilização de milhões de jovens contra a Reforma Universitária e o aumento do preço das mensalidades nas Universidades do país.
Por outro lado, nos últimos meses, a juventude teve um papel fundamental nos processos revolucionários que estouraram em vários países árabes. No Egito e na Tunísia, foram os jovens os maiores protagonistas das revoluções democráticas que derrubaram os ditadores Mubarak e Ben Ali que estavam há décadas no poder.
Diante da atual conjuntura de lutas intensas da juventude a nível internacional, Israel Dutra levantou uma hipótese, que, segundo ele, pode ou não ser confirmada pelos fatos nos próximos meses ou anos: a ocorrência de "um novo maio de 1968" no Brasil e no mundo.
Vale lembrar que o maio de 1968 foi um dos momentos mais importantes do Século XX, quando o sistema capitalista mundial se sentiu ameaçado por poderosas insurreições populares protagonizadas pelos jovens. Tendo iniciado na França, o processo de mobilizações de 1968 se espalhou pelo mundo como uma grande onda revolucionária, influenciando inclusive o Brasil, cuja juventude organizou a famosa passeata dos cem mil, em protesto às atrocidades do regime militar.
Para Israel, a existência de uma grave crise econômica que fragiliza o capitalismo mundial; a contradição criada pelo sistema capitalista em vários países, que, por um lado, aumenta significativamente a oferta de vagas no ensino superior e, por outro, não oferece postos de trabalho suficientes para os jovens recém-formados; e o ascenço das lutas em diversos cantos do mundo são fatores que podem propiciar a explosão de uma situação parecida com a do mês de maio de 1968.
Para que tal situação venha realmente a se concretizar, é fundamental que a juventude esteja organizada, de modo a intervir nos processos reais que ocorrem no seio da sociedade. No caso brasileiro, a reorganização do movimento estudantil é uma pauta que se impõe aos setores combativos da juventude, em virtude da degeneração das direções tradicionais do movimento, em especial a UJS, que comanda a UNE e a UBES.
No entanto, Israel Dutra deixou claro que discorda da maneira como alguns setores do movimento estudantil tentam reorganizá-lo, criando entidades nacionais sem que haja um prévio trabalho de base para dar sustentação a tais entidades - caso da CONLUTE, criada em 2004 e da ANEL, criada em 2009. Segundo as palavras do palestrante, "começar a construir o prédio a partir da cobertura é um projeto que está fadado ao fracasso".
Por fim, Israel salientou a necessidade de pautas unificadas para o movimento estudantil brasileiro, como o combate ao 'novo' Plano Nacional de Educação do Governo Federal e a campanha pela destinação de 10% do PIB para a educação. Somente através de bandeiras desse tipo, levantadas com coragem e independência, a juventude brasileira poderá romper o atual cenário de refluxo das lutas que, infelizmente, caracteriza o Brasil de hoje, para, então, cumprir o papel que lhe cabe dentro da sociedade, qual seja: protagonizar as principais lutas que apontem no sentido de uma nova sociedade, mais justa, igualitária e radicalmente democrática.
ótima palestra. parabéns ues!
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