quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Uma das discussões mais atuais acerca do acesso ao ensino superior tem sido a proposta do Governo Federal de utilização da prova do ENEM, no lugar do Vestibular, como forma de selecionar os candidatos a vagas nas Universidades Públicas.
A seguir, texto de um dos grandes estudiosos brasileiros sobre Educação, ROBERTO LEHER, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que analisa de maneira crítica a questão.

ENEM: o que é comodificado é mercadoria
O ramo de negócios educacionais tem na avaliação estandardizada um dos seus principais filões. Não foi por outro motivo que, quando as corporações educacionais dos países hegemônicos reivindicaram na OMC a liberalização da educação, incluíram a abertura dos editais de avaliação padronizada à concorrência internacional[1].

A avaliação do ensino médio por meio do ENEM está inscrita na mercantilização da esfera educativa e as recentes fraudes no Exame, denunciadas pelo O Estado de São Paulo e, com mais detalhes, por outros jornais, estão intimamente associadas a essa comodificação: a avaliação foi deslocada da esfera educativa para a do dinheiro. E esse movimento tem conseqüências.
Embora os Estados não possam tolerar determinadas ilegalidades, como é o caso óbvio da venda de provas (não resta dúvida de que para o MEC isso foi um desastre), a busca de lucros com a mercadoria avaliação inevitavelmente deixa brechas, pois, no circuito mercantil, as fronteiras entre o lícito e o ilícito são muito porosas e fluidas.
O serviço terceirizado de avaliação para ingresso na universidade (ENEM) tem origem nas empresas nutridas pela política de vestibulares da ditadura empresarial-militar, como é o caso, no Rio de Janeiro, da Fundação Cesgranrio. Como parte da concorrência pelo lucro, fundações de direito privado nascidas nas universidades públicas entraram no negócio. Os recentes acontecimentos envolvendo as fundações privadas na UnB, UFSP e pelo alentado relatório do TCU[2] atestam que, nelas, os negócios ilícitos não são uma rara excepcionalidade.
Cabe indagar: qual a legitimidade desses consórcios e empresas que se engalfinham por dinheiro para avaliar o conjunto da juventude que concluiu o ensino médio e que almeja prosseguir seus estudos? Nesse ambiente mercantil, muito provavelmente surgirão outros problemas no futuro, colocando o caráter público das universidades em jogo. São dezenas de milhões de Reais, concorrências duras, alianças e cisões entre grupos que operam essa capitalizada máquina de venda de serviços de avaliação.
O que mais surpreendente nas contradições do processo de comodificação da avaliação é que as próprias instituições públicas assimilaram que a avaliação é um serviço a ser subcontratado. A autonomia didático-científica da universidade, assegurada pela Constituição, é tornada letra morta. É como se a experiência de luta das universidades públicas contra o vestibular unificado não tivesse ensinado que a avaliação é parte indissociável da autonomia universitária.
Não é fato que o vestibular das públicas é estritamente conteudista e o ENEM é uma prova que privilegia o "raciocínio". Há muitos anos a UFRJ vem aperfeiçoando seus exames, combinando a imprescindível aferição do conhecimento científico, tecnológico, artístico e cultural com a apropriação da linguagem e com a capacidade operatória de aplicar o conhecimento na análise de problemas. A rigor, afirmar que na ciência, na arte e na cultura é possível raciocinar sem conceitos é um absurdo epistemológico.
O vestibular é um instrumento de seleção que somente tem sentido porque o direito à educação não é assegurado pelo Estado. O vestibular atual sequer assegura as vagas daqueles estudantes que foram aprovados nas provas (gerando os chamados excedentes que, em 1968, impulsionaram a rebeldia estudantil e que o vestibular unificado veio fazer desaparecer!). Contudo, a seleção feita pelas próprias universidades, em âmbito estadual, tem o mérito de poder ampliar as interações das escolas de ensino básico com a universidade em cada estado, buscando maior congruência entre a universidade e as escolas, por meio de desejáveis articulações educacionais com a rede pública da educação básica.
As ditas provas de "raciocínio" do ENEM, a pretexto da democratização, vêm promovendo um rebaixamento da agenda de estudos que terá conseqüências muito negativas para a educação básica. É uma quimera afirmar que um exame rebaixado e nacional abre a universidade pública aos setores populares. Como o exame é classificatório, não importa se o último ingressante teve nota 5, 6 ou 9. Este é um sistema que beneficia o mercado privado de educação: os estudantes que não lograram serem classificados nas públicas não terão outra alternativa que a de buscar uma instituição privada. E o MEC, reconhecendo a dita eficiência privada no fornecimento da mercadoria educação, prontamente se disponibiliza a repassar recursos públicos para incentivar as privadas a atender ao crescimento da demanda.
Ao contrário da publicidade oficial, o ENEM privilegia os estudantes de maior renda. Um estudante paulista que, apesar de elevada nota, não ingressou na faculdade de medicina da USP (dada a concorrência), poderá, com os seus pontos, freqüentar o mesmo curso em uma universidade pública em outro estado, desde que tenha recursos. A mobilidade estudantil pretendida somente favorece os que possuem renda para se deslocar, uma vez que as universidades não dispõem de moradias estudantis e políticas de assistência estudantil compatível com as necessidades.
O atual desmonte do ENEM pode ensejar um debate mais amplo e profundo sobre as formas de ingresso na universidade que permita a superação progressiva do vestibular. Experiências de ingresso a partir de políticas públicas de educação nas escolas públicas, considerando a situação econômica dos estudantes, podem ser um viés fecundo, um caminho para que a universalização do direito à educação seja de fato uma universalização em que caibam todos os rostos.


