domingo, 30 de dezembro de 2012



A luta pela qualidade do serviço de transporte público em Santarém não é apenas - e somente - fruto de uma pauta específica de exigência dos direitos de categorias. Esta perpassa a percepção de uma sociedade cada vez mais democrática, capaz de articular a sociedade civil na participação do planejamento das políticas públicas, diluindo o burocratismo que hoje emperra e torna cada vez mais ineficiente, não somente o serviço de transporte coletivo, como uma extensa lista dos serviços públicos.
Neste sentido, a UES (União dos Estudantes de Ensino Superior de Santarém) convoca toda a categoria estudantil e sociedade santarena a cerrar fileiras na luta em defesa da permanência do congelamento a meia-entrada estudantil  em sessenta e cinco centavos nos ônibus.

Longe de ser um presente do poder público municipal, o congelamento foi um direito conquista nas ruas. O reajuste tarifário à passagem dos estudantes propostos pelo SETRANS vai de contramão não somente a vitória em prol de um transporte coletivo que atenda as demandas sociais da nossa cidade, como representa um arrocho na renda das famílias que dependem do transporte coletivo e que depositam na educação de seus filhos a perspectiva de um futuro melhor.
Em relação a um posicionamento que beneficie a ampla maioria fica evidente a omissão do poder público municipal, que é quem define o valor da tarifa. Nosso recado deve ser claro. Nenhum recuo em nossos direitos. Não ao aumento da tarifa estudantil!
No mundo inteiro a juventude se levanta e toma as ruas exigindo seus direitos. São novos tempos. Nosso atraso, quase secular, mostra a imprescindível necessidade de nos organizarmos e darmos um basta nessa política mesquinha, que faz do poder público um balcão de negócios.
Neste início de 2013, temos uma grande batalha a enfrentar. Não ao descongelamento da passagem estudantil! Esta representa nossa força para enfrentar a gelatinosa política de favorecimentos. Vamos todos à luta rumo a um 2013 digno de nosso esforço na construção de uma sociedade cada vez menos desigual.
 

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9174-4744 – Felipe Bandeira – coordenador geral da UES – gestão Todas as Vozes!
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sexta-feira, 21 de dezembro de 2012


Por Felipe Bandeira[i]
A carteira de identidade estudantil de 2013 da UES lança a campanha sobre a conquista do congelamento da passagem estudantil. Uma pauta histórica no movimento estudantil santareno, que  em 2008, através de várias lutas e forte mobilização conseguiu a conquista do congelamento em 65 centavos.
modelo carteira UES 2013

Sempre firme em defesa de um transporte público acessível, barato e eficiente em nossa cidade, a UES foi uma das grandes protagonistas na conquista ao congelamento de passagem estudantil. No entanto, este direito está sob ameaça e vem sofrendo intensos ataques.
Em matéria divulgada no jornal O Estado do Tapajós (edição de 14 de dezembro), afirma que o sindicato de transporte coletivo (SETRANS) ingressou na justiça pleiteando o descongelamento da passagem estudantil. O sindicato alega prejuízos de mais de 4,5 milhões de reais aos empresários por conta do “apadrinhamento” irresponsável que a prefeitura garantiu aos estudantes desde 2008. Em argumentações sustentadas em equívocos, os empresários tentam a todo custo empurrar goela abaixo um reajuste tarifário a população que na prática não acompanhará nenhuma melhora na qualidade do serviço. E aí estudante, você vai deixar isso acontecer?!
A principal característica do serviço ofertado em Santarém são as precárias condições deste - neste ponto em especial, a matéria não dedicou nenhuma linha. Não são poucas as reclamações de estudantes que são diariamente prejudicados pela ineficiência do transporte coletivo.
Hoje o usuário de ônibus arca com grande parte dos custos do serviço, deixando descoberta a responsabilidade do Estado, ao passo que aumenta o ranço empresarial por estimáveis lucros. Santarém é uma cidade em visível expansão urbana, e o transporte público não acompanha esse processo, colocando como pano de fundo a verdadeira necessidade de locomoção da população. Existem vários bairros – principalmente os periféricos - que não são assistidos com linhas de ônibus, e quando o são, o serviço é executado aos trancos e barrancos.
O presidente do sindicato, Washington do Vale, na mesma matéria, afirma que a tarifa cheia esta muito defasada e que cidades de médio porte como Santarém estão praticando tarifas entre R$ 2,50 e R$ 2,75. Uma descabível comparação, haja vista a renda da população santarena não suportaria tal reajuste. Cabe lembrar que quem é usuário de ônibus, como os estudantes, chegam a utilizar do serviço cerca de 4 vezes ao dia. O custo diário é de R$ 2,60, no mês R$ 52,00, sendo em média 2 a 3 estudantes por  família. Neste caso o valor saltaria para R$156,00, considerando a hipótese apenas de locomoção de casa para a escola/universidade e vice versa. Logo se percebe que este reajuste é incompatível com a renda do trabalhador de Santarém.
Neste fim de ano, os estudantes devem ficar atentos. Nosso recado é claro, Nenhum recuo em nossos direitos. NÃO a proposta de descongelamento da passagem estudantil! Vamos juntos cerrar fileiras nessa luta!




