Por Rômulo Serique*
No dia 04 de novembro de 2011, ocorreu um processo na Universidade Federal do Oeste do Pará que merece uma reflexão especial, trata-se da eleição do Sindicado dos Docentes da UFOPA – SINDUFOPA, que elegeu a chapa SINDUFOPA CABANO.
Nós, do movimento estudantil combativo, defendemos que a organização sindical docente é uma conquista e um patrimônio das universidades. Um exemplo de patrimônio histórico de nosso país é o ANDES-SN, que é muito além de um sindicato corporativista, mas que, na sua luta por direitos dos professores e demais trabalhadores, tornou-se uma das principais organizações do nosso país a discutir os problemas históricos da educação e construir uma perspectiva diferenciada para nossa sociedade.
Nestes 30 anos de atuação enfrentou momentos de grandes desafios, na constante deficiência das condições de trabalho das universidades públicas, nos anos de ditadura militar, nos governos neoliberais que criminalizam os lutadores, e que neste cenário atual de cooptação dos movimentos sociais, em que muitos caíram, o ANDES-SN permaneceu na luta contra a privatização e a mercantilização da educação impostas pelos governos.
O recente SINDUFOPA, que possui menos de um ano, passou por um momento conturbado desde a eleição da sua primeira diretoria, a gestão “Alternativa Moderada”, seu presidente renunciou na primeira assembléia da categoria, e meses depois o restante da diretoria seguiu pelo mesmo caminho. Portanto, não teve condições de representar as demandas da categoria no momento sombrio que a UFOPA atravessa.
O cenário atual da UFOPA é reflexo de uma Reitoria conectada aos interesses do MEC, e de grupos políticos partidários que estão no poder, que convergem em uma proposta de expansão do ensino superior com contingenciamento de recursos, orquestrados pelo programa REUNI, e com um discurso baseado na “competição” e “indisciplina” para com o conhecimento, utilizando como eufemismo as palavras “meritocracia” e “interdisciplinaridade”, sendo esta última empregada de forma demasiadamente distorcida.
Os desdobramentos dessa política encampada pela Reitoria da UFOPA são imposições antidemocráticas, que incluem a indicação unilateral de dirigentes, intervenção na autonomia docente, denúncias de assédio moral, vetos ideológicos, criminalização dos setores insatisfeitos, dentre outras situações que negam o principio inovador e retrocedem a períodos medievais da universidade.
Esta situação da UFOPA que expressa tamanhas contradições não conseguirá se manter sem desgastes que a levarão a um esgotamento. Diante disso, o fortalecimento de entidades dirigentes das categorias é estratégico para dar consistência e coerência no processo de transição à universidade que queremos e merecemos.
Hoje, a vitória da chapa SINDUFOPA CABANO é uma luz que se acende na perspectiva da democratização da universidade, onde os desafios estão lançados. Sabemos que as lutas serão intensas, há um processo estatuinte a ser defendido, há um Consun legítimo e eleições para Reitoria a ser reivindicadas, há uma pauta nacional imediata pela garantia de 10% do PIB para educação, a crise institucional da Universidade é real, a perspectiva interdisciplinar e a superação de paradigmas conservadores e reacionários são tarefas pedagógicas cotidianas do movimento.
A gestão cabana do SINDUFOPA tem a missão de reerguer o sindicato perante a base de professores e perante a sociedade, articulando-se com as entidades e movimentos sociais independentes e combativos. E, analisando a composição da diretoria, sua história e seu programa, que já estão em curso - “tô vendo uma esperança”.
Da nossa parte, da juventude indignada, segue a nossa saudação, e estimas de uma boa gestão. Reivindicando o espírito da histórica luta dos cabanos, caminharemos juntos.
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* Romulo Serique é acadêmico da UFOPA, diretor de Universidades Públicas da UES e militante do Juntos!
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