Notas: [1] No Documento S⁄CSS⁄W⁄23, de 18 de dezembro de 2000, dirigido ao Conselho de Comércio de Serviços da OMC, os EUA apresentam uma proposta relativa aos serviços de ensino superior, ensino de adultos e de capacitação com o objetivo de "liberalizar a comercialização deste importante setor da economia mundial removendo obstáculos que se opõem à transmissão desses serviços além das fronteiras nacionais por meios eletrônicos ou materiais ou o estabelecimento e exploração de instalações para proporcionar serviços a estudantes em seu país ou no estrangeiro". [2] Tribunal de Contas da União, Acórdão 2731/ 2008.

Texto extraído de: http://www.correiocidadania.com.br/content/view/3831/9/ (Acesso em 11/10/09)

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

São antigos os projetos que visam à apropriação das riquezas naturais da Amazônia, visto que um deles é construção de hidrelétricas como as que incluem os rios Xingu e Tapajós, sendo percebido a árdua mobilização para o inicio destes projetos.
Estive numa seção extraordinária da câmara de vereadores de Santarém, no dia 13 de outubro de 2009 e fiquei surpresa ao ver que a maioria dos vereadores mostraram-se contra a implantação das hidrelétricas no Tapajós, digo, pelo menos fizeram um discurso muito bonito e nenhum (até os que ficaram em cima do muro) mostraram-se a favor desse projeto.
Quando digo que fiquei surpresa, é que em Altamira infelizmente a situação não é assim, pelo contrário, muitos municípios vizinhos, através dos prefeitos e vereadores apóiam o projeto, e pra quem não acredita, vai o meu conselho: Vá em Altamira e logo verá camisas com:”EU QUERO A BARRAGEM”. Mas se caso tiver azar ou sorte, tente conhecer as principais lideranças que lutam todos os dias para que o Xingu continue vivo, pessoas como Dom Erwin Kräutler, Antonia Melo, uma das principais lideranças da resistência à construção da barragem e ligada a vários movimentos sociais, além é claro das lideranças indígenas como Ozimar Juruna e José Carlos Arara.
Como estou recentemente em Santarém, talvez seja por isso que vejo que as discussões em relação a esses assuntos são mínimas, espero que a classe estudantil esteja preparada para lutar contra esses projetos que pretendem serem implantados no Tapajós, para que o circo que está acontecendo em Altamira, não se repita em Santarém, pois pode ter certeza que como todo bom espetáculo o que não falta é palhaçada. Esperamos que com o apoio da população ao lado dos movimentos sociais consigamos repelir com veemência a construção dessas hidrelétricas.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Contando com 19 integrantes, a chapa Tecendo o amanhã foi eleita para dirigir a UES nos próximos dois anos. Confira o manifesto apresentado pela chapa no Congresso Extraordinário ocorrido na UEPA em 03/10/2009:

Caros estudantes, estamos diante de um momento muito importante: a eleição da nova diretoria da UES, que definirá os rumos da entidade nos próximos dois anos.

A União dos Estudantes de Ensino Superior de Santarém, desde o ano em que surgiu (1998), tem assumido o papel de vanguarda no movimento estudantil, dirigindo inúmeras lutas em defesa dos estudantes e da população em geral.

