segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Por Felipe Bandeira[i]





1968 entrou para a história como o ano das revoluções. Os protestos irromperam na França, onde centenas de estudantes ocuparam a Universidade de Nanterre. As barricadas de París, logo abriram caminhos para as contestações na Europa e em várias regiões do Mundo. Na América Latina se fortaleceram as lutas contra as ditaduras e o subdesenvolvimento, no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, ocorreu a passeata dos Cem Mil, reunindo amplos segmentos de contestação ao regime militar. Período de efervescência, concentrou em um mês, o que os países não concentraram em uma década.


Com o fim da 2° Guerra mundial em 1945, EUA e URSS mergulharam o mundo no clima nebuloso da guerra fria. Como símbolo dos novos tempos, ergue-se na noite de 1961 o muro da vergonha, dividindo a Alemanha em Oriental, comunista e Ocidental, capitalista. Tempos difíceis, usurparam a crítica e solaparam os que discordavam uma vírgula do discurso oficial.


A década de 50 e 60 foi para o capitalismo um período de intensa acumulação, sobretudo, para os EUA, que saiu fortalecido com o fim da guerra. A URSS também cresceu exponencialmente, baseando-se, sobretudo, no fortalecimento da indústria de guerra. Os dois blocos rivalizavam em pé de igualdade.


O maio de 68 foi uma resposta política para a situação mundial. Os manifestos emergiram como um movimento de contra-cultura, criticando valores de consumo, machismo, racismo, liberdade de expressão, liberdade sexual, liberdades políticas. Em uma de suas pichações diziam que a ação não deve ser uma reação, senão uma criação!


Ocorreram manifestações e greves por toda a Europa. Na Espanha, Alemanha Ocidental e Bélgica, universidades foram ocupadas e estudantes entraram em confronto com a polícia. Na Itália, cerca de 3.000 estudantes ocuparam a sede do jornal "Corriere della Serra", posteriormente, cerca de 1 milhão de trabalhadores entram em greve. A onda de greves foi fundamental para o fortalecimento das manifestações.


Na Tchecoslováquia, com tentativa de contrapor o comunismo burocrático da URSS, insurge a primavera de Praga. Com um forte programa de reformas, Alexander Dubcek, eleito para o governo em janeiro de 1968, propunha mais autonomia, liberdade de expressão e a ampliação das liberdades polítcas, possibilitando, inclusive a criação de partidos. As medidas foram de encontro aos interesses da burocracia stanilista, e em 20 de agosto de 1968 as tropas da União Soviética e do Pacto de Varsóvia invadiram e ocuparam a Tchecoslováquia. A população reagiu com protestos, bloquearam as ruas com barricadas. Com a forte repressão, a Primavera de Praga definhou. A linha dura do partido comunista se fortaleceu e Gustáv Husák substituiu Dubcek em 17 de abril de 1969.


Na América Latina, o ano de 1968 foi marcado por intensas mobilizações. Na Argentina surgiram o Rosariazo e o Cordobazo contra a ditadura, no Chile, Allende representava um salto nas forças da esquerda. No Brasil ocorreram várias mobilizações, marchas, embates contra a ditadura. Nesse período, cerca de 1200 estudantes foram presos em Ibiúna-SP, quando ocorria na clandestinamente o 30° Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE).


Muitos especialistas e militantes da esquerda dizem que estamos em um novo 68. A força das ruas novamente protagoniza mudanças fundamentais na sociedade. As jornadas de junho no Brasil de 2013 mostraram o fio de continuidade na história dos indignados. Cabe a nossa geração o legado das transformações!


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[i] Coordenador Geral da UES, estudante de ciências econômicas UFOPA e militante do Juntos! Juventude em Luta!

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