terça-feira, 8 de outubro de 2013

Por Felipe Bandeira[i]

Um milhão de indignados ocupam as ruas do Rio de Janeiro exigindo Educação de qualidade!


Não podem nos calar!
Se preciso gritamos com os ossos,
com os restos que nos sobram!
Terra em Transe, Glawber Rocha


Ontem (07), uma nuvem cinza cobria o rosto dos educadores, a fumaça inundava os olhos, bombas estouravam, havia nas ruas um cenário de guerra. Uma senhora limpava as lágrimas com as costas das mãos, tomou novo ar nos pulmões e continuou a gritar com vontade: Contra a força das armas, a força das ideias!

As manifestações no Rio de Janeiro por uma educação de qualidade mostram que a indignação de junho ainda ferve nas veias da população. Os protestos enchem as ruas de esperança e as ruas exigem mudanças.


O plano de Cargos, Carreira e Remunerações do prefeito Eduardo Paes é a rubrica do descaso e da falta de prioridade do governo com a Educação. A tentativa de desmonte, desqualificação do trabalho docente e precarização das escolas tornam cada vez mais a Educação como uma mercadoria. Com isso, o que deveria ser um direito fundamental transforma-se num nicho de mercado.

Sobre o Plano de Paes, como dizia um cartaz, trata-se de um plano de extermínio. A proposta foi votada com o plenário vazio contabilizando 36 a favor e 3 contras. Essa emblemática votação coloca em pé de igualdade a truculência do PMDB e PT, este último com vários vereadores favoráveis a proposta. Cabe lembrar que o vice-prefeito do Rio, Adilson Pires (PT), não soltou um “ái” a favor das mobilizações, ao contrário, faz malabarismo para manter intacto seu gabinete. Queria vê se recebesse salário de professor!

Em resposta ao ataque de Paes, os professores se organizaram numa das maiores mobilizações pela Educação nos últimos anos no Rio. A reposta veio rápido: Spray de pimenta, balas de borrachas, bombas de gás lacrimogêneo e muita cacetada. A truculência da polícia lembrou os anos de chumbo. Paes acompanhava tudo em estado de nostalgia!

O sete de outubro levou um milhão para as ruas contra a política de Educação de Eduardo Paes e Sérgio Cabral, como dizia o chamado no facebook. A realidade do Rio se repete em várias cidades. No Brasil, por exemplo, se destina quase metade do orçamento público para bancos internacionais e migalhas para a Educação - menos de 5% do PIB.

No entanto, essas políticas começam a ser questionadas pela população. Imagino a cara do Paes ao ver a indignação crescer na cidade maravilhosa: a testa empapada de suor, as mãos inquietas, os olhos esguios procurando respostas, a face atordoada. Deve pensar, que porra é essa!?


Ahh, o Rio continua Lindo!


 


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[i] Coordenador Geral da UES, estudante de Ciências Econômicas e militante Juntos!

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