Bandeiras como a defesa da meia-entrada em eventos culturais, a luta por um transporte público de qualidade e contra os aumentos abusivos da tarifa de ônibus, a defesa de uma educação de qualidade e a organização da juventude em prol de uma sociedade mais justa, fizeram da UES uma referência no movimento social santareno.

A chapa TECENDO O AMANHÃ, composta por acadêmicos de várias instituições de ensino da cidade, se propõe a dirigir a UES e manter a tradição de luta de nossa entidade, fortalecendo-a para novas e antigas batalhas.
Organizar e mobilizar os estudantes das várias universidades e faculdades de Santarém é nosso objetivo principal, pois temos a convicção de que só com a união de forças é possível construir um movimento estudantil forte e atuante.

Confira as principais propostas da chapa Tecendo o amanhã:
1) Promover eventos como congressos e debates nas instituições de ensino da cidade, de modo a estimular o desenvolvimento de uma consciência crítica e de um espírito militante nos universitários santarenos, bem como fomentar a produção científica;
2) Incentivar a criação e a consolidação de entidades estudantis, como Centros Acadêmicos e Diretórios Acadêmicos, fortalecendo a luta estudantil;
3) Realização do Circuito Universitário de Integração e Arte (CUIA), visando estimular e valorizar as diversas atividades artísticas e culturais entre os universitários;
4) Continuar realizando os Jogos Universitários (JUS), como forma de incentivar a prática de esportes entre os acadêmicos e integrar a comunidade universitária;
5) Campanha por assistência estudantil em Santarém, cobrando do poder público a construção de Casas do Estudante, Restaurantes Universitários, Creches Universitárias e demais investimentos que garantam condições para que o estudante permaneça na Universidade;
6) Intensificar a luta pela meia-entrada em eventos culturais, direito do estudante que ainda hoje é desrespeitado em muitos locais, apesar da campanha “Sou estudante: só pago meia” organizada pela UES. É necessário fortalecer a luta por esse direito, através de Blitz culturais, fiscalização e denúncia aos órgãos competentes;
7) Luta contra os aumentos arbitrários das mensalidades e contra a cobrança de taxas abusivas nas universidades particulares;
8) Acompanhamento do processo de criação e implantação da Nova Universidade do Oeste do Pará (UFOPA), exigindo que ela venha para atender aos interesses da população local;
9) Campanha por um transporte público de qualidade, com linhas universitárias que atendam a todos os estudantes, aumento dos pontos de venda de passes estudantis, pagamento da meia-passagem em dinheiro, e controle do preço da tarifa;
10) Democratização das Universidades, proporcionando aos discentes a oportunidade de participar efetivamente das decisões institucionais e acadêmicas;
11) Oferecimento de assessoria jurídica aos estudantes, para atender as demandas dos universitários na luta pelos direitos estudantis;
12) Fomento à política de pesquisa e extensão universitária.

Essas são algumas das pautas de atuação da chapa TECENDO O AMANHÃ, que podem e devem ser acrescidas com outras reivindicações da classe estudantil. Para isso é importante a aproximação da UES com os estudantes, diretriz que nossa chapa seguirá em sua gestão.

Temos a certeza de que é necessário tecer um novo amanhã e superar a realidade em que nos encontramos, onde a educação é vista como mercadoria e deixada para segundo plano e a juventude é esquecida pelo poder público. Por isso nos colocamos à disposição do estudante para continuar na luta por uma sociedade mais justa.

domingo, 11 de outubro de 2009

Após a eleição da nova diretoria da UES no Congresso Extraordinário, que ocorreu no sábado passado (03/10/2009). A nova diretoria se reuniu na tarde de ontem (10/10/2009), para definir os cargos que os membros da nova diretoria.
Durante a reunião ficou definido que a nova diretoria será composta da seguinte forma:
Coordenação Geral:
Ib Tapajós
Fernanda Gomes

Secretaria-Geral:
Shirlei Simone

Tesoreira:
Sheila Braga

Diretoria de Esporte:
Deyvison Riccely
Kennedy Barbosa

Diretoria de Universidades Públicas:
Rômulo Serique
Vivaldo Germaque

Diretoria de Universidades Privadas:
Patrícia Borges
Ítala Nepomuceno

Diretoria de Comunicação:
Miguel Barroso
Arnoldo Andrade

Diretoria de Cultura:
Ingryd Daiana

Diretoria de Formação:
Ramom Santos
José Kennedy

Diretoria de Gêneros:
Heloise da Rocha
Suzane de Freitas

Diretoria de Assuntos Estudantis e Movimentos Sociais:
Mellaine Mendes
Adriano Pedroso


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