segunda-feira, 12 de março de 2012


Por Ib Sales Tapajós*
Enquanto escrevia este texto, muitos estudantes de Santarém já tinham em mãos a nova carteira estudantil da UES. As carteiras 2012 trouxeram como tema a questão da corrupção, sem dúvida um dos piores males que afligem o nosso país. Um estudo da Fiesp, publicado em 2010, indica que o custo médio anual da corrupção no Brasil representa de 1,38% a 2,3% do nosso Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, gira em torno de R$ R$ 41,5 bilhões a R$ 69,1 bilhões – dinheiro que faz falta nos hospitais, nas escolas, na merenda escolar das crianças, na assistência estudantil para os estudantes universitários, etc.
A corrupção atinge todos os poderes e esferas do Estado brasileiro: Executivo, Legislativo e Judiciário; estados, municípios e União. Longe de ser um simples “desvio de conduta” de alguns políticos, a corrupção é um fenômeno inerente ao sistema capitalista, que ajuda a dar sustentação ao sistema. Não é a toa que a maior parte dos esquemas ocorre através da associação de políticos e governantes com grandes empresários de vários setores.
Em anos eleitorais como este, os esquemas de corrupção se intensificam. O financiamento privado das campanhas eleitorais dá grande margem às articulações ilícitas que fazem da política um balcão de negócios. Os principais “doadores” das campanhas fazem verdadeiros investimentos em determinados candidatos, que, quando eleitos para cargos executivos ou legislativos, retribuem o “favor”, através do tráfico de influências, fraudando e direcionando licitações públicas, contratos administrativos, etc.
Combater a corrupção, portanto, é um dever ético e político de todos aqueles que têm respeito pela coisa pública e que anseiam uma sociedade mais justa e democrática. Nesse sentido, não temos dúvida de que o voto é uma arma poderosa para atacar a corrupção e os políticos corruptos. É bem verdade que o voto, por si só, não é capaz de cortar o mal pela raiz, pois, como já dissemos, a corrupção é um câncer sistêmico, profundamente ligado à lógica capitalista. No entanto, afastar dos cargos públicos algumas “raposas” da política brasileira é uma vitória importante que não pode ser menosprezada.
Por isso, a Lei do Ficha Limpa representa um grande avanço democrático no nosso país. Corretamente, o STF declarou que tal lei é constitucional e a mesma será aplicada nas eleições municipais de 2012. Tirar do cenário eleitoral figuras como o mensaleiro Paulo Rocha (PT) e o pedófilo Luiz Sefer (PP), ambos do Pará, é motivo para se comemorar. [1] Mas não podemos nos esquecer dos inúmeros políticos bandidos e picaretas que, embora tenham se envolvido em expedientes ilícitos, não estão proibidos de se candidatar, pois ainda não foram condenados em segunda instância.
Em Santarém, a luta contra a corrupção se manifesta concretamente no combate aos grandes grupos políticos que se revezam no poder, que se apropriam ilicitamente da coisa pública e não trazem mudança alguma na vida da população. Lutar contra a corrupção em terras mocorongas é combater o grupo político de Lira Maia e Alexandre Von (DEM/PSDB), que, de 1997 a 2004, estiveram à frente de dois dos governos mais corruptos que Santarém já teve. [2] E combater também o bloco PT/PMDB, principais partidos dos governos Maria do Carmo (2004 a 2012), que fizeram da Prefeitura um cabide de empregos, onde se contratam milhares de funcionários temporários para servir de cabos eleitorais nas campanhas dos partidos governistas. [3]
A UES, enquanto entidade representativa dos estudantes universitários de Santarém, não pode se furtar de travar essa luta contra a corrupção na política local. Durante os seus quase 14 anos de existência, nossa entidade nunca se esquivou de combater as medidas nefastas dos últimos governos. Fomos às ruas várias vezes para repudiar os sucessivos aumentos na tarifa de ônibus, para repudiar a situação caótica da infra-estrutura urbana, denunciar a contratação abusiva de servidores temporários e para exigir a nomeação dos concursados do município de Santarém. Em tempos eleitorais, é nosso dever também denunciar todos aqueles que representam essa velha forma de fazer política.
O tema das carteiras estudantis 2012, dessa forma, é um passo inicial de uma campanha mais ampla de conscientização e de luta por mudanças nos rumos da política santarena. Para isso, contamos com a colaboração ativa da comunidade universitária de Santarém, um setor que, por ter acesso à educação superior, possui o dever político de ser um agente social crítico e promotor de transformações na sociedade. Vamos juntos, lutar por um futuro diferente no nosso município!
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* Ib Sales Tapajós é coordenador geral da UES e militante do Juntos! Juventude em luta.
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Notas:
[1] O site Congresso em Foco divulgou uma lista de 50 políticos brasileiros que, de acordo com o texto da lei, devem ficar inelegíveis. Confira AQUI.
[2] Segundo o Blog do Jeso, Lira Maia é o político com maior número de processos em curso no STF: correm contra ele 14 processos na corte - dez inquéritos e quatro ações penais.
[3] A contratação abusiva de temporários levou o Ministério Público a ingressar com ação de improbidade administrativa contra a prefeita Maria do Carmo, no ano de 2010. Confira um resumo da ação AQUI.

4 comentários:

  1. Começou a campanha eleitoral do Ib justamente pela minha carterinha?

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    1. kkkkkkkkkkkkk pior que achei essa carteirinha meio pelega mesmo, parece que é só eu votar "certo" nas eleições burguesas que a corrupção vai acabar, :-( o texto até achei que tentou justificar a imagem pelega, mas o que a a maioria dos estudantes, senão quase todos, vão dialogar é com a imagem da carteirinha e não com o texto que mtos não lerão.

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    2. Ricardo, me parece óbvio que, com apenas uma charge, não há como analisar profundamente o fenômeno da corrupção.
      No entanto, a carteira da UES não tem nada de "pelega". A mensagem central da charge tem a ver com a necessidade de, nas urnas, dar a resposta aos políticos corruptos.
      Quanto ao texto, creio que foi bem divulgado sim, não só neste blog, mas também em espaços como o blog do Jeso, o mais acessado de Santarém. Se você quiser postar no seu, fique a vontade..

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  2. ok companheiro, o que quero dizer é que a charge, deste ano, passa a impressão de que a eleição burguesa é solução para o problema da corrupção, fiquei um pouco triste já que a do ano passado tinha um conteúdo bem mais crítico, mesmo sendo apenas uma charge, por isso a achei pelega.

    abraços

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