sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Por Felipe Bandeira*

O rebento das revoluções árabes varreu do mapa ditaduras e mostrou que a indignação da juventude e dos oprimidos pode mudar o mundo em que vivemos. As ruas e as praças tornaram-se símbolos do poder popular. No Egito, a praça Tahir inaugurou a era dos Indignados!
A primavera Árabe representa o mais poderoso foco de resistência contra o imperialismo. Já em 2011 o fardo da crise econômica se alastrou com a rapidez de uma fagulha em meio a um barril de pólvoras. O Oriente Médio logo se mostrou o elo mais débil da crise. A estrutura arcaica dos velhos regimes, o domínio aristocrático e a ausência de liberdades democráticas se somaram ao desemprego e a fome, o amalgama que faltava à revolução!
Em poucos meses foram destituídos regimes enraizados à décadas e a medida que esses  desmoronavam, acentuava-se o ardor revolucionário por mudanças. Na Tunísia, país onde teve início os protestos no final de 2010, a queda de Ben Ali representou o combustível necessário a luta dos povos árabes. “Tiramos um presidente ladrão que havia roubado meio país”, exclamava-se nas ruas.
As jornadas que levaram a queda do ditador ganharam força logo após um jovem tunisiano atear fogo a si mesmo. Sem emprego, faminto e desesperado, Mohamed Bouazizi era o retrato de seu próprio povo.


A queda de Bem Ali mostrou que um novo mundo é possível! A onda das revoluções logo chegou ao Egito, na qual, depois de mais de 20 dias de intensos protestos, a revolta popular derrubou o ditador Hosni Murbarak colocando um ponto final na trajetória política do Faraó.
No entanto, quando se trata do mundo árabe, é sempre perigoso generalizar, ignorando a diversidade e as condições objetivas que envolvem cada país. Por isso, acompanhar o desenrolar dos processos no oriente médio é fundamental. No Egito de 2013, há um visível processo de avanço das forças conservadoras afinada a um tipo de bonapartismo que coloca o exército na linha de frente do governo.
Na Líbia, onde os protestos foram duramente reprimidos, houve um período de guerra civil para derrubar Kadaffi. Após meses de resistência, o ditador foi capturado e morto pela população. O povo líbio mostrou a necessidade da resistência aos velhos regimes.
O ponto de inflexão das revoluções democráticas no Oriente Médio tem como um dos eixos centrais a Síria. Bashar Al Assad segue endurecendo a repressão as mobilizações. A magnitude dos conflitos imprime uma sangrenta realidade: 2 anos de guerra civil na Síria contabilizam um saldo de mais de 100 mil mortos.
Escolas, hospitais, casas e prédios se transformam em trincheiras. Estudantes, crianças, mulheres, velhos e jovens tornam-se guerrilheiros. Os destroços de cidades como Allepo, a segunda mais populosa da Síria, revelam o cenário arrasador dos confrontos.
A foto mostra Issa, uma criança síria de 10 anos que trabalha ajudando seu pai numa fabrica de armamentos paro o Exercito revolucionário Livre da Síria.


 Há nas ruas cadáveres se decompondo. Fuzis e balas de franco-atiradores rasgam o peito de civis. Quando um companheiro morre, juram vingança. Nas palavras dos rebeldes, caiu mais um herói da revolução!
Homs. Os escombros mostram a intensidade dos conflitos.



As recentes denúncias de uso de armas químicas utilizada pelo exército pró-Assad acirraram os conflitos. A possibilidade de uma intervenção militar dos EUA reorganiza as peças do tabuleiro.
O desafio da revolução, quando a guerra já mostra grandes sinais de desgaste, é saber se localizar contra a intervenção imperialista, ao mesmo tempo em que fortalece a luta anti-regime.
Cidade de Allepo
Resta saber o fôlego nos pulmões de cada lado do conflito. Do lado de Assad estão as castas econômicas e políticas, milícias estrangeiras, parte de população próxima a burocracia, além do grupo Xiita libanês Hezbolah. Este último vem fortalecendo e impondo importantes vitórias ao velho regime. Contra as velhas estruturas há vários grupos heterogêneos que compõe o exército revolucionário. O principal é o Exército Livre da Síria (ELS). Criado em 2011 por oficiais desertores das forças armadas, seu contingente vem crescendo cada vez mais com adesão do povo sírio e com as constantes deserções do exército oficial. Segundo o próprio ELS, seus soldados totalizam mais de 40 mil guerrilheiros. Nesse cenário de forças, uma possível intervenção imperialista na Síria aumentaria os passos da contrarrevolução, pois fortaleceria os interesses ianques na geopolítica da região, além do fortalecimento de Israel e da já brutal repressão ao povo árabe da Palestina.
O conflito aumenta de complexidade, ao passo que o capitalismo não consegue encontrar respostas à crise. Do ponto de vista da organização política das forças anti-regime e anti-capitalista é fundamental acompanhar de perto o desenrolar das revoluções no mundo Árabe.

As revoluções espalharam focos de indignação por todo mundo, cabe a nós jogar gasolina!


* Coordenador geral da UES, estudante de Ciências Econômicas UFOPA e Militante do Juntos! Juventude em Luta!

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