domingo, 21 de agosto de 2011

O dia 20 de agosto de 2011 foi marcado, em várias cidades do Brasil e do mundo, por manifestações de protesto contra a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte no rio Xingu, município de Altamira/PA. Em Santarém não foi diferente. Cerca de 100 pessoas atenderam a convocação da UES e da FDA  e foram às ruas dizer não ao “Belo Monstro” do governo Dilma. A concentração para o ato começou por volta das 18 horas na Praça da Matriz. Os manifestantes caminharam pela orla da cidade, com faixas, cartazes e entoando palavras de ordem como “Não, não, não. Belo Monte não. O Xingu é nosso e não abrimos mão!”.
A hidrelétrica de Belo Monte, cuja construção custará cerca de R$ 30 bilhões aos cofres públicos, é considerada por inúmeros especialistas, movimentos sociais e ambientalistas como um verdadeiro desastre social e ambiental, que causará a destruição da vida no rio Xingu e a expulsão dos povos indígenas de suas terras. Além disso, a energia gerada pela usina não será destinada aos povos da Amazônia, mas apenas para as grandes empresas eletro-intensivas do centro-sul e multinacionais que exploram as riquezas da Amazônia, como a Vale do Rio Doce, ALCOA e MRN.
Durante a caminhada pela orla da cidade, os manifestantes chamaram atenção da sociedade para a possibilidade de construção de 5 usinas hidrelétricas no rio Tapajós, obra que, se concretizada, levará a uma dramática destruição da biodiversidade do rio que banha Santarém. Os povos tradicionais do Tapajós, assim como os povos indígenas do Xingu, estão na iminência de serem expulsos de suas terras e verem sua cultura destruída em virtude da construção de hidrelétricas.
Os estudantes presentes na manifestação aproveitaram o momento para inserir pautas ligadas à educação. “O governo Dilma gastará 30 bilhões de reais na construção de Belo Monte, para destruir a natureza e os povos indígenas. Ao mesmo tempo, se recusa a investir verbas suficientes para garantir uma educação pública de qualidade. Por isso, estamos na rua contra Belo Monstro e em defesa da aplicação de 10% do PIB brasileiro na educação”, afirmou Heloise Rocha, diretora do DCE-UFOPA e militante do movimento Juntos! Juventude em luta.
Outra participação de destaque foi a do Movimento Popular de Luta por Moradia de Santarém. Margarete Teixeira, uma das lideranças do movimento, lembrou que a construção de Belo Monte vem expulsando centenas de famílias de suas terras e casas, aumentando o caos social no município de Altamira. Ademais, Margarete criticou duramente os governos federal, estadual e municipal, que não têm uma política consistente de habitação e moradia, situação que motivou cerca de 500 famílias a ocuparem a margem direita da Av. Fernando Guilhon em Santarém – bairros Vista Alegre do Juá e Salvação.
O ato público em Santarém foi parte de um processo de mobilização internacional contra Belo Monte. Em 13 países estão confirmadas manifestações em frente às embaixadas brasileiras. A maior parte delas ocorrerá na segunda-feira, 22 de agosto. No Brasil, houve protestos em 13 cidades. Os maiores aconteceram nas cidades de São Paulo e Belém, que reuniram cerca de mil pessoas cada um.
Para Anderson Castro, liderança do movimento estudantil da capital paraense, “Este ato tem uma importância fundamental, pela primeira vez a gente consegue unir forças a nível internacional para lutar contra a construção de barragens na Amazônia e nós fazemos um convite para a juventude indignada que venha para somar nesta luta”.
Uma característica importante desse processo de luta contra Belo Monte é o forte protagonismo da juventude. A cada dia que passa, os jovens brasileiros adquirem mais consciência do seu papel histórico e por isso vêm tomando as ruas em defesa de pautas políticas, sociais e ecológicas. Em Santarém isso foi muito claro no ato público contra Belo Monte: a absoluta maioria dos manifestantes era formada por jovens estudantes, universitários e secundaristas, que deram um clima agitado e descontraído ao protesto.
A passeata encerrou na Praça São Sebastião, local onde ocorria a Feira da cultura popular. No entanto, a luta contra as hidrelétricas na Amazônia não se encerra no dia 20. Os movimentos sociais e a juventude indignada estão dispostos a seguir a luta em defesa dos rios, das florestas e da vida na Amazônia. De acordo com Ib Tapajós, coordenador geral da UES, “o combate a Belo Monte é uma questão crucial para nós, pois trata-se de uma luta histórica que já dura mais de vinte anos. Barrar Belo Monte significaria dar um exemplo a todos os povos da Amazônia de que é possível enfrentar o grande capital em defesa de uma Amazônia soberana. Por isso, seguiremos firmes nessa batalha”.
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3 comentários:

