Por Eduardo Henrique*
A idéia de alteração do Código Florestal brasileiro não nasceu hoje, e sempre sofreu severas críticas de movimentos sociais e ambientalistas, contrários às mudanças propostas, por entenderem que o código hoje vigente, apesar de algumas lacunas, permanece sendo um importante instrumento de proteção do meio ambiente. A proposta atual traz pouco ou nenhum benefício à população e muitos benefícios aos grandes proprietários.
Conforme o projeto do novo Código, o agricultor que desmatou sua reserva legal [parte da propriedade que deve ser preservada, com o objetivo de manter a fauna e a biodiversidade] antes do dia 22 de julho de 2008 não será mais obrigado a recompor essa área, pois o dano será considerado consolidado, como se não fosse importante, necessário e possível restaurar a floresta que ali estava. Só por esse ponto já podemos constatar um grave retrocesso, pois, atualmente, a pessoa que desmata sua reserva legal está infringindo a lei e pode ser punida, independente do período no qual cometeu o desmatamento.

Dados do IBGE mostram que no período de maio e a julho do ano de 2011 o desmatamento aumentou cerca de 500% em Minas Gerais, após a especulação de que haveria tal mudança na legislação ambiental. Muitos funcionários de cartório relataram vários casos de pessoas que chegavam aos mesmos perguntando se a partir de então seriam recompensadas por desmatarem suas reservas.
Outro ponto problemático do novo código é que, a partir de sua aprovação, será possível a exploração da reserva legal mediante plano de manejo. Com isso, o governo brasileiro começa a colocar o meio ambiente no mercado financeiro, sendo que isso fica ainda mais claro quando se deixa margem para os mecanismos de REDD (Redução de Emissão por Desmatamento e Degradação), CRED (Crédito por redução de Emissão por Desmatamento) e MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo).

O meio ambiente, que deve ser tido como algo essencial para a nossa sobrevivência, passa a ser apenas mais um produto que pode render altos lucros para grandes empresas, já que as mesmas procurarão demasiadamente tais florestas para vender seus créditos e obter cada vez mais lucros, pois é uma forma “fácil” de se ganhar dinheiro, afinal de contas, o que se gasta para preservar um território? Sua única função é mantê-lo do mesmo jeito..

A bancada ruralista (representante dos grandes agricultores e latifundiários do país) é um dos maiores e mais influentes grupos políticos do Brasil, e vem pressionando muito para que o novo código seja aprovado. O relator do projeto na Câmara Federal, o então Deputado Aldo Rebelo (que hoje é ministro de Dilma), recebeu em sua campanha altos investimentos de grandes produtores rurais.

Diante de tudo isso, os movimentos sociais e partidos políticos realmente compromissados com o povo brasileiro têm se colocado à frente de várias lutas contra o novo Código Florestal, como é o caso da campanha Veta Dilma! - uma mobilização nacional exigindo que a presidente exerça a prerrogativa que tem de vetar esse projeto desastroso à proteção do meio ambiente.
Convocamos todos a participar e divulgar a campanha. Vamos mostrar toda a nossa indignação com mais esse absurdo que afetará a vida de todos e o futuro da Humanidade.
* Eduardo Henrique é coordenador geral do DCE-UFOPA e militante do Juntos!
# Leia também: JUNTOS! Contra a Reforma do Código Florestal, Veta Dilma!
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