[i] Coordenador geral da UES, estudante de ciências econômicas – UFOPA, militantes Juntos! Juventude em Luta!

domingo, 16 de dezembro de 2012


Por Felipe Bandeira[i]
Não deixa de ser fato menos questionável a naturalização de ações arbitrárias do poder público em Santarém, como o recente caso de devastação de aproximadamente 190 hectares às margens do lago do Juá. Esta não é uma ação isolada, e vem conectada com forte processo de integração marginal da região ao capital nacional e internacional, essencialmente pautando o uso irracional dos recursos naturais, negligenciando os impactos sociais em detrimento da engorda das poupanças de grandes companhias nacionais e multinacionais como CARGILL, ALCOA, MRN, VALE, Buriti e outras. Este breve artigo tem como objetivo colaborar nas discussões acerca dos recentes casos de desrespeito à população santarena, enfatizando a importância da mobilização social como estratégia de contraponto ao ideário único do desenvolvimento a todo custo.
Os contornos gerais desse processo impactam profundamente a vida de cada cidadão. Quem não lembra das comunidades que permaneceram décadas sem energia elétrica, tendo o céu rasgado pelo “linhão” que passavam indiferentes por cima destas rumo aos projetos de extração mineral no sudeste do Estado.
As políticas públicas para a região, desde a década de 1960, trazem consigo a insígnia da modernização e do desenvolvimento como estratégia para respaldar empreendimentos ambiental e socialmente prejudiciais à Amazônia. Durante a ditadura militar, este processo ascendeu ao seu ápice, marcando profundamente a estrutura econômica e política da região.
Um papel importante de contraponto à reprodução deste modelo coube aos movimentos sociais organizados - como as Comunidades Eclesiais de Base - que empunharam a bandeira de luta a favor de justiça social, garantindo vitórias importantes, fortalecendo um projeto alternativo de sociedade. Neste sentido, a participação social nos conflitos, longe dos determinismos catastróficos que impregnam uma única via para a Amazônia, impõe a força política destes, mostrando a complexidade e especificidade dos conflitos.
A divisão social do trabalho coloca a Amazônia como base econômica primária, caracterizando a região como uma fronteira a ser conquistada. Na década de 1970 esse foi um discurso muito forte, caracterizando a região como um espaço vazio e pouco explorado. Por este motivo o governo implantou os planos de integração, agindo principalmente na aberturas de rodovias como a Transamazônica e a BR 163. Também foram incorporados a ação estatal incentivos fiscais, primeiramente para pequenos produtores, afim de trazer mão de obra para a região. Posteriormente, esses migrantes, grande parte nordestinos, foram integres a própria sorte, abandonados e sem nenhuma perspectiva de orientação, haja vista as dificuldades para produzir e comercializar seus produtos.
Traçadas novas metas, o Estado passou a induzir enormes vultos financeiros aos grandes projetos agrominerais como o poloamazônia com a justificativa de consolidar núcleos de desenvolvimento, caracterizado o efeito arrasto, quando os investimentos privados são impulsionados pelo Estado.
A partir da década de 1990, Santarém integra-se a fronteira do agronegócio com o plantio das primeiras safras de soja. Em 2002, com a implantação da Cargill houve um vertiginoso crescimento da produção de grãos. Os conflitos ganharam tônica com a acentuada valorização do mercado de terras, seguido da expulsão dos pequenos agricultores por conta dos conflitos rurais de grilagem e a conivência dos órgãos púbicos. Um exemplo emblemático é o caso do INCRA, que a partir de 2004 passa a ser superintendência regional se desmembrando da superintendência do Pará (SR-01), por conta de inúmeros casos de corrupção.
O Estado desempenha um importante papel, que longe de ser um instrumento unívoco de ação de determinado grupo, também não deixa de ser um agente que impulsiona a dominação econômica de grupos favorecidos, no entanto, esse aspecto também depende da luta política, dentro da própria institucionalização do Estado. O grau de desenvolvimento das lutas políticas e mobilização social, neste sentido, são relevantes como possibilidades de modificação da ordem. Traça-se desta forma a importância da luta política de correlação de forças dentro e fora do próprio Estado.
A estratégia de luta para a Amazônia deve ser a luta contra as grandes empresas, contra os projetos hidrelétricos, contra os grandes empreendimentos imobiliários que vão de encontro ao interesses da população. A consciência deve ser nossa principal arma, seguida de uma forte mobilização social, que reivindique para si a responsabilidade de pensarmos o caminho Amazônico do desenvolvimento.
O que aconteceu na área próxima ao Juá recentemente mostra que os movimentos sociais devem estar mobilizados para acompanhar o tempo dos mercados. Não foram poucos os que se assustaram com a velocidade imprimida na devastação daquela área. Agora a guerra deve correr a passos lentos na justiça, mesmo assim, a pressão social organizada e a luta política são essenciais para o fortalecimento da pauta do Juá.
Como já afirmei no inicio deste texto, não se trata de um caso avulso, o quadro de dominação se expande por todo o país e se apresenta de maneira muito específica na nossa região, no entanto, o poder de organização acompanha o poder de proposição e a responsabilidade de luta e transformação. Daí a importância dos sindicatos, associações de moradores, cooperativas, enfim, instituições que representem o avanço histórico da organização popular.
O sujeito coletivo não pode perder-se em reivindicações vazias e pessoais. Um momento importante da luta política é a “catarse” que marca a passagem do momento puramente egoísta para o da consciência coletiva. Esta deve ser a ponta de lança nos enfrentamentos.
Não se pode negar que os desafios são enormes ao passo que fica mais evidente a quem esta posta estas tarefas. Não se trata de uma ação de dezenas, pois enquanto não nos tornarmos milhares, estaremos em desvantagens contra os, que a custa de nossa desmobilização, nos saqueiam e violentam nossas gerações.