  1. Na verdade a UHE Belo Monte tá orçada em 30 Bilhões de reais, sendo que 80% vai sr financiado com dinheiro público via BNDES.
    Marquinho Mota.
    FAOR
    Co mitê Metropolitano
    XIngu Vivo Para Sempre

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  2. Parabens pelo ato. mais uma vez a juventude santarena dá um show de engajamento político critico. Viva a Amazonia!

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  3. Possível solução de toda essa guerra gerada pela Usina Hidrelétrica de Belo Monte.

    Qualquer atividade que for ser realizada dentro do país, que cause grandes impactos, sejam quais forem, deve ser discutida e aprovada pelo Congresso Nacional, se a mesma envolver todo o país ou se ela estiver relacionada a áreas que estejam sobre os cuidados, proteção e administração da União. Caso não passe pelo Congresso Nacional, exorbita o poder regulamentar do País. Dependendo da gravidade, dos impactos e da possível comoção nacional do povo, o Congresso Nacional pode fazer jus de um plebiscito ou de um referendo (se for o caso).

    Dependendo do caso, o plebiscito e o referendo podem ser pedidos ao Congresso Nacional por meio de um abaixo-assinado vindo do povo, mostrando assim o ensejo do povo em ser ouvido e consultado sobre o tema tratado ou que irá ser tratado pelo Congresso Nacional.

    * Plebiscito é uma consulta ao povo antes de uma atividade ou projeto que vai ser discutido no Congresso nacional ou de uma lei ser constituída, de modo a aprovar ou rejeitar as opções que lhe são propostas.

    * Referendo é uma consulta ao povo após a lei ser constituída (atividade ou projeto), em que o povo ratifica ("sanciona") a lei já aprovada pelo Estado ou a rejeita.

    A Usina Hidrelétrica de Belo Monte vai estar interligada ao Sistema Nacional de Energia Elétrica, ou seja, caso precise da energia dela para se distribuída pelo país, será usada e caso haja um problema de funcionamento nela, como ocorreu na Usina Hidrelétrica de Itaipu, todo o sistema energético do país pode ser comprometido ou deixa de funcionar (todo ou certa parte deste sistema) temporariamente, para evitar possíveis danos e sanar as falhas de tal Usina Hidrelétrica. Isso envolve diretamente a vida de todos os Brasileiros que depende da Energia Elétrica do Sistema Nacional de Energia Elétrica do país.

    Além disso, a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte envolve Terras Indígenas que estão sobre os cuidados, proteção e administração da União.

    Resumindo:

    Basta o povo se organizar e fazer um abaixo-assinado pedido ao Congresso Nacional que seja feito um Referendo, para que o povo possa ser consulta. No referendo, o povo irá ratificar ("sancionar") a lei já aprovada de autorização da Construção de Belo Monte ou rejeitar a mesma.

    "A natureza é fonte inesgotável de saber e vida. Quem a destrói comete o genocídio dos pensamentos e ensinamentos que foram dados por ela."

    (Cientista e Pensador Herbert Alexandre Galdino Pereira)

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