Por Renata Albuquerque*
O que vai acontecer no Brasil em 2012?
O que vai acontecer no Brasil em 2012?
Neste ano, no mês de junho, a cidade do Rio de Janeiro será palco de uma gigantesca movimentação mundial em torno da questão ambiental. Entre os dias 15 e 23 de junho a capital fluminense sediará três eventos de grande porte. Durante os dias 20, 21 e 22 acontecerá a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (UNCSD) – a Rio+20, como tem sido chamada. Esse espaço, organizado e protagonizado pela ONU, reunirá chefes de Estado de todo o mundo; é um espaço com agenda própria, independente das lutas e das pautas dos movimentos sociais do planeta. Pretende-se aí referendar uma série de políticas sobre a Economia Verde, uma nova tentativa dos governos de mascarar o caráter devastador do sistema capitalista, como veremos em detalhe mais a frente.
Em resposta a essa atividade a sociedade civil mundial – em forma de grupos de trabalho impulsionados pelo Fórum Social Temático de Porto Alegre (FST), que ocorreu entre os dias 24 a 29 de janeiro de 2012 – organiza a Cúpula dos Povos, espaço – este sim – de mobilização e articulação dos movimentos sociais, partidos políticos, estudantes, intelectuais e tod@s @s indignados que se interessarem pela temática ambiental.
Haverá ainda um terceiro evento no Rio de Janeiro, anunciado no FST de Porto Alegre através do Manifesto dos Povos Indígenas de ABYA YALA (significa América Latina), o Acampamento Terra Livre pelo Bom Viver e Vida Plena, que acontece anualmente desde 2004 e este ano será paralelo às duas atividades já mencionadas. O ATL é o evento de maior expressividade entre as lideranças indígenas da América Latina e sua realização no contexto da Rio+20 e da Cúpula dos Povos sem dúvida nenhuma dará novas e positivas perspectivas às discussões sobre a construção de um outro futuro!
A proposta da ONU de uma Economia Verde – será esse o caminho para outro futuro?
A principal proposta da ONU para a Rio+20 é a Economia Verde, um conceito elaborado pelo PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) que carrega consigo um projeto de futuro diferente daquele que nós, do Juntos! defendemos. Trata-se da imposição de um novo paradigma econômico para o mundo, em substituição do termo “desenvolvimento sustentável”. No documento Rumo a uma Economia verde lê-se que essa proposta surge para reparar a “fadiga” gerada pelo “paradigma econômico predominante” (p.1), o paradigma capitalista; seria uma proposta de reforma verde do capitalismo, sistema – eles mesmos admitem – fatigado.
De acordo com esse texto o “crescimento econômico das décadas recentes [...] foi alcançado principalmente através da drenagem de recursos naturais, não se permitindo a regeneração das reservas” (p.3). Até aí, concordamos: o sistema capitalista destrói a natureza, a enxerga como mercadoria, como algo que tem como finalidade única gerar lucro aos “donos do mundo”. Além de explorar a juventude e @s trabalhador@s o capitalismo explora também a natureza: dos nossos rios, lagos, bosques e florestas o 1% mais rico tira seus gigantescos lucros.
Mas esses que defendem a Economia Verde não falam da necessidade de construir um outro futuro que supere as desigualdades e atrocidades conseqüentes do modo de produção capitalista. Falam de esverdear para salvar, de arrumar um jeito de continuarem tendo a disposição o nosso meio ambiente como riqueza deles. Nós, os 99%, não podemos aceitar que nos tomem também a natureza!
O mundo (des)envolvido e o papel da juventude
A crise ambiental, uma expressão da crise mundial capitalista, é uma realidade em nossos países; mesmo no nosso dia-a-dia poderíamos encontrar mil exemplos de sua gravidade. Há ainda Belo Monte, o novo Código (anti)Florestal, as usinas de Santo Antônio e Jirau; as obras do PAC seguem por todo o país devastando nossas florestas. Na Bolívia a construção de uma estrada no meio da Terra Indígena e Parque Nacional Isiboro Sécure (TIPNIS); no Peru o projeto mineiro Conga, que pode acabar com a água potável de toda a região de Cajamarca para explorar o ouro de seu território; na Argentina, em Famatina, o Governo federal planeja construir uma mega obra de mineração a céu aberto, que igualmente põe em risco a reserva de água potável do local, ao todo são 400 projetos minerados em curso naquele país. Os grandes capitalistas e os Governos que os defendem avançam sobre a natureza de forma voraz, procurando a extensão de seus lucros.
Mas em meio a tantos projetos devastadores os povos da América Latina começam a se levantar contra a imposição de um modelo econômico que para existir pressupõe a destruição da natureza: o modelo desenvolvimentista capitalista. Nesse ano de 2012 é tarefa de tod@s nos unirmos à luta por outro futuro, um futuro onde a existência humana não implique na destruição do meio ambiente. Nós do Juntos! já estamos na linha de frente dessas lutas, quando combatemos sem titubear as alterações propostas ao novo Código (anti)Florestal; quando, em Belém, Altamira, São Paulo, Porto Alegre e em todo o Brasil, nos posicionamos ao lado dos povos do Xingú na batalha contra a construção da Usina de Belo Monte, projeto do Governo Federal que além de afetar a vida de milhares de famílias que ali vivem irá destruir grande parte da nossa floresta.
Nós somos a juventude que debateu no Fórum de Porto Alegre, os caminhos que a IIRSA e o Governo Federal brasileiro têm imposto para a América Latina, sendo o nosso país o grande agenciador de políticas desenvolvimentistas destruidoras em toda a América Latina; debatemos o papel que cumpre o BNDES como financiador de grandes projetos em todo o continente, sobre o caráter nefasto da REDD e sobre o engodo da Economia Verde e suas limitações; somos a juventude que em 2011 construiu atos e mobilizações em todo o país, sempre ao lado daqueles que defendem os direito de todos os povos; nós somos a juventude que se colocará em junho, durante a Rio+20 e a Cúpula dos Povos, ao lado de tod@s que, em toda e qualquer parte do mundo, se indignam com o futuro do planeta. Juntos nós lutaremos por outro futuro, não esse que nos é imposto pelos velhos políticos e pelas grandes empresas que a cada dia destroem nosso planeta.
Agora é hora de participar! Procure o Juntos! da sua cidade ou do seu estado, organize-se, participe das atividades que faremos nos próximos meses, antes Cúpula dos Povos. O Juntos! entende que o papel da juventude no próximo período é ser a protagonista de todas as lutas que vêm transformando o mundo e exigindo outro futuro!
* Renata Albuquerque é militante do Juntos! DF e mestranda em Ciências Sociais na UnB
0 comentários:
Postar um comentário