[i] Coordenador Geral da UES, estudante de Economia – UFOPA, militante Juntos! Juventude em Luta!

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012


Por Felipe Bandeira[i]
Os visíveis problemas sociais e ambientais da Amazônia - herança de um atraso secular atrelado ao passado colonial, assinalam um processo de intolerância e violência na região. Os erros antigos são profundamente consonantes com os atrasos atuais, caracterizando a esclerose coercitiva do poder público frente às demandas do capital financeiro, especulativo e imobiliário. Aliás, este tipo de relação, além institucionalizar a corrupção, acentua o lastro social da miséria no município.
Aos que apregoam que esses investimentos serão a vanguarda para o desenvolvimento da Amazônia, e que com essas iniciativas virão também mais oportunidade de emprego, não sabem que é de projetos como este que se fundam os bolsões de miséria nas periferias da nossa Santarém.
 Em 2002 quando foi instalado o porto graneleiro da Cargill - atropelando todas as legislações ambientais – não foram poucos políticos e jornalistas reacionários que abusavam da retórica do desenvolvimento como estratégia de dominação das representações simbólicas do conflito. No entanto, este dito desenvolvimento nunca chegou, e pelo contrário, o que se observa é o vertiginoso inchaço das periferias, decorrente do aumento da fronteira agrícola da soja na região, que desde 2002, contribui para expulsão de pequenos agricultores de suas terras.
O mesmo pode ser analisado com a implantação de grandes projetos como o Grande Carajás na região sudeste do Estado, que trabalha na perspectiva de extração dos minérios utilizando exaustivamente os recursos ambientais, degradando o meio ambiente, sem planejamento social que considere os povos da região. No Oeste do Pará, em Juruti e Oriximiná, também acontece um processo parecido, com a extração mineral da bauxita pela ALCOA e Mineração Rio do Norte, respectivamente.
A devastação da área do Juá, às margens da Avenida Fernando Guilhon para implantação de um bairro, é um exemplo cadente desta lógica de marginalização da população menos abastarda. Em 2009, quando um grupo de trabalhadores sem moradia, ocuparam aquela área, não tardou para a prefeita Maria do Carmo, mandar expulsar a bala homens, mulheres e crianças que ocupavam a área e lutavam por um pedaço de terra onde pudessem morar. Pouco tempo depois do acontecido, a Secretaria municipal de meio ambiente (SEMMA) liberou a licença de devastação as empresas SISA e Buriti, que na prática constituiu a certidão de óbito da área próxima ao lago do Juá.
Para piorar, a raposa cuidava das galinhas. O atual secretário municipal de meio ambiente, Marcelo Corrêa é membro da família - dita “proprietária” – das terras. Marcelo Corrêa, que nas atribuições de suas competências como administrador público, fez valer a máxima, “aos amigos as benesses da lei, aos inimigos a lei”.
A área devastada no Juá é de aproximadamente 190 hectares. O custo ambiental e social do empreendimento é repartido com toda a sociedade santarena, enquanto os lucros são severamente acumulados por pequenos grupos de privilegiados que se utilizam de articulações políticas para executar seus projetos. De acordo com a legislação, a licença ambiental para construção de uma obra desta envergadura é alçada do governo do Estado, no entanto, as dúvidas sobre o licenciamento pairam soltas e sem respostas, sendo questionadas, inclusive, pelo secretário Estadual de Meio ambiente, José Alberto da Silva Colares.   
Na última quarta feira (12/12) o Ministério Público Estadual ingressou com uma ação civil pública, solicitando a paralisação imediata das obras no local.
Esperamos que desta vez justiça seja feita.



[i] Coordenador geral da União dos Estudantes de Ensino superior de Santarém (UES) e militante do coletivo Juntos! Juventude em luta!
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