O dia 05 de maio de 2011 significou, sem dúvida, uma data histórica na Universidade Federal do Oeste do Pará. Nele foi realizada uma das maiores e mais importantes Assembléias da comunidade acadêmica da instituição. Professores, estudantes e técnicos-administrativos lotaram o Auditório da UFOPA para discutir e aprovar ações frente ao processo repressivo instalado pela Reitoria pró-tempore de José Seixas Lourenço.
A Assembléia começou por volta das 16 horas e se estendeu até as 19h, período em que diversas pessoas fizeram falas analisando a atual situação por que passa a UFOPA. Críticas ao modelo acadêmico adotado a partir deste ano, denúncias dos problemas estruturais vivenciados na instituição e, principalmente, um clamor por democracia foram a tônica do evento.
Conforme noticiado anteriormente pelo blog da UES, a Reitoria da instituição ingressou com processos administrativos para punir o docente Gilson Costa, o servidor Wallace Souza e mais de 40 estudantes envolvidos em um protesto pacífico ocorrido na aula magna do dia 18 de março.
Frente a essa atitude autoritária, as 3 categorias da UFOPA tomaram uma postura muito clara: exigir a imediata extinção de todos os processos. Como forma de pressionar a Reitoria para tal, foi aprovada na Assembléia, por imensa maioria de votos, a proposta de paralisação das atividades da UFOPA no dia 19 de maio de 2011. Na ocasião, a comunidade acadêmica se reunirá para discutir a conjuntura atual da Universidade, bem como as principais demandas das 3 categorias.
Além disso, foi aprovada também a adesão da UFOPA ao movimento de servidores públicos federais que realizará uma paralisação nacional no dia 11 de maio, contra os ataques do governo Dilma ao funcionalismo público.
Com todo esse intenso processo de mobilização na UFOPA, as esperanças de que ‘amanhã vai ser outro dia’ são cada vez maiores.
- Texto: Ib Tapajós (coordenador da UES)
- Fotografias: Ramon Santos (diretor e fotógrafo da UES)
# Confira no 'Mais informações' o texto A UFOPA que queremos, escrito por Wallace Souza (coordenador geral do DCE e servidor da UFOPA), que analisa as perspectivas abertas para a Universidade a partir da Assembléia do dia 05 de maio.
Hoje a Universidade acordou mais democrática. Não há como não se lembrar de um trecho da música "apesar de você", com autoria do glorioso Chico Buarque de Holanda e entronizada pela frase "Amanhã vai ser outro dia".
Encontramo-nos "ressaqueados" de uma grande festa, onde muitos esforços foram desprendidos, gritos, antes reprimidos, agora ecoados e o coração pela voz saciado.
Não se tratou de uma festa qualquer, mas de uma festa Democrática com D maiúsculo, onde acadêmicos, técnicos, professores e sociedade, renunciaram a concepção de universidade medieval, divorciada do debate, despida de valor e travestida meritocrática.
Enfim, conseguimos ser escutados, soubemos exigir a emancipação do pensamento e mostramos que não se pode haver "rédeas" em nossa Instituição, mas sim decisões coletivas, democráticas e socialmente referenciadas.
A revolta que antes era abafada pelo grupo dirigente da Universidade, tomou corpo e submergiu na Assembléia do dia 05/05, contagiando a tudo e a todos, derrubando, sem hesitar, qualquer tentativa perpetrada e maniqueísta de cobrir ou camuflar a realidade.
Foi posta a prova a ditadura do pensamento único e provada que suas bases não se solidificam, pois estão apoiadas no autoritarismo, na chamada pedagogia do medo e na barbárie do pensamento único.
À hora do basta chegou e se não pára o autoritarismo nós paralizaremos a Universidade! O dia 19 foi anunciado, encaminha-se uma nova etapa em nossa tão nova Universidade que logo de início foi surpreendida por velhas práticas autoritárias, tão comuns em períodos não muitos distantes de nossa história.
A resposta foi dada, contra todo um histórico de desmandos e ausência de democracia, temos três categorias unificadas, todas as vozes reunidas e um “rumo” traçado! Nem um passo a traz, nem um direito a menos! Basta! A Universidade que Queremos já! Diretas já! Democracia já!
Mais ainda restará uma pergunta, mas essa deixo a cargo do já anunciado Chico: “Como vai se explicar. Vendo o céu clarear, de repente, Impunemente? Como vai abafar. Nosso coro a cantar, Na sua frente.”
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