quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Por Felipe Bandeira[i]








O agronegócio na Amazônia contrasta atividades altamente capitalizadas com atividades tradicionais. Durante a ditadura militar – e há os que dizem que a ditadura não existiu por aqui! – a região foi apropriada por grandes investimentos que alavancariam de vez o desenvolvimento da região. Dito isto, rasgaram a floresta com estradas, implantaram a colonização dirigida ao longo das BR’s, criaram grandes pólos de extração mineral, construíram hidrelétricas, incentivaram o latifúndio, a criação extensiva de gado, enfim, rifaram a Amazônia inteira ao capital internacional.


De lá pra cá, a política econômica seguiu o mesmo beabá. O avanço da fronteira agrícola para Amazônia trás consigo uma lógica de apropriação do território eminentemente comercial. O Brasil é medalha de prata em exportações de grãos, sobretudo, com a soja, perdendo apenas para os EUA.


Em que o Brasil é ouro mesmo, são nos vergonhosos números de trabalho escravo, de morte no campo, de famintos, de exploração do trabalho infantil e de concentração de renda. A Vale, por exemplo, retira nosso minério, enraíza a miséria nas regiões de exploração e remete todos os lucros para fora, o mesmo faz a Cargill, ALCOA, MRN e tantas outras.


Com o avanço da soja, a especulação fundiária e imobiliária vão a mil. A expulsão de trabalhadores do campo engordam os bolsões de miséria nas periferias da cidade. Bairros são formados sem a mínima infraestrutura. Esse crescimento desordenado das cidades adjacentes produz violência, prostituição – inclusive de crianças - e a criminalização cada vez crescente do pobre. Ainda assim, a soja vem se expandindo num ritmo acelerado.


Para se ter idéia, aqui na Amazônia a produção é comprada antes mesmo de se plantarem as sementes! Para garantir a segurança do investimento, os sojeiros não economizam no uso de pesticidas. Somos o país que mais consome agrotóxicos do mundo!


Nesse ranking desavergonheto o que fica é a estranha sensação da vivermos no período colonial. Escravos, latifúndio e metrópole. Falta alguma coisa?


[i] Coordenador Geral da UES, estudante de Ciências Econômicas UFOPA e militante do Juntos!

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